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Confira o resumo dos 100 dias de Wellington Dias no governo do PI

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Wellington Dias parece mais cansado, mas isso não o impede de ainda se portar com naturalidade, confiança e um certo carisma nos intermináveis rituais protocolares do cargo. O governador do Piauí já bateu a marca de 100 dias de governo em outras duas ocasiões. A terceira, particularmente, traz como simbolismo a tentativa de organização das frágeis finanças do Piauí, polêmicas de articulação política envolvendo outros Poderes e um pungente tema que permeou os primeiros três meses de gestão: o combate à violência.

Com um início de governo enfrentando turbulências econômicas, inscrição do Piauí na divida de convênios com o Governo Federal, o Cauc, além de derrotas em disputas políticas na Assembleia Legislativa do Piauí e na Associação Piauiense de Prefeituras Municipais (APPM), Wellington coloca em xeque nesse mandato seu capital político acumulado ao longo dos últimos anos.

Violência e luto, choques na vida particular

O choque da violência urbana batendo na própria porta e a perda de um ente querido, figura de referência na vida do governador também vão tornar os primeiros 100 dias de 2015 marcados na memória afetiva de Wellington Dias. Ele perdeu o segurança da família, um policial militar que foi alvejado com um tiro na cabeça no dia 06 de fevereiro. A ação ocorreu quando o PM avistou os elementos tentando praticar um assalto. Ao tentar evitar o crime, os bandidos reagiram e acertaram três disparos contra o homem identificado como Francisco das Chagas Nunes, soldado de 43 anos.

No último dia 18 de março, a polícia prendeu um homem identificado como Júlio Vieira Bastos, de 20 anos, acusado de envolvimento na morte de Francisco das Chagas Nunes. O filho de Wellington Dias, Vinícius Dias – que é acadêmico do curso de Medicina – esteva no momento do crime e tentou, inclusive, fazer os procedimentos para salvar a vida do segurança. “A violência, infelizmente, se tornou uma doença nos últimos anos e precisa ser combatida com muito rigor. Ninguém está imune a uma tragédia desta natureza, mas o dever inevitável diante desse e qualquer outro caso é reforçar ainda mais uma luta incansável contra a bandidagem”, disse Wellington, em Nota.

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Joaquim Antônio Neto, mais conhecido como Joaquim do Félix, pai do governador Wellington Dias (PT), foi sepultado por volta das 10h30 do último sábado (21/03) na cidade de Paes Landim, Sul do estado, a cerca de 300km da capital Teresina. O corpo de Joaquim foi velado na casa da família de Wellington, em sua cidade natal, desde a noite de sexta-feira, a pedido dos próprios familiares e amigos mais próximos. O próprio governador compareceu e recebeu apenas alguns amigos, familiares e personalidades da política local e da região.

“Meu pai era um homem muito simples e ensinou os filhos a batalharem e a lutar pelo que acreditam. Ele foi um homem muito amoroso e já estava tendo lapsos de memória, morava no bairro Renascença, em Teresina, mas pensava que estava em Oeiras”, afirmou Dias. Joaquim Antônio Neto, 79 anos, mais conhecido como Joaquim do Félix. Ele estava internado na UTI do Hospital Prontomed e a causa da morte seria insuficiência respiratória provocada por pneumonia.

Reforma Administrativa já foi tentada nos outros dois governos de W.Dias: de volta à estaca zero

“O governador Wellington Dias entregou à Assembléia Legislativa um projeto de reforma administrativa que prevê a extinção de dez secretarias e o corte de salários de quem ocupa cargos comissionados e toma outras providências”. Pode parecer que a reforma referida no trecho acima diz respeito à 2015, mas o texto é de 2004, ainda no primeiro governo de Wellington Dias. Três vezes no comando do Executivo e três vezes tentando implementar reformas sob o argumento de enxugar a máquina pública ainda não foram capazes de proporcionar resultados efetivos para as contas públicas.

Ainda em 2004, Wellington extinguiu dez secretarias, mas em uma reforma seguinte trouxe novamente órgãos já extintos.

Relação com Lula é mais forte que contato com Dilma

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Em comum com a presidente Dilma Rousseff, Wellington Dias tem apenas e inegavelmente o mesmo partido, o PT. No mais, o principal canal do governador no governo federal tem sido o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. De concreto, Wellington ainda não conseguiu mais do que promessas do Governo Federal além das já protocolares visitas à Brasília.

Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Se Wellington Dias e Dilma Rousseff são dois lados da mesma moeda – o primeiro sabe tecer costuras de apoios políticos via bastidores, a segunda patina para ser apoiada até pelos próprios aliados – Lula entraria na equação como um espelho daquilo que Dias pretende ter: um legado para chamar de seu.

Sem maioria, Wellington Dias vira o jogo na Assembleia

Wellington Dias perdeu em um primeiro momento ao indicar o deputado Fábio Novo (PT) como candidato a presidente da Casa, mas no fim das contas, a vitória de Themístocles Filho (PMDB) tornou-se também a vitória de Wellington, que não vê – nem de longe – algum tipo de oposição nos cabelos brancos de Themístocles.

Foto: João Alberto/ O Olho

A oposição ainda não testou Wellington Dias e nem dá sinais de que pretende fazer isso. Não colocou nenhum projeto importante e contrário aos interesses do Governo em votação. Mesmo que perca numericamente, pode fazer barulho, como é o caso da oposição ao prefeito Firmino Filho (PSDB) na Câmara Municipal: reduzida, polêmica, capaz de barrar projetos e se fazer ouvir. Wellington, nem de longe enfrenta algo parecido na Assembleia Legislativa do Piauí.

Parceria com Firmino é mais discurso e pouco fato

Não é segredo que o tucano Firmino Filho busca o apoio político do governador Wellington Dias até o pleito do próximo ano. O problema é que a coligação informal com o PT encontra resistências no ninho tucano, sem falar dos próprios petistas. Em um momento onde a popularidade da presidente Dilma Rousseff está em baixa e o PT se vê no âmbito federal em seu momento de queda vertiginosa de popularidade, tanto Firmino como Dias parecem usar arreios. Não serão interesses pessoais de Wellington e Firmino que irão eliminar a divisão marcada por décadas de acirramento político. Depois, não adianta cobrar coerência e dizer que é o eleitor que não sabe votar.

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Foto: João Alberto/ O Olho

Wellington Dias e a paciência revolucionária

Em seu terceiro mandato, Wellington Dias pegou o governo só o oco e os caburés comendo dentro. A herança maldita foi deixada por seus antecessores, Wilson Martins e Zé Filho. No início do mandato, foi induzido por maus assessores a tomar partido na eleição da APPM contra Alírio Leal, que venceu a disputa. Em seguida, o prefeito Firmino Filho fez pressão para ele entrar na barca furada de competir contra o PMDB de Themístocles Sampaio e companhia na disputa pela presidência do palácio Petrônio Portela. Tais assessores e o prefeito de Teresina tiraram o corpo fora de assumir o ônus das derrotas. Coube a Dias assimilar os dois golpes recebidos abaixo da linha da cintura. 

Com as finanças do Estado na maior liseira, o petista correu atrás para, como ele costumar dizer, “trocar o pneu com o carro andando”. E para realizar tal façanha, que não causa estardalhaço na mídia, precisou mostrar um baita jogo de cintura. Conseguiu, em tempo record, tirar o Piauí da Serasa do Governo Federal, passando a ter direito a novamente receber os convênios feitos com o Planalto Central. Em seguida, negociou habilmente com o Tribunal de Contas a retirada do cálculo das despesas o pagamento para aposentados e pensionistas. Foram boas ações para acionar o motor emperrado da máquina administrativa.

Quando tomou pé da situação financeira-administrativa do Piauí, Dias colocou as mãos na cabeça. O rombo no cofre, a quase anarquia no cronograma dos órgãos públicos eram e, infelizmente, continuam sendo desesperadores, para dizer o mínimo. Com poucos quadros disponíveis, foi preciso uma mobilização de técnicos competentes comandados por Rafael Fonteles e Franzé Silva para conseguir o mínimo de organização nesses dois setores. Os resultados, ainda que tímidos, começaram a aparecer. Eles ainda não têm maior visibilidade devido à queda no fundo de participação. E vai ser assim durante os próximos anos.

O maior líder petista ainda tem um contencioso politicamente incorreto para resolver. Como pretende profissionalizar com um perfil técnicos alguns setores vitais da administração, vem enfrentando resistências, inclusive dentro do PT. Essas ilhas de resistência formam um grande arquipélago que atinge em cheio a relação com outras siglas partidárias. Principalmente as que deram apoio durante a campanha da volta ao palácio de Karnak. As agremiações da base aliada vêm causado entraves na disputa por cargos, principalmente no segundo e terceiro escalações.

Uma dificuldade enfrentada por Wellington tem uma explicação suprapartidária. Ele ainda não conseguiu montar uma base aliada na Assembleia Legislativa. E para isso não vem contando nem um pingo com a ajuda dos parlamentares petistas, sedentos por poder na estrutura da Assembleia Legislativa, inclusive a presidência da Casa. Mostrando toda a sua conhecida habilidade em dialogar, inclusive com adversários e opositores, foi buscar o apoio do sempre pragmático PMDB. E pensar que essa elogiável visão política tem sido criticada por alguns analistas como um erro.

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Foto: Beto Marques/ O Olho

O terceiro mandato tem suas consequências, algumas positivas e outra nem tanto. As cobranças são inevitáveis; e elas vêm acompanhadas de comparações com o primeiro e segundo mandatos. E, o que é pior, com quem o sucedeu no Karnak: Wilson Martins e Zé Filho. O primeiro foi um desastre em forma de irresponsabilidade ao realizar – às expensas do erário estadual –  obras que deveriam ser pagas com verbas federais. O segundo foi uma tempestade de nove meses, dos quais dedicou 3 meses a tirar de Marcelo Castro a candidatura ao governo; e os outros 6 a uma campanha bisonha para concorrer com Wellington Dias.

É possível mudar a realidade caótica de um Estado em apenas uma centena de dias? A resposta é óbvia até para os opositores mais ferrenhos, aferrados a um ódio antipetista.  Alguns deles, pensando nas próximas eleições, ficam cegos e surdos a quaisquer argumentações contrárias aos seus pontos de vista cegos ideologicamente. Por que não esperar pelo menos um ano, vá lá que seja, seis meses para uma avaliação das ações administrativas e políticas do executivo estadual? Para eles é confortável, rende mídia e, consequentemente, votos, a politicagem rasteira do quanto pior melhor, não verdade?

Uma banda – ou seria um bando? – da imprensa piauiense é radicalmente contra o PT e ataca Wellington Dias babando de ódio. Não é verdade, Francisco Magalhães? Estou mentindo, Zózimo Tavares? Diga sim ou não, Arimatéia Azevedo? É isso mesmo, Cláudio Barros? Tá rindo de quê, Efrém Ribeiro? E há muitos outros desse mesmo naipe nos portais e rádios, tevês, revistas e jornais. Alguns agem por irresponsabilidade ou busca de notoriedade em forma de audiência. E outros – cala-te, boca – por interesses escusos, ou, será?, por serem inocentes úteis de outras causas politiqueiras de outros palácios da cidade.

Há razões sim para esperarmos muito desse novo governo Wellington Dias. E podemos fazer isso com senso crítico, com as cobranças sempre necessários. Mas também tendo o bom senso de reconhecer as ações e obras realizadas. Afinal, W. Dias sabe que precisa, para sobreviver como maior liderança política do Piauí, fazer um terceiro mandato que supere todas as qualidades dos dois primeiros, sem repetir os erros anteriores, e, principalmente, apresentando inovações em termos de administração pública. Calma, cem dias é muito pouco tempo. Paciência, com diria um militante de esquerda, é uma qualidade revolucionária. E PT saudações.

CONFIRA AS FRASES DE WELLINGTON DIAS QUE MARCARAM OS PRIMEIROS 100 DIAS DE GOVERNO:

“A situação do Piauí é grave, mas quem tem Deus no coração não tem medo de desafios e não se abate com as dificuldades”, frase dita durante discurso de posse no dia 1º de janeiro no Palácio de Karnak.

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Queremos evitar os erros das gestões anteriores, pois faltou até merenda escolar em algumas escolas do Estado”, disse durante entrevista à imprensa durante evento no Karnak.

“Quero começar o governo fazendo o dever de casa, coisa que faltou na gestão passada”, declarou durante solenidade de posse do posse do novo comandante da Polícia Militar, Carlos Augusto, no dia 5 de janeiro.

“A melhor resposta é a do povo”, disse em entrevista à imprensa após ser questionado sobre as críticas do ex-governador Zé Filho (PMDB).

A Agespisa é uma espécie de esqueleto que está lá no armário e de vez em quando aparece”, declarou ao visitar a obra de construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) na zona Norte de Teresina.

“Da minha parte só tenho gratidão”, limita-se a dizer o governador ao ser questionado sobre as críticas que recebeu do ex-senador João Vicente Claudino.

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“A falta de planejamento foi a responsável por toda essa situação de caos”, critica Wellington ao se referir a gestão do ex-governador Zé Filho (PMDB).

“Eu não o julgo. Ele (José Martinho) é uma pessoa que sempre trabalhou comigo como qualquer outra pessoa. O problema dele é com a Justiça”, disse ao ser questionado pelos jornalistas sobre a nomeação do primo envolvido no Caso do R$ 180 para a secretaria de Governo.

“Sim coloco minha popularidade em risco”, disse em entrevista exclusiva ao O Olho direto de Brasília, sobre as medidas impopulares tomadas nas primeiras semanas de governo.

“Não vou dar uma de Papai Noel nomeando de qualquer jeito”, declarou o governador ao ser questionado sobre a demora em fazer nomeações no início do governo.

“Se tivesse (influenciado) Fábio teria ganhado”, disse o governador ao ser questionado se a interferência do governo foi decisiva para derrota de Fábio Novo na disputa pela presidência da Assembleia.

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Ainda é desafiador. Aquilo que planejamos para o primeiro trimestre está bem encaminhado”, declara Wellington ao ser questionado sobre qual avaliação faz dos 100 dias de governo.

““Não pretendemos renovar os decretos de emergência”, afirmou o governador após 90 dias de emergência em cinco áreas consideradas fundamentais.

“Uma única ministra não pode barrar a distribuição do dinheiro dos royalties do pré-sal para todo o país”, disse sobre a divisão dos royalties do pré-sal antes de se reunir com a ministra do STF, Carmen Lúcia.

“Vamos seguir os modelos implantados no passado que deram certo”, diz Wellington sobre reforma na Agespisa.

Não podemos perder mais tempo. O Estado precisa voltar a funcionar”, declarou ao anunciar a retomada de obras paradas no estado.

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Reconhecemos que passamos por um período de congelamento de salários, mas assumo a responsabilidade de melhorar a qualidade de vida dos servidores com melhores salários”, declarou ao prometer melhores salários aos servidores municipais.

Vamos sim participar das discussões para a sucessão no TCE-PI”, disse ainda no início da discussão.

É próprio e exclusivo do parlamento fazer essa discussão”, afirmou depois de pressão dos deputados que não aceitam a interferência de Wellington

Meu pai era um homem muito simples e ensinou os filhos a batalharem e a lutar pelo que acreditam”, disse durante velório do pai em Teresina.

“Foi um ato de coragem”, disse sobre o pedido de demissão do ex-ministro da Educação, Cid Gomes (PROS).

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“Como os deputados e alguns governadores aumentaram os próprios salários é algo natural”, frase dita ao tentar justificar a medida que aumentará seu próprio salário de R$ 17 mil para R$ 26 mil.

“Tem ideia para tudo”, responde Wellington Dias sobre pedidos de impeachment contra ele

“Entre as 10 mais honestas do país”, afirma ao defender a presidente Dilma Rousseff (PT) das acusações de que teria se beneficiado com casos de corrupção.

“Meu partido tem amadurecimento e humildade para saber que não se faz nada sozinho”, disse Wellington sobre aproximação com a oposição.

“Fiz um apelo a ele, para que repensasse a atitude tomada, e como resposta ele me disse que iria examinar”, declarou após Fábio Novo renunciar ao cargo de líder do governo na Assembleia Legislativa.

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“Situação econômica é complicada”, afirmou ao defender a presidente Dilma Rousseff (PT) de ataques e pedidos de impeachment

Se um ministro diz algo que não corresponde com as necessidades do povo brasileiro é nosso dever reagir”, afirmou ao criticar as medidas do ministro da fazenda, Joaquim Levy

 “Vamos agradecer por tudo que ele fez ao povo piauiense”, afirmou ao se reunir pela primeira vez depois de eleito com o ex-presidente Lula (PT)

“Poderemos realizar novas mudanças na base”, disse logo após expulsão do deputado Evaldo Gomes (PTC)

“Vamos cumprir as nomeações dos secretários que já foram anunciadas anteriormente”, mudou de opinião após repercussão negativa da expulsão de Evaldo Gomes da base.

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Desejo boa sorte a ele”, afirmou ao responder as críticas do deputado Evaldo Gomes após o parlamentar ter sido expulso da base

Foto: Thiago Amaral/ O Olho

 

 

Fonte: O Olho

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