GERAL
Defesa Civil prevê tragédia se não chover logo no Piauí
Mês de dezembro, época em que as chuvas já deveriam estar caindo com regularidade na região sul do Piauí. A situação, que já é considerada calamitosa, começa a preocupar o governo. Segundo o secretário da Defesa Civil do Piauí, Ubiraci Carvalho, se não chover o esperado em 2014, o Estado viverá uma verdadeira tragédia. Com o rebanho bovino dizimado e as plantações arrasadas pela estiagem, a preocupação é com a população. “O fato de chover numa localidade e não em outra a 4 quilômetros não define que o tempo vá mudar. Temos esperança que daqui pra fevereiro a situação melhore. Caso isso não aconteça, vai ser uma tragédia”, afirma.
Por mês, a Defesa Civil desembolsa cerca de R$ 8 mil para manter um carro-pipa. Atualmente, 320 são mantidos pelo poder público, totalizando um gasto de R$ 2,5 milhões. “Hoje se briga para pegar um carro-pipa da Defesa Civil, porque nós nunca atrasamos um mês”, destaca o gestor, em entrevista ao Diário do Povo.
Diário do Povo – Como foi o ano de 2013 para a Defesa Civil no que diz respeito ao combate à seca?
Ubiraci Carvalho – Foi um ano difícil, por que nós estamos convivendo atualmente aqui no Piauí uma estiagem sobre outra estiagem. Tivemos uma grande seca em 2012 e 2013 chegou da mesma maneira. Então, o problema de falta de água aumentou muito, o que nos desdobrarmos em três ações. A Defesa Civil trabalha naquilo que é relacionado a socorro e restabele-cimento do que tinha para voltar a ter. Não tratamos de obras permanentes que vão resolver problemas em médio prazo, tratamos do imediato. Nesse sentido atuamos em três frentes: a primeira delas é mais imediata, a que não pode falta de maneira alguma, que é a Operação Carro Pipa.
DP – Quantos carros-pipas do Estado estão em operação no Piauí este ano?
UC – Nós tivemos em 2012 trabalhando com cerca de 166 carros-pipa, esse ano nós estamos com 320 veículos que abastecem de água centenas de famílias principalmente no semiárido piauiense. Soma- se a isso, a mais de 600 carros-pipa sobre a responsabilidade do 25º BC (Batalhão de Construção do Exército). Graças a Deus essa nossa ação com carros-pipa não tem nos dado problemas. Já estamos no segundo ano. Vimos algumas críticas da imprensa, mas não com carro-pipa da operação da Defesa Civil do Piauí. Fora essa ação que nós estamos realizando hoje, ontem, amanhã, ela é diária, nós tivemos uma operação de tentar colocar para funcionar poços artesianos que haviam sido perfurados e que estavam tamponados (tampados), e nunca foram equipados. Ao mesmo tempo estamos recuperando poços que já funcionaram e estão parados ou por bomba queimada ou por outras razões e nesse sentido nós já fizemos esse trabalho em pouco mais de 300 poços, mas estamos querendo chegar a 500 já no primeiro semestre de 2014. Finalmente, uma outra ação nossa foi à perfuração de poços tubulares, um sistema simplificado de abastecimento. Nós chegamos em uma comunidade, seja ela grande ou pequena, não pode ser individual, e perfuramos poços, equipamos, colocamos uma caixa e um chafariz com quatro torneiras para que a população tenha acesso à água. Nossa meta era 150, nós já fizemos 120, infelizmente nessa aí, a gente teve uns dissabores.
DP – Quais foram esses dissabores, secretário?
UC – Vários desses poços estavam secos, principalmente na área que pega o cristalino, que é uma rocha, área que vai da grande região de São Raimundo Nonato a Paulistana. Toda ela é no cristalino. Dificilmente se abre um poço para dar certo. Então, nós perdemos muita energia e recurso tentando colocar água em regiões do cristalino. Fora isso, nós já estamos finalizando essa meta de 150 poços.
DP – Quantos municípios estão em estado de emergência atualmente?
UC – Em estado de emergência nós temos 210. Agora, com a Operação Carro-Pipa nós temos 94.
DP – O senhor tem alguma ideia de prejuízo real que a seca causou ao Piauí?
UC – De 2012 para 2013 não houve nada de produção no semiári-do. Nada, para nada, nada. A perda foi total. E não só perda de quem plantou, mas perda de animais, como o nosso rebanho que foi dizimado. Com relação ao rebanho bovino, o que não foi vendido, parte sobrou pouco e esse ano nós estamos correndo o risco de ainda ter perdas enormes se não chover. Deram umas duas chuvas na região do semiárido, mas não chuvas ainda que caracterize uma estação invernosa. O fato de chover numa localidade e não em outra a 4 km não define que o tempo vá mudar. Temos esperança que daqui pra fevereiro a situação melhore. Caso isso não aconteça, vai ser uma tragédia.
DP – A Defesa Civil já trabalha com a possibilidade dessa tragédia se confirmar em 2014?
UC – Com relação as nossas ações, são aquelas três que mencionei anteriormente. Com relação ao carro-pipa nós não vamos parar. Refiro-me a tragédia por que serão três secas uma em cima da outra. Não dá. Mas eu tenho esperança, expectativa que teremos chuvas este ano.
DP – Já há algum relato de perdas de vidas humanas em conseqüência da seca?
UC – Não! Agora uma característica dessa nova seca, que foi muito maior do que as passadas, é que devido à rede de cobertura social – que envolve o Bolsa Família, Auxilio Gestante, aposentadoria para idoso, o ser humano não teve fome ainda, apesar da seca. Há muita fome para animal. Essa nós tivemos. Morreu muito animal com fome e com sede.
Fonte: Diário do Povo