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‘Golpe da Facção’: bandidos pedem PIX no Whats para poupar vida das vítimas no Piauí

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Desde o final de dezembro de 2021, a equipe RP50 de Jornalismo tem recebido diversas relatos, prints, vídeos, mensagens de leitores sendo ameaçados através do WhatsApp com mensagens iguais de ameaças de morte em Teresina e região.

O ‘Golpe da Facção’ acontece da seguinte forma. Um belo dia, que logo se torna um péssimo dia, você recebe uma notificação em seu aparelho celular, abre o aplicativo WhatsApp e vê a sua foto com um X vermelho, enorme, cobrindo o seu rosto. Em seguida, faz o download de um vídeo que lhe enviaram e aparecem vários homens armados dizendo que estão indo lhe buscar. Você lê a sequência de mensagens deixada pelo criminoso. Ele se apresenta como um faccionado, diz que uma pessoa esteve na boca de fumo dele e pagou R$ 5 mil para que ele e seu bando lhe matasse, ou tocasse fogo no seu empreendimento ou, caso não lhe encontrasse, executasse qualquer um de seus parentes.

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Não há palavras para definir o terror e o medo que tomam conta de você após esse combo de ameaças bem planejadas.

Uma outra variação do mesmo golpe é que os bandidos acusam as vítimas de terem denunciado a boca de fumo dos criminosos e por isso, supostamente, eles estariam atrás de você para lhe matar e a única maneira de evitar isso acontecer seria o acordo forçado no qual você é obrigado a pagá-los. Os valores geralmente pedidos são de R$ 5 mil.

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Você mal tem tempo para racionalizar, pensar e tentar imaginar onde os criminosos conseguiram suas informações, fotos e nome.

Veja exemplo de uma das mensagens:

“Sabrina. Que é isso dona, trazendo problema pra mim? Tás querendo morrer é porra? ??????????? Dona, aqui quem fala é Léo godim, sou líder do bonde dos 40, eu acredito que você já ouviu falar em nós ai. ???? 🤔 Pós bem, era você mesmo que eu queria falar. Cadê o Sebastião? Só usei a moça como isca… Chegou um camarada na minha boca de fumo, onde meus meninos vendem minha droga, viu meus meninos tudo armado e deixou sua foto e deixou 5mil reais pra os meninos matar você. Que porra é essa que tu fez homem? Tu quer que tua família pague o pato é? E no caso dos meus meninos não lhe achar quem vai morrer é ela no seu lugar…”

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O coordenador do Grupo de Apoio Operacional (GAO) da Polícia Civil, Joatan Gonçalves, conversou com a equipe RP50 nesta terça-feira (15/03) e explicou que os bandidos acessam todos esses dados por meio das redes sociais como Facebook e Instagram, principalmente, e em seguida, abordam as vítimas no WhatsApp.

“Infelizmente as pessoas ainda caem nesses golpes e eu diria até por não estar prestando atenção nas redes sociais, pois são coisas bastante divulgadas pela Polícia e por outras pessoas que já sofreram golpes dessa natureza. Elementos ligam para as pessoas munidos de informações que você mesmo coloca nas ruas redes sociais e lhe pega em um momento de fragilidade, porque o bandido vai dar informações que você, em pânico por receber a ameaça lhe cobrando dinheiro, não vai atentar para o detalhe de que foi você quem postou aquelas informações nas redes sociais. Então os bandidos ligam dizendo que são de facções criminosas, normalmente com um sotaque que não é o nosso, que não é a nossa forma de falar, facilmente pode se identificar que é alguém de fora, cobrando uma importância em dinheiro e dizendo que se você não depositar na conta dele, se não fizer o pix, eles vão fazer algo contra sua família ou contra você”, explicou.

Segundo Joatan, se as vítimas estivessem mais atentas, identificariam de pronto que as mensagens no WhatsApp se tratam de um golpe. “Eles fazem isso, as pessoas entram em pânico, procuram a delegacia de polícia para registrar os Boletins de Ocorrência, mas não se atentam para esses detalhes que acabei de citar, pois se elas se atentassem nem procurariam a delegacia, já sabendo que é um golpe que está sendo aplicado”, conta.

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PIX

A equipe de RP50 de Jornalismo abriu uma enquete na manhã de ontem (14), no perfil do Instagram do Portal, perguntando quem já havia recebido mensagens dos meliantes, quem havia caído no golpe ou se conheciam alguma vítima. Após o monitoramento das respostas recebidas, mais de 100 seguidores do site informaram terem sido alvo desse crime, algumas ontem mesmo.

Por ser uma funcionalidade bancária de depósito imediato, os bandidos sempre pedem que as vítimas façam um PIX para a conta deles. Das mensagens recebidas em nosso Instagram, duas seguidoras e um seguidor relataram que chegaram a fazer a transferência para os suspeitos. Um dos depósito foi no valor de R$ 380, outro de R$ 50 e o terceiro de apenas R$ 20.

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“Eles pegam fotos e informações das pessoas pelo Face e começam a ameaçar. Disseram que iam matar meu marido, depositei R$ 380. Depois que depositei, eles mandaram [a mesma ameaça] pro meu celular de outro número, aí que eu percebi que era golpe. Eles estão fazendo mais com pessoas que tem lojas e trabalham por meio das redes sociais”, disse uma Leitora, a qual vamos manter seu nome em sigilo para preservá-la.

Redes Sociais, DDD e sotaques de fora

A essa altura, você deve estar se perguntando como conseguem seu número de telefone em uma rede social. Podem conseguir por diversos meios, desde uma publicação que você possa ter feito em um grupo de vendas, anunciando algo que quisesse vender ou comprar, e deixando seu contato entre as informações, até por meio de páginas e contas que você possa ter de algum empreendimento seu, assim como por divulgação em stories no Instagram e postagens no feed. 

Geralmente, as redes sociais pedem que você vincule seu perfil pessoal a estas páginas, deixe informações como endereço e número de contato para que possíveis clientes entrem em contato, caso tenham interesse em seus produtos ou serviços. 

Entre os diversos prints que as vítimas enviaram para a redação RP50, observa-se que os números utilizados pelos bandidos possuem DDD de vários Estados como Bahia, Brasília, Pernambuco, entre outros. O sotaque dos meliantes nos vídeos e áudios enviados às vítimas também não são piauiense. Dessa maneira é fácil identificar que se trata de um golpe.

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Estelionato

De acordo com Ítallo Coutinho, um dos advogados que respondem pelo setor jurídico do Portal RP50, este tipo de crime está caracterizado como estelionato, que prevê pena de reclusão de quatro a oito anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento.

“É nítida a caracterização de estelionato neste crime. Você que está sendo vítima, seja por mensagem de áudio, seja por mensagem de texto, precisa procurar uma ajuda jurídica através de um advogado e ir até uma unidade policial para representar. O crime de estelionato requer uma representação da vítima para que o delinquente seja identificado e seja punido com os rigores da lei”, informou. 

Fonte: 180 graus

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