ENTRETENIMENTO

Larissa, personagem de Grazi Massafera, mora em cracolândia de Teresina

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Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos dias foi a excelente interpretação da atriz e ex-modelo Grazi Massafera na novela global Verdades Secretas. A cena que deu o que falar, e foi recheada de elogios, mostrava a atriz sendo violentada em uma cracolândia. Massafera interpreta na novela uma viciada em crack. Durante o folhetim televisivo foi mostrado como ela chegou ao “fundo do poço”. Chocou a transformação e como foi física e psicologicamente se deteriorando, tudo de maneira meteórica.

Talvez você não saiba mas Larissa, personagem que Grazi Massafera deu vida e quase morte na novela, mora em Teresina.

Ela existe e, vez por outra, bate no vidro de nossos carros ou, toda esfarrapada e quase moribunda, pede alguns trocados por aí. Sem querer, toda fedorenta e mais parecendo um zumbi dos filmes de terror B, ela topa com a gente.

Larissa é uma das tantas viciadas em crack que perambulam por Teresina. Foto: Reprodução TV Globo

Larissa é uma das centenas de mulheres que diariamente parecem esqueletos ambulantes e perambulam pelas ruas, esquinas e cracolândias da cidade. Sim, temos várias delas em Teresina, a maioria quase na cara da sociedade, mas escondida pela hipocrisia social. A mesma sociedade que elogia a atuação de Grazi Massafera e esquece de bradar pelos viciados em crack. Uma epidemia social que só é lembrada quando algum amigo ou parente é vítima dos viciados.

Quem mora nas cracolândias de Teresina faz parte da invisibilidade social. Esses não aparecem no Facebook. Suas vidas não são lembradas. Até quem os ajuda, com tentativa de atenção ou até de fornecimento de alimentação, é acusado de enxugar gelo. Eles só aparecem no noticiário policial.

As dezenas de viciados em crack habitam barracos que mais parecem residências de ratos. Terminam sendo seres de “quinta categoria” que mais usam drogas do que comem. Até o albergue que antes os acolhia às noites, no Centro de Teresina, hoje é um terreno baldio.

Homens e mulheres que um dia tiveram casas. Mulheres que engravidam e, mesmo com buchão, usam inconsequentemente a droga. Seres que se prostituem por conta de um pouco da “pedra”, termo que dá apelido à droga que vicia no primeiro consumo. Muitas delas portadores do vírus da Aids.

 E muitas vezes imploram trocados para comprar mais drogas. Foto: Reprodução TV Globo

São seres que fingem ser flanelinhas, que perambulam por sinais de trânsito e que, às vezes, cometem pequenos roubos. Muitos há tempos não são mais cidadãos. Poucos lembram de suas origens ou têm documentos em mãos. A pedra os consumiu. Continuar vivendo não é objetivo para muitos.

Parabéns à Grazi Massafera, mas parabéns também quem tiver a coragem de debater o tema. Pois, mais cedo ou mais tarde, o crack baterá à nossa porta. Em forma de vício para algum conhecido, amigo ou parente ou então algum zumbi pedindo algum trocado para comprar mais crack. E aí?! Vai fazer o quê? Achar que o problema é do outro?

Só repressão não basta. Mas deve existir. Só o assistencialismo não basta. Mas eles devem ser atendidos. Só dar comida não basta. Mas eles merecem nosso amor. Só reclamar, aí é que não basta, pois, sem documentos, sequer votam e sequer são massas de manobra em período eleitoral.

Brasil se emocionou pela ficção. Mas vira as costas para o problema epidêmico do crack . Foto: Reprodução TV Globo
Fonte: OOlho

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