O drama dos produtores que precisam da rodovia Transcerrados para escoar a produção, foi contado em reportagem exibida no Jornal Nacional desta quinta-feira (04/01). Sem asfalto em grande parte dos 340 quilômetros de rodovia, os motoristas enfrentam o perigo de uma estrada que esconde buracos de quase 1,70 de profundidade, onde a repórter Neyara Pinheiro, da Rede Clube, praticamente desapareceu.
Confira a reportagem na íntegra.
No Piauí, uma rodovia prometida há vinte anos ficou nisso: na promessa. E o aumento na produção de grãos acabou virando um problema para os produtores. Quem pega a Transcerrado bem no comecinho imagina que vai fazer uma viagem tranquila, rápida e segura. Mas não é bem assim, 50 quilômetros depois, o asfalto acaba e começam os problemas.
O Jornal Nacional decidiu enfrentar os 340 quilômetros da rodovia que cruza o extremo sul do estado, saindo de Sebastião Leal e chegando em Gilbués. A chuva deixou tudo pior por lá.
“A gente vai tentar sair se parar de chover, se não é sem chance. É mais dois, três dias ainda”, diz um caminhoneiro.
Outros ficam atolados. As poças d’água escondem armadilhas para os veículos.
Quando a chuva dá uma trégua e a água desaparece, a gente tem uma noção melhor do tamanho dos buracos. A repórter de 1,70 m de altura praticamente desaparece dentro de um.
Os caminhoneiros que arriscam passar por lá somam prejuízos. “Quatorze dias nesse sofrimento aqui, sem beber, sem comer direito, é assim”, relata o motorista Cleison Araújo.
A Transcerrado é uma rodovia estadual e a principal via de escoamento da produção agrícola piauiense. Neste ano, mais de três milhões de toneladas de grãos, a maioria soja, devem passar por lá.
Um trecho de 117 quilômetros entre as cidades de Sebastião Leal e Uruçuí começou a ser asfaltado em 2013. O governo estadual declarou que parou a obra por falta de dinheiro e retomou no mês passado. A previsão é que essa parte fique pronta até o fim desse ano, mais de três anos depois da data inicial. Para os outros 223 quilômetros, o governo pretende fechar parcerias com o setor privado e ainda não tem prazo para as obras.
Os produtores esperam pela obra há quase duas décadas. “Para trazer os insumos, trazer as sementes, trazer os insumos é ruim, para escoar a produção, é pior ainda porque na época ainda está chovendo”, afirma o produtor rural Valmor Bortolotto.