POLÍCIA
Morte de professor dificulta investigação sobre existência de milícia em Castelo do Piauí
Published
9 anos agoon
A Corregedoria da Polícia Militar do Piauí perdeu uma das fontes que ajudaria e contribuiria para a investigação a cerca da existência de uma milícia no município de Castelo do Piauí. Palco de uma das maiores tragédias dos últimos anos, a cidade ainda convive com o medo e a insegurança.
O professor José Roberto foi o responsável por ter formalizado diversas denúncias contra o PM Elias Júnior, apontado como mentor do estupro coletivo ocorrido na cidade. Em uma das entrevistas concedidas aos O Olho ele afirmou ter participado de uma milícia junto com o PM na cidade.
“Tinha conhecimento sim, sabia que era crime”, disse. Milícia é a designação que se dar para um grupo de cidadãos comuns, armados que atuam com poder de polícia, mas não são vinculados as forças armadas.
Desde que teve o nome citado em uma reportagem veiculada pela TV Band, o professor passou a buscar uma forma de provar sua inocência e decidiu falar sobre as diversas condutas criminosas que estavam sendo praticadas em Castelo, algumas delas ligadas ao PM Elias Júnior e membros de sua família.
Após ser divulgada a informação de que a família do PM possuía uma empresa particular de segurança e que obrigava os moradores a contratarem os serviços, um dos filhos do PM identificado como Ronaldo Mota, tratou de fraudar um dos documentos e colocou o nome de José Roberto como sendo o proprietário da empresa.
A informação foi desmentida pelo próprio PM, que em depoimento na Corregedoria e em entrevista à TV Meio Norte confessou que a empresa era de propriedade de um segundo filho, Romário Mota.
José Roberto citou ainda outra fraude que supostamente teria ocorrido em um concurso público de Castelo. Ele confessou que realizou a prova no lugar de um ‘familiar’ do PM Elias Júnior. O caso nunca foi investigado e nem comprovado.
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O professor morreu na manhã deste domingo (04/10) em Teresina vítima de um câncer. Nem ele mesmo sabia que portava a doença.
Após diversas denúncias de populares, o Comando Geral da PM do Piauí decidiu transferir o militar para Campo Maior, cidade distante quase 100 Km de Castelo. Indignado com a transferência, Elias Júnior passou a usar uma rádio clandestina que é gerida pelos filhos para intimidar e ameaçar desafetos e populares. Informações de moradores dão conta de que alguns fatos eram criados para gerar a sensação de insegurança na cidade. A ideia seria de fazer com que os moradores de Castelo pedissem sua volta para o município, fato que não ocorreu.
No dia do estupro coletivo, outro fato revelado dias depois intrigou moradores e o Comando da PM. Elias Júnior foi o primeiro agente da segurança pública a chegar ao Morro do Garrote, local da barbárie.
Sem ter nenhuma testemunha que possa ter presenciado os crimes, Elias Júnior apreendeu o menor Gleison Vieira, de 17 anos, e o levou para casa ao invés de levar para a delegacia local. Só então o menor entregou os demais responsáveis pelos crimes.
Após esse episódio Elias Júnior teve de ser transferido para o QCG em Teresina para que a Corregedoria da PM pudesse apurar seu envolvimento na barbárie e as denúncias de incitação ao crime e a violência em Castelo do Piauí. Após sua transferência a população de Castelo se disse aliviada. Isso foi constatado pela reportagem da Band.
O caso esfriou e deixou de ser abordado na imprensa. Enquanto isso, o PM já voltou a frequentar Castelo do Piauí. A empresa de segurança continua prestando os serviços sem ter registro na Receita Federal e a rádio clandestina continua operando irregularmente.
Fonte: OOLho
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