POLÍCIA

Motorista é acusado de dopar passageira, mas Uber vê contrariedade em relatos

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Em Teresina, a Polícia Civil investiga acusações feitas na internet contra um motorista de Uber, identificado como R.L.C.F. A investigação teve início após o próprio motorista ter prestado um Boletim de Ocorrência no 12ª Distrito Policial, nesta quinta-feira (03/10). O motorista alega estar sofrendo difamação por prints e áudios compartilhados no WhatsApp, que o acusam de dopar uma passageira, após pegá-la na faculdade Pitágoras, antiga Camilo Filho, na zona Leste de Teresina, na noite da terça-feira (01).

As acusações contra o condutor chegaram ao conhecimento público na noite da última quarta-feira (02). Conversas associadas à suposta passageira, identificada pela inicial A., afirmam que o homem tentou dopar a garota com uma  substância que teria a feito ficar tonta, sonolenta e confusa. No áudio de quase 4 minutos, a suposta vítima relata momentos de terror vividos dentro do veículo de transporte por aplicativo. Após sentir o cheiro forte, A. sentiu-se estranha e pediu que o motorista parasse o carro, conforme explica na gravação.

O condutor, no entanto, supostamente, ignorou o pedido. Ela conta que ele a encarava como se estivesse aguardando algo. A. afirma ter entrado em desespero e que tentou fugir pela janela do veículo. Nesse momento, o motorista teria parado o carro e tentado agarrá-la pelo braço. A suposta vítima, porém conseguiu escapar e se abrigou em uma farmácia. O motorista de Uber então teria fugiu do local, como acusou a passageira. Todo o caso teria acontecido na Avenida Jockey, próximo ao Banco do Brasil.

“Estudo a noite na Camilo Filho e ontem de noite pedi um Uber para voltar para casa. Até tentei cancelar a viagem duas vezes, porque ele ficava mudando a localização. Tentei cancelar, mas não cancelou. Ele falou que estava na porta, ok”, disse.

“Quando estava na Jockey, próximo ao Banco do Brasil, comecei a querer desmaiar. Um pouco antes comecei a sentir um cheiro muito forte e o banco estava molhado. E ele ficava olhando para mim, se virava para me olhar e olhava pelo retrovisor. Como se estivesse esperando alguma coisa. Então, comecei a cair, a ficar sonolenta. Achei estranho e veio na minha cabeça que eu deveria abrir o vidro e colocar a cabeça para fora. Foi quando estava chegando perto banco. Eu pedi que ele abrisse a porta e ele não abria, só ficava me olhando. Eu tava tentando pular pela janela quando ele parou o carro. Eu coloquei os pés para fora e puxei o ar fundo”, disse a estudante. 

“Quando eu me levantei, ele jogou a mão para me pegar pelo braço. Eu dei alguns passo para trás e lembro de ter perguntado “O que está acontecendo?” e dei alguns passos para trás, porque eu não conseguia correr. Foi ai que ele deu a volta e saiu no carro. Então, eu fui para a farmácia Globo e eles me acolheram, me deram água. Eu estava chorando muito”, contou.  

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O QUE O MOTORISTA DIZ

O motorista de Uber, R.L.C.F., procurou a polícia para prestar uma B.O por difamação ainda na manhã desta quinta-feira (03), informou o delegado titular do 12ª Distrito Polícial, Leonardo Canabrava, ao OitoMeia. Em conversas divulgadas por pessoas próximas ao condutor, ele teria afirmado que a cliente poderia estar drogada. Ele conta ter feito uma volta com a estudante no quarteirão, próximo ao Instituto Camilo Filho, quando percebeu que a mulher tentava abrir as janelas do veículo e aparentava passar mal.

O condutor alega ter perguntado se ela queria que ele baixasse os vidros da janela do carro ao vê-la agitada. Ao contrário do que a passageira relatou, o homem diz ter parado o veículo no momento em que ela pediu e que tentou ajudá-la. Na denúncia que fez a polícia, R.L.C.F afirma estar constrangido com as acusações. O homem confessou a amigos não estar podendo trabalhar devido ao suposto boato.

“Ela até me pareceu uma pessoa boa. A nota dela era boa. Eu peguei ela lá na Camilo Filho, fiz a volta com ela e a mulher disse que queria descer do carro, quando olhei para ela estava abrindo a janela do carro. Eu perguntei se ela queria que eu desligasse o ar. Ela ficou para o carro e disse que queria ajudá-la. Ela desceu do carro e fez que ia vomitar e saiu correndo”

Motorista disse à amigos que está sem trabalhar devido acusações (Foto: Reprodução)

CONTRADIÇÕES NOS RELATOS

À polícia, R.L.C.F negou as acusações de que o veículo possuísse qualquer tipo de odor. Ele também disse que tentou ajudá-la, porém ela correu em direção a uma farmácia. Em oposição ao que a estudante mencionou, ele contou que não fugiu e que a teria esperado por cerca de cinco minutos, mas a cliente não teria retornado.

O QUE A POLÍCIA DIZ

Este é B.O feito pelo motorista da Uber onde denúncia a passageira por difamação (Foto: Reprodução)

O delegado Leonardo Canabrava, responsável pela investigação do crime, informou à reportagem que o veículo de R.L.C.F foi periciado na manhã desta quinta (03). O inquérito deve ser concluído em 30 dias. O homem compareceu à delegacia por vontade própria, assim como disponibilizou o veículo para investigação. No momento, a investigação procura identificar a passageira para que ela possa prestar esclarecimentos.

Questionado pela reportagem, o delegado confirmou que a passageira não prestou nenhuma queixa contra o motorista no 12ª DP, até o momento. O OitoMeia também entrou em contato com a delegada lotada no departamento da Mulher, Tatiana Bandeira, que informou não haver registro da ocorrência em nenhuma delegacia de gênero da capital.

O QUE A UBER DIZ

Em nota ao OitoMeia, a assessoria da empresa Uber, afirmou que está apurando o caso e identificou contradições tanto nos relatos da passageira, quanto no que o motorista contou. A multinacional se colocou à disposição da polícia para qualquer esclarecimento e destacou que caso será elucidado pelas investigações.

Veja a nota na integra 

Esperamos que motoristas parceiros e usuários não se envolvam em conflitos e que contatem imediatamente as autoridades policiais sempre que se sentirem ameaçados. No caso específico, os relatos do usuário e do motorista parceiro apresentam contradições, que só poderão ser elucidadas pelas investigações. A Uber está à disposição das autoridades competentes para colaborar, nos termos da lei.

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Fonte: Oito Meia

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