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CAMPO GRANDE | Vereador anuncia adesão ao grupo do prefeito e discursos políticos predominam em sessão

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O vereador José Antônio da Silva, o irmão Del (PSB), como é conhecido, ocupou a tribuna da Câmara Municipal de Campo Grande do Piauí para confirmar sua aliança com o grupo político que atualmente administra o município, liderado pelo prefeito Francisco José Bezerra, o Dr. Tico (PP). O pronunciamento aconteceu na noite da última sexta-feira (13), durante da sessão ordinária.

Del exerce o seu segundo mandato de vereador. Nas duas eleições que disputou, em 2008 e 2012, pelo Partido Socialista Brasileiro, foi eleito no grupo político da família Ramos, na oposição. Agora, deixa a oposição e passa a compor a bancada de apoio do prefeito na Câmara.

A adesão, que já vinha sendo comentada nos bastidores da política, foi confirmada pelo próprio parlamentar em tom de desabafo. “Muitas pessoas, por desconhecer as coisas, falam asneiras pelas ruas, pelas casas ou em mesas de bares”, disse.  Del fez um relato de sua história na política, desde a primeira vez que votou, quando tinha 18 anos, segundo ele, a pedido da família Ramos, grupo o qual sempre acompanhou e fez parte, sendo candidato por duas vezes a vereador. “Mas em momento algum recebi um centavo de apoio para as minhas candidaturas, e nunca tive voto daquela família, por sempre tinham candidatos a vereador, e para prefeito, eram sempre eles”, afirmou.

Del criticou a falta de atenção dos ex-aliados. “Defendi meu grupo nesta Casa. Muitas vezes fui mal visto pelo prefeito da época, Baiá, por defender uma bandeira com unhas e dentes, quando eu pensava que essas pessoas também estivessem comigo para que desse e viesse. O que na verdade foi diferente. Pensei uma coisa, e aconteceu outra. Chegou o governo Wilson Martins, quatro anos de governo, todos tiveram oportunidade de trabalhar e o vereador Del nunca teve. Pensei que ia ganhar alguma coisa, ou a credibilidade dentro do grupo, mas infelizmente, era só passado pra traz. Isso foi entristecendo, me decepcionando, dentro do próprio grupo”, disse.

O vereador afirmou que sai do grupo com a cabeça erguida e lamentou as críticas que tem recebido. “Eu seria um sem vergonha, um covarde ou corrupto, se eu tivesse desfrutado de tudo dentro do partido, e no final tivesse dito não. Mas não foi isso o que aconteceu”, pontuou. Em seu pronunciamento, Del afirmou que é eleitor do prefeito Dr. Tico. “O vereador Del e a minha família, digo meu pai, a minha mãe, dos meus irmãos, da minha esposa e da minha sogra, que reside comigo, nós somos eleitores do prefeito atual nas próximas eleições”, declarou. Sobre seu futuro, disse não ter certeza se disputará uma nova eleição e que poderá apoiar a candidatura de alguém da família, deixando claro que pretende deixar o PSB, sem perder o mandato.

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O discurso do vereador Del norteou os demais pronunciamentos na tribuna. Os demais oradores repercutiram a decisão do parlamentar e também abordaram as movimentações políticas no município.

O vereador Manoel Rubens (PTB), aliado do governo municipal, elogiou o pronunciamento do vereador Del e destinou grande parte do seu tempo na tribuna para enaltecer a gestão do prefeito Dr. Tico. Para tentar enaltecer o seu aliado, o parlamentar tomou como base até mesmo as obrigações do gestor municipal, como o pagamento em dia dos servidores municipais. “Isso é capacidade de gerenciamento de gestão”, disse. Rubens destacou, ainda, a aquisição da sede própria da Prefeitura Municipal e a aquisição de uma van para transporte de pacientes em busca de tratamento de saúde. “São essas coisas que vão mudando a realidade do município”, disse. Em outro momento, o parlamentar dirigiu elogios a si próprio, citando sua gestão na presidência da Câmara. “Sou um gigante trabalhador”, disse, disparando contra os que lhe criticaram e o acusaram de corrupto quando teve o seu mandato cassado pela justiça. “Eu venci todos os obstáculos e mostrei que sou capaz”, pontuou.

O vereador Martinho Belchior (PSB) repercutiu as matérias aprovadas no primeiro expediente e trouxe à tribuna as reclamações de moradores que tem sofrido com o acúmulo de água nas ruas da cidade. Em seu pronunciamento, esclareceu sobre seu posicionamento político no município e chamou de boato e baixaria os comentários que circulam a seu respeito. “Tem uma meia dúzia de pessoas que parece que pessoas que ganham para sair nas ruas inventando mentiras, inventando fuxicos para a população”, disse. Martinho disse que tem sido frequentemente questionado sobre sua posição política e ouvido insinuações de que ele teria se aliado ao grupo do prefeito. “Não sou mercadoria para ser vendida. Fui eleito por pessoas que acreditaram no meu grupo, no meu partido e em mim para defender Campo Grande”, pontuou.

Martinho afirmou que se mantém na oposição ao governo municipal. “Sou do PSB e vou continuar no meu grupo. […] Pode ter certeza que continuo em meu lugar. Serei a mesma pessoa, o mesmo batalhador”, disse. Assim como fez o vereador Del, Martinho também declarou voto ao ex-prefeito e médico, Dr. Elias Ramos nas próximas eleições. “Nós estamos coligados com o grupo do ex-prefeito Baiá e no tempo da campanha teremos sim um candidato para disputar as eleições”, disse.

O vereador Junior de Chico Osmira (PSB), também se pronunciou e dirigiu críticas aos comentários sobre a política no município. Ele também acredita que existem pessoas sendo pagas para espalhar mentiras e confundir a opinião da população. Na tribuna, Junior afirmou que se mantém na oposição. “Quero esclarecer para a população de Campo Grande que eu sou do grupo do 40 e que nós temos um pré-candidato a prefeito, Dr. Elias Ramos. Com ele eu enfrento as eleições para ganhar ou perder. Estamos preparados para tudo”, disse.

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O vereador disse na Câmara que recebeu a informação que o prefeito teria dito que as pessoas de quem tem mais raiva no município são ele, Junior, e no vereador Quirino Bezerra [presidente da Câmara]. “Quero só dizer a ele [prefeito] que eu não tenho medo de dinheiro, medo do poder.  Serei candidato a reeleição contra o perfeito de Campo Grande. Vou levantar a bandeira do 40. Se der certo essa coligação vamos enfrentar juntos com o ex-prefeito Baiá e o povo é quem vai decidir quem será o candidato da eleição”, declarou. Ao final, Junior disse respeitar o posicionamento e a decisão do vereador irmão Del.

O vereador Benedito Pedro de Oliveira, o Pilé (PTB), disse estar envergonhado com o que tem acontecido no município em torno da política. Segundo ele, o que está acontecendo no município é uma politicagem baixa. “As pessoas não estão se respeitando. Estou no meu terceiro mandato e nunca tinha visto tantos comentários, estórias tão horrorosas como as que estão cirtulando em nosso município. São coisas que não levam a nada. O pior, estão falando da vida particular das pessoas, algo que não diz respeito a ninguém. A vida particular de cada um é sua”, disse.

Pilé criticou o pronunciamento do vereador Rubens em tentar enaltecer a figura do prefeito Dr. Tico na tribuna. “Fui vereador do município nos oito anos em que meu irmão Baiá foi prefeito do município, e nunca foi precisei ocupar a tribuna da Casa para listar as benfeitorias da gestão dele. Muita gente tá cuspindo no prato de comeu”, disse, acrescentando que não se pode comparar os recursos de cada gestão. “Não podemos fechar os olhos para o que foi feito naquela época, que foi muito, diante do recurso que se tinha naquele tempo. A cada quatro anos as prefeituras vem se estruturando mais e dando aos prefeitos melhores condições para trabalhar”, disse, comparando que na gestão de seu irmão com a atual. Segundo ele, naquela época, todos os carros do transporte escolar eram alugados. “Hoje o município tem uma frota de ônibus que gera uma economia de 70% dos recursos. Para se fazer uma estrada se gastava um absurdo. Hoje se tem as máquinas para fazer, que o município gasta apenas para abastecer. E no meu modo de ver, não estão trabalhando correto. Algumas estradas estão precisando ser feitas”, disse.

Outro ponto abordado pelo vereador foi sobre os comentários à cerca do patrimônio de sua família. “Se tivéssemos saído com frota de carro e muito dinheiro, hoje estávamos sendo chamandos de ladrão. A verdade é essa. Se estamos sem dinheiro, é porque fomos honesto”, disse. Pilé fez menção a memória de seu pai, Pedro Donécio. “Queria que ele estivesse vivo entre a gente, mas Deus chamou ele. Mas não se enganem. Ele não levou nada não. Tudo o que ele tinha, ainda hoje tem, ele deixou, e muito. Isso é pra muita gente calar a boca e parar de ficar falando besteira”, disse, fazendo mais críticas aos métodos políticos do grupo que administra o município. “Política não é fuxico, mentira, poder, é ter a oportunidade de estar ajudando as pessoas. O que estão fazendo não é política, é algo nojento. É perseguição”, pontuou.

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