POLÍTICA

PP de Ciro Nogueira entra na Justiça no Piauí para impedir montagem de candidatos com Bolsonaro

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O Partido Progressistas, presidido nacionalmente pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ingressou com ação na Justiça Eleitoral Piauiense para impedir a circulação de uma montagem com a imagem de pré-candidatos apoiados pelo PP no Piauí ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a representação do partido, “isso porque o atual Presidente da República (…) possui altíssimo índice de rejeição em pesquisas mais recentes”.

O PP está ao lado de Bolsonaro na eleição presidencial. Mas na eleição para o governo do Piauí apoia Silvio Mendes, do União Brasil. Em março, Mendes declarou que não subiria no palanque de Bolsonaro. O PL, partido do presidente, tem candidato próprio no estado.

Na imagem original, aparecem Ciro Nogueira, Iracema Portela (PP, ex-mulher de Ciro, deputada federal e pré-candidata a vice-governadora na chapa com Silvio Mendes), Silvio Mendes (pré-candidato a governador pelo União Brasil) e Joel Rodrigues (pré-candidato ao senado federal pelo PP). Na montagem, foi incluída a imagem de Bolsonaro.

A imagem diz respeito ao convite para um evento de correligionários que ocorreu em Floriano em 3 de junho.

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Conforme a representação do PP à Justiça, protocolada em 2 de junho, produzida pela advogada Geórgia Nunes, “tal edição, Excelência, é notável fake news, na medida em que o represente busca vincular, através de edição de imagem, a figura do Presidente ao evento em questão, que frise-se, não guarda qualquer relação com as eleições a nível federal. E a tentativa de associação tem um propósito: o atual Presidente da República, que também se apresente como pretenso candidato à reeleição, possui altíssimo índice de rejeição em pesquisas mais recentes”.

O documento diz ainda: “A intenção do representado, portanto, ao compartilhar a aludida montagem, é atrair a rejeição para o representante, valendo-se para tanto do compartilhamento de imagem falsa, o que é vedado pela legislação eleitoral”.

Conforme a decisão, que indeferiu o pedido após desistência do próprio PP, não havia “elemento reconhecível como propaganda eleitoral negativa extemporânea nas alegações do representante”. O PP desistiu da ação posteriomente.

A ação do partido foi movida contra um servidor público estadual que divulgou a montagem em um grupo de WhatsApp e alegou nos autos do processo que não sabia se tratar de uma montagem falsa.

Ele teria dito ainda, conforme documento disponível no TRE, que, “ao receber a postagem e encaminhá-la para aquele único grupo de WhatsApp, (…) não tinha conhecimento de que havia sido feita montagem com a foto do Presidente da República”, informou a defesa de Alex Muller.

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Ainda conforme a a defesa, “não há qualquer prova nos autos de que o representado sabia que aquele card era ‘inverídico’. Ao contrário, todas as circunstâncias levam ao entendimento de que aquela postagem era factível, verdadeira, caindo por terra qualquer alegação de que o representado tenha difundido fake news, pois não houve divulgação de fato ‘sabidamente’ inverídico”.

Geórgia Nunes, advogada do Progressistas no Piauí, afirmou ao g1 nesta sexta-feira (29) que a ação não tinha objetivo de desvincular a imagem do presidente dos candidatos, e sim de esclarecer uma falsificação no convite a um evento.

“Não houve ação para proibir a circulação de imagens dos candidatos ao lado do presidente. Houve uma falsificação do convite de um evento, uma fake news. Isso que foi questionado naquela ação específica. Ele falsificou a arte do evento para divulgar a presença do presidente. (A ação foi) para apagar o post falso. Como o evento já passou, ela perdeu o objeto”, disse em nota.

Ciro aposta em palanque duplo no Piauí

Ministro Ciro Nogueira apoia candidaturas da oposição no Piauí: Silvio Mendes (à esq) e Coronel Diego (à dir) — Foto: Montagem: Reprodução e Andrê Nascimento/g1

No Piauí, Ciro Nogueira é o grande articulador da oposição ao governo do Piauí, sua base eleitoral. No estado, ele tem sob seu comando duas candidaturas com o objetivo de tirar o PT do poder, já que o ex-governador, Wellington Dias, concorrerá ao Senado e tenta fazer o seu sucessor.

Apoiador fiel de Bolsonaro nos últimos anos e um dos líderes do Centrão, Nogueira investe no ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (União Brasil), nesta eleição. Tanto que sua ex-mulher e correligionária, a deputada federal Iracema Portela (PP), está como vice na chapa.

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Outro movimento ocorreu dentro do Partido Liberal (PL), atual sigla do presidente Jair Bolsonaro. O ministro foi responsável pela candidatura do coronel Diego Melo, que há até pouco tempo era do Patriota e migrou para a sigla bolsonarista. Antes, Ciro indicou a jornalista Samanta Cavalca para ser presidente estadual do PL –com o aval de Bolsonaro.

Coronel Diego foi oficializado como candidato ao governo do estado na última sexta-feira (22) e a convenção contou com a presença do ministro Ciro Nogueira e da senadora Eliane Nogueira (PP), mãe do ministro. Ela assumiu vaga como senadora após a licença de Ciro para ocupar o ministério no governo Bolsonaro

Ciro Nogueira durante convenção do candidato do PL ao governo do Piauí

Há outras manobras para derrotar o ex-governador Wellington Dias (PT), que apoia a candidatura do petista Rafael Fonteles ao Palácio de Karnak, e do próprio Dias, que concorre a uma vaga no Senado. Nogueira trouxe para a primeira suplência de seu pré-candidato ao Senado Joel Rodrigues (PP), um pré-candidato do PDT. Charles da Silveira é correligionário do candidato à presidência da República Ciro Gomes.

Polarização

Assim como no âmbito nacional na disputa entre Bolsonaro e Lula (PT), líderes das pesquisas de intenção de voto segundo o Datafolha, no Piauí também há polarização. Especialistas afirmam que os candidatos locais têm foco nos dois representantes nacionais para alavancar suas campanhas.

“Ciro Nogueira e o PP , Wellington Dias e o PT se colocam em lados antagônicos e, consequentemente, as candidaturas apoiadas por eles. Não há como uma disputa estadual se desvincular inteiramente da disputa presidencial”, diz o cientista político Vitor Sandes.

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Vitor conta que, desde 1994, as eleições nacionais e estaduais “são ‘casadas’, ou seja, elas ocorrem ao mesmo tempo. É estratégico para os candidatos presidenciais mais competitivos ter palanques nos estados e, diante disso, os vínculos dos políticos e dos partidos nos estados com os presidenciáveis acabam sendo evidenciados”, afirma.

O cientista destaca que o PT tem uma candidatura completamente alinhada a Lula no Piauí, mas o principal candidato do ministro Ciro Nogueira, que é Sílvio Mendes, tenta “estadualizar” o pleito por conta da rejeição local a Bolsonaro.

Candidato ao Senado Wellington Dias e o candidato ao governo Rafael Fonteles — Foto: Illana Serena/g1 Piauí

“Do lado da candidatura vinculada ao Bolsonaro, temos a do PL, uma candidatura tipicamente bolsonarista, do ponto de vista da agenda moral. Do outro, temos uma candidatura apoiada por Nogueira e com a participação direta do PP, que são umbilicalmente vinculados politicamente ao governo Bolsonaro. Considerando a rejeição do presidente no estado do Piauí, a estratégia de Mendes será se desvincular de Bolsonaro, buscando, ao máximo, estadualizar o pleito. Ou seja, evitar que o debate presidencial influencie o debate no âmbito estadual”, disse Sandes.

Terceira via

Para o cientista político, uma terceira via é impossibilitada em eleições majoritárias pela concentração de votos em poucas candidaturas. Contudo, a situação não impede o surgimento de forças políticas.

“Ainda assim, essas possíveis alternativas têm dificuldade de se organizar e angariar apoios, considerando que a maioria ou se vincula ao lado governista ou àquele que mais possui a capacidade de opor ao grupo que está no poder, sobrando pouco espaço. Ainda há outros limitantes, como o fato de que alguns acordos nacionais (como, por exemplo, aqueles que levaram à formação de federações) levaram a composições e ao enfraquecimento de forças políticas que se colocavam como alternativa”, analisou o pesquisador.

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Fonte: G1 PI

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