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ENTRETENIMENTO

POEMAS | ‘Rosa que falam’, por Dr. Solon Reis

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Rosas são flores generosas
De muitas fragrâncias e beleza
Outras de natureza geniosa
Por vezes agem com malvadeza
Uma destas em minha vida
Foi o que jamais pedi.

Mas tropecei-me numa rosa
Que chegou-me de forma atípica:
Pediu-me encaminhamento,
Uma guia com urgência
Para tratar-se na capital ou outra região
Pedia clemência:
O problema é de coração!

Pedi paciência, pois não sabia do que se tratava.

Ora, estava de cabeça fria,
Pois assim me preparava todo dia
Para lidar com doentes, num bairro indagável!
Ao pedir que me trouxesse exames para autorização aviar
Pedi também que lá fora
Esperasse, enquanto,
Outras pessoas passava a examinar.
Qual o quê!
De chato fui chamado e de chato fui tratado,
Inicialmente, em tom de brincadeira
Não agi com desespero!
No mesmo tom respondi
E a palavra devolvi!

Ah! Para quê? Meu irmão!

Rosa esqueceu o decoro,
Saltou com pedras na mão:
Mandando chamar o esposo valentão!
Não sei a quem confiava
Ao topar o desafio
Não estava mais ali
Isto foi minha valia!
Surpreso entrevi,
Estava diante de uma pessoa Totalmente desgovernada!
E o problema só começava ali!
Esqueceu o socorro médico
E partiu em peregrinação
Em rádios e televisão
Teve cobertura de sobra
Sobrando para mim,
O cheiro de ovada
Mal cheirosa e malograda!
De tudo fui acusado!
E o que me pareceu pior:
Pela mídia não fui procurado,
À exceção de quatro ou cinco linhas,
Num jornal da cidade.
Conhecendo minha índole
Só a igreja não a acolheu.
No mais, tudo se arrefeceu
Pela mídia condenado
Fui julgado à revelia
Vítima de um abaixo assinado
Ajuntado noite e dia.
Recebi do delegado
Queixa-crime
E ao juiz fui enviado:
De injúria e difamação
Por rosa fui acusado.
Estou aqui na justiça
Após um ano ou mais
Para dar a minha primeira versão.
Sequer consegui
Uma só testemunha
Com argumento de medo
De sofrer retaliação
Pois na verdade
Aquele bairro
É antro de boca de fumo
E drogatização.

Acionei o sindicato
A quem devia recorrer
Pois sou um trabalhador
Sempre cumpri meu dever.
O sindicato falhou
Com este seu cooperado
Ferindo toda uma classe
De médicos em seu trabalho.
Tentaram me transferir,
Alegando proteção,
Obediente tentei,
Com festa fui recebido,
Mas te juro,
trabalhar não consegui!
37 anos de carreira,
Uma história de serviço
Entre sol, vento e poeira
Abracei o meu ofício.
Aguardo solução
Do Senhor Juiz de Direito
Para com este poeta
Que até ontem dormia
Inocente de pai e mãe.
Conquanto e por tudo sei,
Que o ofício é sagrado
Mas uma decisão já tomei:
Do estado estou aposentado
Deixo a rede municipal,
Saio de cabeça erguida!
Pedi demissão!
Que a política e o carnaval
Dê ao povo guarida.
O salário já faz falta
Para pagar a faculdade
Da minha filha caçula,
Colega de profissão!
Agi de cabeça quente
Em consequência dos fatos
A pressão me fez chegar
A outra via de fato!
E bem melhor refletindo
Não entrei pela cozinha
Sou concursado, mereço
Vou lutar, a causa é minha
Dirijo-me ao Magistrado
Ou ao prefeito Kleber Eulálio
Pois sou um pai de família
Que precisa do salário
Para formar sua filha.
Requeiro reintegração
Com ela meus honorários
Limpe a honra do cidadão
Que se acha temerário.

Poeta não bate e nem mata,
Só faz pensar com ardor
E se morre, é apaixonado
Pela missão que abraçou.

Fizeram-me antecipado
Uma proposta a pagar,
1500 fraldas,
Para o processo encerrar!
Vixe Maria, Deus me livre,
Vou minha inocência provar!
E a peça é este poema
Que Deus me fez alçar.

Dia 25 deste (depois de amanhã) será o dia,
Do julgamento,
Uma rosa para as Rosas
Um beijo à essa mídia irresponsável e pavorosa!
Deus nos abençoe
Até lá,
O que Deus quiser,
Será.

José Solon de Souza (Solon Reis)
Médico, Titular da Sociedade Brasileira de Urologia.
Escritor, Membro da Academia de Letras da Região de Picos.
Músico, Inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil

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