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POLÍTICA

Júlio César diz que sofreu ‘muita pressão popular’ para apoiar impeachment

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A revista Veja fez uma reportagem que detalha como está sendo a rotina do deputado federal Júlio César (PSD) nos dias que antecedem a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Em entrevista a um repórter da publicação semanal, o parlamentar afirma que decidiu votar a favor do processo contra Dilma por conta do extremo desequilíbrio nas contas públicas e na economia brasileira, que culminaram no aumento do desemprego, na queda da renda das famílias e no endividamento da população.

Segundo Júlio César, ele só tomou seu posicionamento após conversar com a própria presidente da República, com o vice Michel Temer (PMDB), com o governador Wellington Dias (PT) e com os prefeitos piauienses que são seus aliados.

O deputado reconhece, ainda, que sofreu “muita pressão popular” para se posicionar favoravelmente à destituição da presidente.

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Júlio César também detalha que argumentos usou para justificar ao governador Wellington Dias sua decisão de votar a favor do impeachment. “Tínhamos que tomar uma decisão, e a decisão foi aquela que a maioria queria. Foi aquela que mais me convenceu, de votar pelo impeachment da presidente Dilma […] Conversei muito [com o governador Wellington Dias], ponderei, mostrei a minha dificuldade, a pressão psicológica que estavam fazendo os meios de comunicação, os agentes sociais, e eu não tinha outro caminho. Decidi com a maioria, mas acima de tudo segui com convencimento de que o melhor caminho a tomar foi apoiar o impeachment da presidente Dilma”, destaca.

O deputado do PSD também afirma que pesou em sua decisão o fato de representar um Estado que votou maciçamente em Dilma. “Levei isso em consideração, e inclusive eu estava apoiando a presidente. Mas era talvez o único caminho que eu tinha a seguir. Além de ter o convencimento, era a pressão popular, e nós acompanhamos aquilo que é mais racional”, destacou.

Por fim, Júlio César afirma que teve conversas francas tanto com a presidente quanto com o vice. “Conversei com ela, conversei com o vice-presidente, conversei com vários ministros. Tenho o melhor relacionamento [com todos]. Não estou aqui jogando pedra em ninguém, mas estou aqui publicando o que me convenceu, que é votar no próximo domingo em favor do impeachment […] Nenhum dos dois [Dilma e Temer] fizeram apelo. Queriam apenas me ouvir, e eu apresentei os problemas do Brasil. Dei algumas sugestões tanto pra um quanto pra o outro. Porque ela pode ganhar e continuar, e ele pode ganhar e fazer um Governo sucessor dela. Então, tem uma responsabilidade muito grande […] Aquele que assumir, ou se ela continuar, se não tiver a mão de ferro não conserta o Brasil”, conclui Júlio César.

Confira a íntegra da reportagem publicada no site da revista Veja:

O deputado Júlio César (PSD-PI), de 67 anos, é um dos doze parlamentares indecisos que definiram seu posicionamento em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff nas últimas horas. Decidiu nesta sexta-feira apoiar o afastamento de Dilma.

A situação de Júlio César é simbólica. Com passagens pela Arena, PDS, PFL e DEM, deixou a árdua tarefa de fazer oposição aos governos do PT num Estado do Nordeste em 2011, com a fundação do PSD pelo agora ex-ministro das Cidades, Gilberto Kassab. Júlio César está num partido que nasceu governista e de última hora aderiu ao impeachment; votava com o governo em cerca de 80% das ocasiões; representa um Estado pobre, governado pelo PT e onde Dilma venceu com folga as eleições, tanto em 2010 quanto em 2014.

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Integrante da comissão especial do impeachment, ele faltou na segunda-feira à votação do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), desfavorável a Dilma. Dizia que não sabia como votar.

Procurado pelo site de VEJA na quarta-feira, se recusou a gravar entrevista. Caminhava a passos rápidos e aflitos nos corredores do Congresso. Não escondeu a razão: disse que não tomaria nenhuma decisão sem antes conversar com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a pedido do chefe do Executivo local. O petista é um dos integrantes da tropa de governadores que passou a semana em Brasília e tenta influenciar o voto dos deputados in loco.

“Eu sou amigo do Wellington, temos o melhor relacionamento. Mas penso no povo que me trouxe para cá, no desajuste das contas, num Brasil diminuído, que precisa dar um choque na economia. Se Dilma continuar, ou o Michel assumir sem mão de ferro, não conserta o Brasil”, diz o deputado. Ele pondera que a economia se deteriorou e o país perdeu graus de investimento muito rapidamente, assim como a arrecadação se degradou.

Júlio César passou a semana sob pressão de cerca de trinta prefeitos aos quais é ligado politicamento no Estado. Esses prefeitos, por sua vez, também são cobrados pelo governador. Ele repete que “não recebeu nenhuma oferta” nas conversas recentes, mas o partido pleiteou a uma partilha dos cargos federais no Piauí e participação do governo Wellington Dias a partir de 2014. O PSD era coligado aos adversários do petista no Estado, mas depois da eleição se aproximou do governador eleito.

“Foi a decisão mais difícil da minha vida política. Foi pressão demais. Estou livre”, desabafou a um colega de bancada.

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Na mesma quarta-feira em que aguardava um contato de Dias, Júlio César conta que se reuniu pessoalmente com Dilma e ministros da articulação no Palácio do Planalto. Na quinta, foi bater à porta do vice-presidente Michel Temer. Disse que nenhum dos mandatários fez apelos – apenas queriam ouvir suas razões.

 

Fonte: Portal O Dia, com informações da Veja Online

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