GERAL
Agora evangélica, Stephany Absoluta diz: “Eu estava no picadeiro de um circo”
Published
9 anos agoon
Direto de Inhuma-PI – No sítio com fachada de clube, um grupo de senhoras de cabelo arrumado, blusas passadas e saia no joelho aguardam sentadas em frente a um palco ornamentado e vazio. Atrás dele, de vestido rendado e longo está a anfitriã da noite: Stephany Absoluta. Ela dá entrevista à TV Fama antes do evento começar. Tem algo nas mãos, não é um CD, nem microfone. É um livro cujo título, descubro depois: Bíblia da Mulher.
Estamos em Inhuma, cidade onde a artista cresceu e viveu, a 254 km de Teresina. O cenário lembra uma quermesse – barraquinhas, lâmpadas improvisadas e pessoas arrumadas para assistir ao “Culto de Consagração do 1º CD Stephany Absoluta – A escolhida por Deus”. Sim, a cantora “linda e absoluta”, converteu-se ao evangelho e agora faz parte da Assembleia de Deus de Belém.
Em um ano, Stephany trocou as roupas do figurino sexy (desenhado pela sua mãe, Nety), por vestidos e saias comportados. Abdicou da carreira de shows e apresentações na televisão em nome de “cruzadas” – viagens para cidades e igrejas da ordem evangélica. É, agora, o que chamam de “missionária”.
“Eu renunciei tudo”, diz a cantora sobre seu novo estilo. “Mesmo tendo tudo, eu sentia um vazio dentro do meu coração. Andei por tantos lugares e não consegui me preencher”, revela, cinco anos após estourar na internet com o vídeo “Eu sou Stephany”. A versão da adolescente para “A Thousand Miles”, de Vanessa Carlton, teve milhões de acessos, críticas e consequências.
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Stephany tinha apenas 17 anos quando tudo aconteceu. Ela seguia os passos da mãe, Nety França, que criou as duas filhas costurando e cantando em bandas de forró no interior do Piauí. Aos oito anos ela cantou pela primeira vez e Nety reconheceu na filha um talento. Passou a a incentivá-la a seguir carreira musical. Elas duas produziram, com a câmera de um celular, o clipe que foi parar na internet em 2009.
Foi um estouro, e naquele ano a menina participou de vários programas de TV – chegou a ganhar o automóvel, que para ela era representação de poder e auto estima (o do clipe era emprestado), no palco do Caldeirão do Hulk. Cantou com Preta Gil, teve seu hit disparado em trios elétricos de Salvador por Cláudia Leite e virou cadeira cativa no programa da Eliana, no quadro “Famosos do Youtube”. Mas o “sucesso” de Stephany sempre veio assim, acompanhado de aspas.
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A veia religiosa, de algum modo, não é tão novidade. Setphany conta que aos 12 anos cantava em corais de igreja levada por sua mãe. As aventuras que viveu a bordo do seu Crossfox ficaram para trás e são julgadas por ela, hoje, como momentos de pura aflição. “Naquele período da minha vida eu estava no picadeiro de um circo”, afirma emocionada. “Deus me tirou dali”.
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Uma vez convertida, o próximo disco que lança esse mês é de música gospel. As 14 faixas, compostas por ela, são frutos de uma experiência transcendental. “Eu tinha acabado de gravar a novela ‘Cheias de Charme’ e estava me sentindo muito perdida”, revela. “Eu dormia em quartos de hoteis por aí, longe da minha família, preocupada em pagar as contas. E o Espírito Santo de Deus me mandava em sonhos essas canções”.
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A família toda de Stephany, desde que passou a viver em ponte-aéreas de shows e apresentações pelo Brasil, vive do seu trabalho. “Isso fez eu pensar muito, antes de tomar essa decisão. Eu liguei para minha mãe e ela me apoiou”, diz a cantora. “Recebi muitas críticas, muitas pessoas passaram a não gostar e comentar coisas sobre minhas roupas, mas acredito que os verdadeiros fãs, aqueles que gostam de mim de verdade, entenderam minha decisão”.
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Assim como a carreira artistica, a religiosa segue em família. De carona com Stephany, a irmã, Ariele (ex- Ari Loba), com quem chegou a gravar um CD, também converteu-se a Assembleia de Deus. Ela administra as redes sociais da irmã.
O terreno da família é amplo e bastante conhecido na região “das baixas”, em Inhuma. A casa é simples, mas ao fundo esconde um palco e área com piscina. O espaço que antes sediava shows de forró e outras festas “mundanas”, agora é cenário de um culto evangélico toda primeira sexta-feira do mês. É ali que Stephany ajoelha com a mão sobre a bíblia, o novo disco, e chora diante de centenas de fiéis. Passada a “consagração”, ela canta duas novas canções e anuncia que o disco estará a venda. Só Deus pode julgar.
TESTEMUNHO VALIOSO
A mudança radical na vida de Stephany pode ter relação com a chegada de Márcio França a família. Paulista e filho de pastor, casou-se com Nety mas prefere não datar o envolvimento. O padrasto, no entanto, revela que conheceu Stephany aos 16 anos – curiosamente o período que ela despontou no Youtube. Hoje, é ele que cuida da agenda e da produção do disco gospel.
De segunda a segunda eles viajam em uma SW4 plotada – a nova fase de Stephany mereceu novo ensaio fotográfico, com roupas mais discretas. “A escolhida por Deus” e “Deus proverá” compõem o layout.
Stephany participa de eventos em igrejas por todo o Nordeste, como missionária – ela conta sua história de vida e revela como “encontrou Jesus”. “Como ela viveu durante alguns anos no mundo secular, consegue contar com o coração como se sente hoje voltando a glória de Deus”, diz Márcio. “O testemunho dela é valioso”.
ABSOLUTA?
Stephany não acredita que a nova religião fechará portas em sua carreira. “Nada é impossível para Deus, e também não quero defender religião, apenas revelar as pessoas o que ele fez na minha vida”, observa. Ela diz que vai continuar produzindo clipes e rebate críticas sobre a permanência do codinome “absoluta” – questionaram na internet porque alguém que se diz crente adjetiva-sa assim. “Eu sou filha de Deus, ele me fez linda, perfeita, maravilhosa, não vejo o menor problema em reconhecer isso”.
NO MEU CROSSFOX
Os exóticos clipes de Stephany, juntos, já somam mais de 100 milhões de visualizações no Youtube. É quase impossível ver um modelo Crossfox na rua e não lembrar do seu hit-paródia.
Fonte: O Olho
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