MUNICÍPIOS
Polícia é acionada no Piauí após hospital entregar feto em caixa de papelão
Uma família da cidade de Jurema, a 581 km de Teresina, procurou a polícia para denunciar um suposto caso de negligência cometida no Hospital Regional Senador Cândido Ferraz, em São Raimundo Nonato, Sul do Piauí. Os parentes de uma gestante acusam o hospital de demorar no atendimento, o que teria causado a morte do bebê. Além disso, eles denunciam que o corpo foi entregue numa caixa de papelão.
De acordo com Simone Ferreira, cunhada da gestante, a mulher chegou ao hospital às 5h30 do sábado (7) em trabalho de parto e só foi atendida por um médico às 10h30 após muita reclamação da família. Somente no início da noite, a criança foi retirada já em óbito após a aplicação de medicamentos para a mãe expelir o feto.
“Colocaram ela (criança) dentro de uma caixa de papelão e não queriam sequer deixar nós e um rapaz da funerária abrirmos lá no hospital. Foi quando o rapaz pegou e levou para dar banho nela e colocá-la num caixão na funerária para não ser enterrada como cachorro”, disse Simone.
Segundo os familiares, na sexta-feira (6) a mãe havia se consultado e nada de anormal foi constatado na gravidez, sendo possível sentir os batimentos da criança. Os parentes contestam ainda a Declaração de Óbito expedida pelo hospital, informando que o bebê chegou morto, estando em estado de decomposição quando foi retirado da barriga da mãe.
Declaração de Óbito diz que feto já estava em decomposição (Foto: Arte/Adelmo Paixão/G1)
“Ela disse que sentia muito bem a criancinha batendo dentro da barriga. Era a primeira gravidez dela e até o enxoval já estava comprado. Ela sofreu muito nesse hospital e nós queremos justiça”, desabafou a cunhada.
O advogado da família, Pedro Ribeiro Mendes, condenou a atitude do hospital e disse que vai buscar a responsabilização criminal dos culpados pela suposta negligência. Segundo ele, a gestante sustenta que a gravidez estava normal e diz que o hospital está querendo se eximir da culpa afirmando que a criança já estava morta ao chegar.
“A informação que eles deram era de que o bebê estava morto há quatro dias, mas a mãe fez acompanhamento um dia antes e diz que estava tudo normal com a gravidez. E o pior: eu fui lá no hospital e a criança morta estava colocada em uma caixa de papelão, uma coisa desumana”, afirmou.
Um Boletim de Ocorrência foi registrado e segundo o advogado da família, o pai da criança já foi ouvido pela delegada Cíntia Vasconcelos, da Delegacia Regional de Polícia Civil de São Raimundo Nonato. O G1 tentou contato com a delegada, mas as ligações não foram atendidas. O feto foi enterrado no município de Jurema no domingo (8) e a mãe teve alta médica nesta segunda-feira (9).
Já a administração do Hospital Regional Senador Cândido Ferraz contesta a versão dos familiares e do advogado e afirma que a criança já estava morta na barriga da mãe quando chegou à unidade. Segundo o fisioterapeuta Vinícius Castro, da assessoria do hospital, todos os procedimentos foram devidamente realizados após a constatação de que tratava-se de criança sem vida. Ele também contesta a demora do atendimento.
“Ela chegou aqui às 5h30 e foi atendida às 6h. Temos todo o prontuário com os horários do atendimento. Ficou constatado na ultrassonografia que a criança estava morta e foi feito o procedimento para que o feto fosse expelido. A família tem que provar essa versão de que a criança estava viva no dia anterior”, afirmou.
Sobre o feto ter sido colocado em uma caixa de papelão, ele afirma que o procedimento é normal quando se trata de casos como esse.
“A gente não dispõe de caixões no hospital. Colocamos numa caixinha e entregamos para a família, aí ela decide a forma como vai enterrar, pois não vamos deixar o feto exposto no necrotério do hospital. Não deixamos nem a família e nem a funerária abrir a caixa porque estavam querendo tirar fotos do feto e isso é sensacionalismo”, rebateu.
Outro caso
No sábado (7), um recém-nascido também morreu no Hospital Regional de São Raimundo Nonato. Segundo a administração da unidade, o bebê nasceu bem, mas depois apresentou um quadro de insuficiência respiratória e morreu quando seria transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Teresina.
Fonte: G1
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