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Conheça a trajetória do vice-prefeito morto semana passada no Piauí
Era um grande ‘proseador’ o Jesus Pescador. Prosas e causos que agora só serão ouvidas nas recordações de quem teve o prazer de conversar com ele. Faleceu jovem o vice-prefeito de São João do Piauí, 49 anos. Foi sepultado na manhã de quinta-feira (03) depois da missa de corpo presente e de solenidades de homenagem na Câmara. A causa da precoce partida: uma parada cardíaca durante internação ocasionada pela luta contra insuficiência renal.
Família e trabalho
Natural do município de Gervásio Oliveira, antigo Mata-Pasto, José de Jesus, o terceiro dos 07 filhos de Odete Oliveira Cavalcante e José Dias Cavalcante, nasceu no dia . Teve 4 filhos: Valdano, 29, Roney, 26 e Caio, 20, do primeiro casamento, e Noelia, 06, do segundo casamento.
Jesus possuía um tino comercial que usou bem durante sua vida. Em São Paulo trabalhou como pizzaiolo e também como camelô na 25 de Março, famosa rua comercial paulista. Foi comerciante na cidade de Araxá, Minas Gerais, e em São João do Piauí, onde manteve uma empresa no ramo de pesca. Atualmente era presidente da Colônia de Pescadores Z16 e vice-prefeito de São João do Piauí.
Pescador?
Conhecido como Jesus Pescador, era muito indagado sobre a origem do apelido. O próprio, com o bom humor que sempre trazia consigo, me explicou uma vez: “Eu gosto muito de pescar, já caminhei muito até a barragem só pra pescar. Então foram me chamando de Jesus Pescador. Aí me perguntam ‘ora mas você não é pescador’ e eu respondo ‘ora mais meu pai não é policial e ainda hoje chamam o homem de Zé Polícia’”, explicação seguida de risos, dele e dos que ouviam sua maneira bem humorada de explicar as coisas.
A paixão pela pesca era tão forte que lutou pela causa dos que praticam e dos que vivem dela. Foi ele o fundador da Colônia de Pescadores Z-16, de São João do Piauí, que conta hoje com cadastrados dos municípios vizinhos, incluindo São Raimundo Nonato e Simplício Mendes, com mais de 500 filiados.
Também me lembro da frase que ele costumava usar como incentivo a quem iria enfrentar uma luta, iniciar um projeto: “Bote quente meu jovem!”
“Ele chamava Curimatá de ‘cruma’. Ele falava ‘vou na barragem pegar umas crumas’”, relembrou o irmão José Valto Cavalcante. “Olhe a fisionomia dele, ele ficava muito feliz quando estava pescando”, completou ao contemplar uma foto do irmão com o peixe em mãos numa pescaria.
Vida política
José Valto relembra a trajetória e os sonhos do irmão. “Ele não almejava um posto específico, gostava da política e de servir e ajudar as pessoas. Meu irmão era um homem muito inteligente. Só estudou até a sexta série do ensino fundamental e mesmo assim teve uma história de vida cheia de realizações”, destacou.
Jesus começou na política como candidato a vereador em 2008. Em 2014 concorreu na chapa principal da executiva municipal, tendo Gil Carlos Modesto como candidato a prefeito e ele, Jesus Pescador, como vice. A vitória marcou uma nova fase da história daquele município, que até então era comandado há 54 anos pela mesma família. Jesus faz parte dessa conquista.
O maior legado
“Na minha opinião ele era um sonhador que ainda acreditava que o ser humano tem jeito. Era um homem honesto, que vivia além do seu tempo, pensava sempre à frente. Vai deixar saudades, mas também lições e um grande exemplo de vida”, finalizou José Valto. Seu exemplo e sua história são, sem dúvida, o maior legado que deixou.
Fonte: Capital Teresina