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Clicks do Mês

CLICKS DO MÊS | De Picos, contamos a história de Jorginho, o músico que vê com o coração; veja ensaio!

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Jorge Ferreira Alves, um picoense do Maranhão. Em São Luis ele nasceu, mas foi no Piauí que construiu sua história e em Picos que sua carreira profissional começou e se consolidou. Hoje, aos 54 anos, ele mora na Capital do Mel, com a esposa Lindnalva Maria de Sousa.

Coragem, empenho e força de vontade são as marcas de Jorginho, como carinhosamente é conhecido. O músico, cantor e compositor, que possui deficiência visual, nunca se deixou vencer pelas dificuldades. Aquilo que seus olhos não permitem que ele veja, Jorginho enxerga com o coração.

No primeiro Clicks do Mês de 2020, o portal Cidades na Net foi até Picos para contar a história de talento e determinação do muito querido, Jorginho, que com orgulho, relatou um pouco de sua trajetória.

Jorginho nasceu com Glaucoma, problema hereditário, que o levou, com apenas 5 anos de idade, a uma sala de cirurgia, onde definitivamente, ele perdeu a visão. “Nasci com um problema hereditário de visão. Quando eu chorava e não sabia dizer o que estava sentindo a mãe pensava que estava com dengo, aí “metia a palmada”. Quando tinha um ano aí consegui dizer que sentia dor nos olhos e uns anos depois fui levado ao médico. Sofri até os 5 anos com dor nos olhos, indo em um médico e outro, até que um disse que eu teria que fazer uma cirurgia. Ele disse que a cirurgia ia adiantar minha cegueira, mas evitaria um problema maior e me livraria das dores. Então operei e fiquei cego”.

Após a cirurgia, apesar da perca da visão, Jorginho se sentiu mais aliviado. Passando maior parte do tempo em casa, o rádio se tornou seu companheiro diário e foi assim que o contato com a música começou.

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“Aos 6 anos, quando já estava mais aliviado, sem as dores, comecei a ter mais contato com a música. Como não tive infância de brincar com meninos na rua, meu brinquedo preferido se tornou o rádio, passava o dia todo ouvindo muita música. Fui crescendo e veio a vontade de aprender a tocar. Meu pai comprou um violão de brinquedo para mim e comecei uma paixão. Ele no começo queria que eu tocasse sanfona, chegou a comprar uma pra mim, mas eu vi que não era o instrumento que eu queria. Então com 12 anos de idade ele me deu meu primeiro violão, comecei a aprender tocar sem ninguém ensinar, não tive professor” disse.

Com muita força de vontade, Jorginho aprendeu a tocar e com 14 anos iniciou sua carreira. “Profissionalmente, comecei na música com 14 anos de idade. A primeira banda que toquei era fraquinha, mas eu tinha muita vontade de tocar. Mas vários grandes músicos também iniciaram nessa mesma banda, que chamava “Os meninos do Som”. Depois participei de outras bandas aqui em Picos, como Status, Elos, Impacto Musical”.

Tempos depois, já aos 32 anos de idade, Jorge foi para São Paulo e foi lá que iniciou uma carreira solo. “Quanto terminou a década de 80 fui para São Paulo. Morei 4 anos lá, tocava na noite. No começo foi difícil, mas depois tive que sair escondido, porque a pessoa com quem eu trabalhava não queria que eu saísse de lá. Lá em São Paulo foi que iniciei uma carreira solo e me descobri cantando também, porque apenas tocava. Então lá ganhei a vida tocando e cantando”.

De volta à cidade que aprendeu a amar, ele continuou sua carreira e foi se tornando cada vez mais querido pelos picoenses. “Quando voltei para cá comecei um dupla com Chagas Santos, que chamava página 2. Ficamos tocando por cerca de 5 anos e depois disso comecei a tocar sozinho, fazendo “freelance”. E aí, graças a Deus, cai no gosto da sociedade picoense. O pessoal daqui gosto bastante de mim, recomenda. Já participei de vários programas na TV Picos, no início fomos a banda de apoio que tocava para os calouros na TV Picos”.

Por sua trajetória, Jorge se tornou cidadão picoense pelo sentimento de pertencimento à cidade e por um título merecidamente recebido. “Alguns políticos, em especial meu amigo Simão Carvalho, acharam por bem me concederem o título de cidadão picoense. Já tinha muito orgulho de ser praticamente um picoense, então recebi esse título e foi uma grande alegria para mim, pois Picos é a cidade que me deu tudo, tudo que sou e sei adquiri em Picos. E em toda região sou querido, já visitei vários lugares do Piauí também e graças a Deus onde chego sou bem recebido. Hoje toco com Alvino Luz, mas quando não estou com ele toco sozinho, faço voz e violão nas casas noturnas aqui de Picos” disse.

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O menino, que sem professor, se tornou uma verdadeiro artista, hoje é um homem admirado por muitos. “Hoje tem pessoas que chegam para mim e dizem “eu queria tocar como você, ter pelo menos metade da prática que você tem”. Mas infelizmente não tenho como ensinar. Eu aprendi sozinho e toco da minha maneira, é um dom dado por Deus e agradeço a Ele por isso. Às vezes tem aquela pessoa que diz “meu Deus perdi minha visão o que vou fazer”. O que tem que fazer é procurar uma maneira de ter sua própria profissão, para que você ganhe seu dinheiro dignamente. Hoje tenho respeito das pessoas acredito porque toco, tenho um bom relacionamento com a sociedade, mas seu eu fosse uma pessoa com deficiência, sem nenhuma profissão, talvez, aos olhos do povo, não passasse de um coitado qualquer” falou.

No ano de 2018, Jorge passou um momento difícil. Ele sofreu um acidente e fraturou o braço. “Fui a roça de um amigo em uma segunda-feira e na volta quando a gente vinha no caminho da Lagoa Cumprida, em direção a Sussuapara, veio um carro de frente em alta velocidade e não teve tempo, então ele foi para o lado do acostamento, o carro tava com vidro aberto e meu braço bateu. Nisso tive uma fratura exposta, passei 3 meses internado, fui para Teresina, passei por quatro cirurgias no braço”.

Jorge contou que achava que não conseguiria mais tocar, mas no fim, com força e a ajuda de muitas mãos amigas, ele conseguiu vencer mais uma batalha. “Foi algo que pensei que não poderia tocar mais. Fiquei mais ou menos 8 meses sem tocar. No começo do meu tratamento tive ajuda do povo de Picos e aproveito até para agradecer. Nunca vou esquecer de todos que me ajudaram, seja financeiramente, com uma palavra de apoio, conselho, carinho, que confortaram minha família. Foi um período difícil, mas nunca desisti e estou aqui hoje para contar a história” finalizou.

O ensaio

Os CLICKS do ensaio de Jorginho foram realizados no estúdio do cantor Alvino Luz e no local conhecido como Mirante de Picos, localizado no bairro Aerolândia.

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Aqui registramos nossos agradecimentos a Vitorino Luz, Alvino Luz e Chagas Santos, pela colaboração.

Vejam os Clicks do Mês de janeiro:

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