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POLÍTICA

Investigações no BNDES podem levar a um novo ‘petrolão’

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Quando prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, há dois meses, o ex-ministro Antonio Palocci deu a entender que poderia abrir o bico e revelar muito do que sabe e fez na época em que era governo. E avisou: com as novas informações, a Lava Jato teria pelo menos mais um ano de trabalho. Talvez a Lava Jato nem precise se preocupar com uma possível delação de Palocci: o que se vislumbra como revelação no “caso BNDES” pode render mais que um ano de trabalho. O BNDES pode se transformar em um novo “petrolão” – o escândalo em torno da Petrobrás, pedra fundamental da Lava Jato.

Três episódios direcionam a atenção para o BNDES, o banco estatal responsável pelo financiamento de empresas e projetos de desenvolvimento.

1) as delações da JBS, empresa que multiplicou-se às custas de financiamento do banco e em troca de propinas;
2) o requerimento para criação da CPI para investigar os empréstimos do BNDES;
3) o pedido de demissão de Maria Sílvia Bastos, a presidente do banco.

O uso do BNDES como instrumento de financiamento de projetos – digamos – polêmicos era tema de conversações Brasil afora. Há muito tempo. Mas o detalhamento da instrumentalização do banco para fins escusos ficou evidente com as delações da Odebrecht, colocando Lula, Dilma e Guido Mantega no olho do furação.

O dinheiro do BNDES financiou obras em pelo menos 11 países, dinheiro que era repassado para empresas como a Odebrecht, que cuidavam de transferir uma parte para aliados políticos do governo brasileiro, à época comandado pelo PT. Marcelo Odebrecht foi minucioso ao relatar o esquema de corrupção, envolvendo desde o marqueteiro João Santana até presidentes outros países, passando ainda por pratas da casa, como o ex-ministro Mantega.

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O mesmo Guido Mantega torna a aparecer nas delações de Joesley Batista, o mandachuva da JBS. Segundo o relato do empresário, a relação da JBS com Mantega começou em 2005, quando ele ocupava a presidência do BNDES. Mesmo depois, quando foi para o ministério da Fazenda, seguiu dando as ordens no banco, alimentando a estreita e rentável relação com Joesley: de cada financiamento que a JBS recebia, uma suculenta comissão de 4% ia para onde o ministro definisse.

E não é pouco dinheiro, numa soma de bilhões de Reais. Para se ter uma ideia da importância da relação da empresa com o BNDES, desde 2005, a JBS passou de um faturamento de R$ 4 bilhões para R$ 170 milhões. Isso sem falar a propina distribuída.

Tudo esse rol de falcatruas foi suficiente para que o senador Roberto Rocha (PSB-MA) pedisse a criação de uma CPI sobre o BNDES. O requerimento já foi lido pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). E deve dar muita dor de cabeça aos governantes dos últimos 12 anos. Incluindo Michel Temer.

O pedido de demissão de Maria Sílvia Bastos tem uma explicação que só chegou à mídia de maneira informal: ela não aceitava a imposição do governo para aprovar “certos empréstimos”. Esse tipo de pressão significa que, mesmo com a casa pegando fogo, a turma de Temer seguia comprando gasolina.

Todo esse combustível deve alimentar fartamente uma CPI sobre o BNDES. Se as informações que correm nos corredores brasilienses forem ao menos parcialmente confirmadas, o BNDES tem tudo para ser uma nova Petrobras. Quer dizer: a CPI do BNDES pode revelar um escândalo tão gigantesco como o “petrolão”.

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Um escândalo que pode dar mais um ano de trabalho à Lava Jato. Ou a uma nova operação que venha cuidar só desse poço fundo de corrupção.

Fonte: Cidade Verde

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