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Clicks do Mês

Jovem mãe e empreendedora, Bianca Reis traz trajetória de força e coragem para o Clicks do Mês; veja ensaio!

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Jovem, mas já com uma história de vida admirável. Cedo se tornou mãe, enfrentou o divórcio e teve que vencer várias barreiras. Apesar das diversas pedras espalhadas pelo seu caminho, sua fé e força a fizeram persistir.

Hoje, aos 25 anos de idade, a jovem mãe e empreendedora, Bianca Carvalho Reis, é exemplo de garra e superação. E na edição de junho do projeto Clicks do Mês, é um pouco da sua trajetória que o Cidades Na Net compartilha.

Bianca Reis é da cidade de Jaicós e proprietária da loja Organize. Filha do casal Daniela Macedo de Carvalho Reis e Sidney Coutinho Reis e mãe de Hector Reis Barbosa, de 9 anos. Ela tem dois irmãos, Beatriz Reis e Matheus Mesaque, e dois sobrinhos.

Seu relato de vida começa com a maternidade. “Costumo dizer que foi a fase mais difícil da minha vida, mas também a melhor fase, porque ter filho é uma responsabilidade e as circunstâncias que eu tive e que depois me divorciei também foi a minha maior dificuldade. Eu tive o Hector com 16 anos de idade, casei com 15. Tive uma gravidez de risco, apresentei descolamento de placenta. Fui guerreira, foi um mês deitada numa cama sem poder levantar para poder segurar a gravidez”.

Ela descobriu que estava grávida já com 3 meses e enfrentou complicações. “Quando descobri que estava grávida já tava com três meses de gestação. Sempre tive minha menstruação desregulada, então eu achava normal se vinha pouco. Eu fiz um teste e deu negativo, já estava com 1 mês de grávida. Com 3 meses fiz novamente e deu positivo. E aí devido não saber e estar tomando anticoncepcional, vivendo minha vida normal, eu tive esse descolamento de 3 cm na placenta. Eu ficava deitada numa cama, meu ex-marido trabalhava o dia todo e pra você ter uma ideia eu tinha que deixar a porta aberta pro entregador entrar no apartamento e me entregar a comida porque eu não podia levantar da cama. Eu até trabalhava quando cheguei em São Paulo, mas devido a esse problema tive que parar de trabalhar” contou.

Para ela, a vinda do seu primeiro filho foi um misto de sentimentos. “Então assim, o Hector quase não vem. Foi por pouco que não perdi ele. Eu perdi muito sangue, muito mesmo. A médica disse, ‘olha, você vai ficar de repouso, mas aqui só um milagre”. Então eu vivi um milagre e vivo até hoje. No mesmo dia que soube que estava grávida, já fiquei sabendo do descolamento da placenta. Nunca esqueço do dia que depois de 1 mês voltei na médica pra ela fazer a ultrassom e a primeira coisa que ouvi foi o coração dele. O que passou na minha cabeça foi “meu fiho tá vivo”. Na primeira vez que ouvi o coração, quando descobri, foi um susto, eu chorei, não queria, pois tinha poucos meses de casada, mas quando escutei pela segunda vez, ali eu entendi, senti aquele amor de mãe”.

Pouco mais de 1 ano após o nascimento do Hector, veio a separação. “Quando ele já tinha 11 meses comecei a trabalhar lá em São Paulo, ganhar dinheiro para sustentar ele. Me divorciei e quando ele tinha 1 ano e 10 meses vim embora de São Paulo para recomeçar a minha vida. O divórcio é o maior desafio que enfrento até hoje com relação a maternidade, porque quando você se divorcia fica sempre como ‘a divorciada’ na sociedade, você não tem outro título. E aí veio a questão do costume com esse título novo, de ter que voltar para casa dos meus pais, ter que ficar debaixo de um comando e me adequar a meu filho ter eu como mãe biológica, minha mãe como de criação e minha irmã, que morava com a gente na época também como uma mãe dele. Tanto que hoje ele diz que tem três mães”.

Seu filho, em todo tempo, foi a sua força. “A maternidade me ensinou muito. Literalmente eu renasci, não é uma frase clichê de internet, a gente realmente renasce. Hoje minha prioridade maior é meu filho. Essa loja é dele, tudo é dele, para o futuro dele. Minha melhor fase é ser mãe. O Hector me ensina todos os dias. Às vezes a gente não entende os planos, mas Deus faz tudo perfeito. Hector me ensina coisas que nem adulto ensina. Ele cuida de mim. Eu acredito que eu precisava ter ele. Por eu ter passado por esse processo de divórcio e tudo mais, além de Deus, é ele quem me fortalece aqui na terra, me traz paz”.

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Bianca diz que Hector é uma criança especial. “Ele é uma criança que se você começar a falar palavrão, por exemplo, ele diz ‘ mamãe, peça perdão a Deus, não faça isso’. Eu nunca vou esquecer de um episódio. Eu tive uma discussão muita séria com minha mãe, e aí eu coloquei tudo dentro do carro e disse ‘Hector vamos embora, vamos morar em Picos’. Ele tinha 6 anos. Era um processo, eu não conseguia me adaptar morando com minha mãe, com aquele negócio de você mora aqui, as regras são da minha casa. Foi difícil pra mim. E nesse dia, a gente entrou no carro, eu chorava muito, copiosamente, ou seja, ali para acontecer um acidente era muito fácil. Aí o Hector disse ‘mamãe, encosta o carro’ e eu dizia ‘não, a gente vai pra Picos’. Ele, encosta o carro, por favor mamãe, e eu insistia que não, até que ele disse ‘encosta o carro, por favor, eu quero fazer xixi’. Então eu encostei e ele falou ‘mamãe, por favor, vamos voltar, nosso lugar é com o vovô e a vovó, lá é a nossa casa, vamos voltar, eu te imploro’. E eu expliquei ‘eu não consigo, eu brigo muito com a sua avó’, e ele respondeu ‘mamãe, você não ensina que a gente tem que respeitar os nossos pais, então fica calada, entra dentro do quarto, não fala nada, que passa. Aí quando ele me disse isso, eu pensei ‘meu Deus, vamos voltar agora para casa, eu que eu tô fazendo aqui?’”.

Para ela, ele é um milagre. “Depois disso nunca mais teve esse tipo de confusão. Fui amadurecendo. A gente precisa passar por isso para crescer. Esse testemunho é só pra você entender quem é o Hector na minha vida. Ele é um milagre, é um anjo na minha vida, minha maior realização, maior conquista, é tudo. Desde o dia que nasceu ele tem cuidado de mim. Se eu não tivesse tido ele, as coisas lá em São Paulo teriam sido piores pra mim. Por ele, eu sobrevivi”.

Morando novamente em Jaicós, ela teve que recomeçar. “Quando voltei pra cá comecei a trabalhar na Toyota como recepcionista, depois fui promovida. Fiquei 2, 3 anos lá, e aí eu fui construindo a minha história, trabalhando de carteira assinada, juntando dinheiro, sustentando ele sozinha, sendo mãe. Meu sonho sempre foi fazer Medicina, mas eu inverti os papéis, casei logo com 15 anos, depois que fui estudar. O que sinto muito hoje na sociedade é aquela cobrança, a regra de você estudar, casar, ter filhos e viver sua vida linda e perfeita. Então por muito tempo eu me martirizei, sofri, pensava ‘meu Deus, o que eu fiz da minha vida, podendo ter estudado’. Mas era isso que precisava acontecer na minha vida. Não estou incentivando as meninas a terem logo filho, casar, sempre aconselho minhas amigas a primeiro estudarem. Mas não tem essa regra. Você consegue sim ser feliz, vencer, caso aconteça dessa outra forma. E eu tenho o sonho ainda hoje de ser geriatra, idoso é minha paixão. Ainda não foi possível, mas não descarto”.

Mas, no ano de 2021, ela conseguiu realizar um outro sonho. “Sou formada em Administração e curso Licenciatura em Matemática, termino esse ano. E tive a ideia brilhante de abrir a Organize. Hoje trabalho de carteira assinada no Memorial Santa Luzia aqui em Jaicós. Eu administro a clínica. Sempre gostei de empreender, de vender, me comunicar com as pessoas. Nunca tive dificuldade com isso. E aí quando sai da Toyota comecei a trabalhar com roupa feminina. Ia para São Paulo, trazia, vendia, voltava. Mas entrou a pandemia, aí tudo ficou difícil. Consegui comprar um carro e tive que vender. Tudo que tinha de mercadoria fui vendendo, não podia mais viajar, aí tive que parar de vender. Aí foi quando recebi a proposta de trabalhar na clínica. Fiquei um bom tempo só lá, mas com aquela infelicidade, pois eu não sei trabalhar só ali parada no computador, sempre a mesma coisa, aí veio a ideia da loja”.

Para ela, a loja foi um plano de Deus que se cumpriu. “A Organize foi sonhada e planejada por Deus, não tenho dúvida disso. Eu questionava, ‘Deus eu quero empreender, mas o que vou fazer?’. Na época da pandemia abriu muita loja virtual aqui em Jaicós e eu achava inviável trabalhar com roupa. E eu precisava fazer uma coisa nova, diferente, que não tivesse ainda em Jaicós. Aí minha mãe teve um sonho, com um balcão assim bem largo, eu abria uma colcha de cama, mostrava e toda feliz, a loja cheia, as pessoas comprando. E aí quando ela me contou esse sonho eu disse ‘ta aí, mamãe’, vou abrir uma loja de cama, mesa e banho’. Aí mainha ‘tu é louca, como tu vai abrir um negócio que nem sabe como funciona?’ e eu respondi ‘eu vou atrás, vou estudar, pesquisar, procurar vídeo, vamos atrás de fornecedor’”.

As coisas foram dando certo e em pouco tempo, Jaicós ganhava a Organize e um sonho se concretizava. “Na mesma semana, quando decidi, pedi ajuda a minha irmã Beatriz para escolher o nome da loja. Sabia nem fornecedor, nada (risos). Ela sem entender e eu disse ‘vamos decidir primeiro o nome, depois a gente faz acontecer’. Aí ela disse ‘o que tu acha de Organize?’. Do nada assim, numa conversa, e eu disse pronto, vai ser Organize, tem tudo a ver. Aí ela entrou em contato com um amigo, fez a logo. Não teve outra coisa que eu pudesse amar tanto na minha loja como a logo, foi feita exatamente pra mim e tem a cara da loja. Na semana seguinte eu já tinha logo, paleta de cores, só não tinha fornecedor (risos). Aí comecei a pesquisar, isso em julho. E quando foi em outubro de 2021 eu inaugurei a loja e só naquele dia eu vendi mais de 4 mil reais. E eu disse ‘pronto, é isso, é de Deus. Eu jamais imaginei. Quando fiz uma oração aqui com o pastor, um dia antes de inaugurar, eu disse ‘ Senhor, se eu vender 50 reais na minha loja amanhã, eu sei que é a confirmação do Senhor que vai dar certo. E eu vendi quase 5 mil”.

Bianca conta que tudo foi feito com a ajuda e confiança de familiares e amigos. “A loja foi dada por Deus e tudo aqui nessa loja foi ajuda de pessoas, pois eu não tinha um real, nada pra abrir essa loja. Na época eu tinha um ex-namorado, que me ajudou, mas depois eu devolvi o valor para ele (risos). Minha mãe me deu algumas coisas aqui dessa loja, minha avó, minha irmã. Todo mundo se empenhou e me deu alguma coisa. E hoje essa loja é toda quitada, eu não devo nada a ninguém. As pessoas que peguei emprestado eu paguei, graças a Deus, que acreditaram em mim e eu agradeço muito por isso. E hoje é uma das maiores realizações. A loja é quitada, tudo aqui é meu, é do meu filho, com muito sacrifício, muito suor”.

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Ela lembra que em São Paulo também teve uma incentivadora e uma oportunidade de evoluir. “Sempre tive esse espírito de guerreira, de correr atrás dos meus objetivo, mas eu fui muito incentivada em São Paulo. Minha maior incentivadora foi Dora, a primeira pessoa que acreditou em mim. Eu comecei a trabalhar numa loja de atacado de roupa lá e ela me ensinou muito sobre venda, atacado, tecido, roupa, é tanto que voltei de lá vendendo. E aí com 3 meses, sem experiência nenhuma de trabalho com isso, fui promovida a gerente e fiquei administrando as três lojas. Eu vendia muito. Nunca esqueço. Eu colocava a roupa no corpo, deixava a etiqueta a mostra, saia desfilando no shopping, e a pessoa parava, via a etiqueta e perguntava sobre a loja. Me tornei modelo da loja. Eu batalhei muito lá e ela acreditou em mim. Eu viajava com ela pra comprar tecido, ela aumentou meu salário. Eu entrei lá ganhando R$ 800 mais a comissão do que eu vendesse e depois cheguei a ganhar 2.500 reais. Deus foi abençoando e ela me incentivou e ensinou muito. São Paulo é uma lição de vida, lá você aprende por bem ou por mal. Foi lá que desabrochei”.

Com fé e sem pensar em parar, ela tem conseguido crescer. “Tem sido difícil. Recebo muitas mensagens de pessoas dizendo ‘Bianca, queria ter essa coragem que tu tem’. Eu digo ‘olha, tem que ser louco para abrir um negócio, mas não pode desistir’. Parece clichê, mas não é, o segredo é não desistir. Tem vezes que penso ‘meu Deus, como vou comprar material, estoque, se não estou com dinheiro, aí vem e Deus abençoa com uma venda grande’. Todo dia vivo um milagre. Tenho cliente em várias cidades. Colônia do Piauí, Teresina, Picos, Padre Marcos, São Julião, Fronteiras, Valença, já vendi para o Maranhão. Vendo toda semana para Picos. São 2 anos de loja, tenho um pouco mais de 3 mil seguidores, e eu nunca imaginei chegar a isso. Eu pensava ‘não, Senhor, se todo mês eu conseguir pagar aluguel, água, luz e minha funcionária, eu tô feliz (risos)”.

O que hoje ela vive, jamais chegou a imaginar. “Mas não, Deus vem fazendo muito mais. Hoje eu tenho uma social media que cuida da minha rede social, estou fazendo um site da minha loja pra vender para mais longe, pois tem gente que entra em contato comigo de São Paulo para comprar. Cada vez dando mais um passo. Meu próximo sonho é ter a sede própria da minha loja, mas agora no momento não, mas é o próximo passo. Quero também abrir filiais em várias cidades. Esse é meu sonho e acredito que com fé em Deus, com Ele a frente, vou conseguir. E foi um crescimento grande para pouco tempo. Do pouco que já estudei sobre empreendedorismo, a média para você alcançar o nível que eu já alcancei é de 3 anos pra frente. Acho que fui a primeira pessoa com social media aqui em Jaicós. Eu sempre estou indo atrás, buscando conhecimento. Com vídeo, microfone, compra um celular melhor para melhorar o vídeo, mudando aqui e ali. Tenho uma funcionária hoje, a Bruna, que é um anjo na minha vida. Ela é muito boa em foto, vídeo, ela me ajuda, me incentiva, e é muito importante ter pessoas assim ao meu redor”.

Para ela, todas as pessoas que tem cruzado seu caminho até aqui, são resposta de oração. “E tem uma promessa que Deus tem cumprido em minha vida, que nunca vou esquecer e digo pra todo mundo. Eu falei assim em oração quando Deus me deu essa loja ‘todas as pessoas que o Senhor aproximar de mim, que seja para me fornecer alguma coisa, pra ser meu parceiro ou qualquer coisa, que creia em Deus, que sejam pessoas que me aproxima do Senhor. E é impressionante. Os fornecedores que tenho são evangélicos, Bruna é, eu, minha família, o rapaz que está fazendo meu site é, minha social media. Todo mundo que está ao meu redor, que me ajuda, é cristão. E eles me dão palavras de força para continuar. E agora estou sendo entrevistada por você, olha só como Deus faz (risos). Deus confirma todos os dias que estou no caminho certo”.

Bianca tem investido cada vez mais em fazer sua loja conhecida e conta com a ajuda de muitos. “O Armazém do Povo tem sido um parceiro pra mim e eu tenho que enaltecer porque eu nunca vi uma pessoa tão incrível como Alan. Sempre está disposto a ajudar, as meninas do Armazém me recebem bem, me dizem pra ficar a vontade, eu uso cama, sofá, faço foto, vídeo, já vendi uns dois móveis lá para eles (risos). E é isso, acredito que no mundo do negócio todos tem que trabalhar juntos, pois o sol brilha para todos, temos que nos ajudar. De nada adianta tentar puxar o tapete de ninguém. Deus tem para todo mundo. Marilene advogada me cedeu a casa dela para fazer foto, Katiúcia. Pessoas que abrem suas casas, sua privacidade, porque acreditam em mim, me dão apoio e eu não tenho nem como agradecer”.

No dia a dia a correria é grande, mas ela se sente feliz e realizada. “É Deus que me dá força, porque tem hora que sinto vontade de chorar e não levantar da cama de jeito nenhum, porque não tenho força. Estou acordando todo dia 4:30 da manhã, vou para a academia com minha mãe, chego 6 horas, vou arrumar menino para escola, me arrumo, ajudo minha mãe no café, tenho que 7 horas na clínica, deixo ele na escola e desço com a Bruna. Fico até 11 na clínica, volto 13 e fico até 17 e depois que saio venho pra cá. Da loja ainda tem a aula de capoeira que o Hector faz. E agora inventei de abrir um pula pula na praça junto com minha irmã. Eu disse ‘ Beatriz, nós vem pra essa praça com os meninos pra brincar e fica sem fazer nada, vamos colocar um pula pula aqui pra ganhar dinheiro?’ ‘Aí ela: tu é doida menina?’ (risos). A gente comprou o pula pula, colocamos na praça e chama “Brincaê” a ‘empresa’. Eu fico de segunda a sexta lá até 21:30, e minha irmã fica no sábado e domingo. “Não sei como tenho tempo, meu dia acho que tem mais horas. Mas Deus prepara tudo e no final da certo. Tenho vendido, Deus tem abençoado. Tenho participado da criação do meu filho, que é prioridade pra mim”.

Em toda sua trajetória, sua família tem sido sua base. Sobre eles, ela fala com muito amor, orgulho e gratidão. “Sem minha família nada disso aqui seria possível. Minha vó vem, faz vídeos da loja me incentiva. Minha mãe, se não for ela ensinando a tarefa do meu filho de tarde, cuidando, porque chego 17:30 e o Hector já tá de banho tomado, tá no jeito de eu pegar ele e levar para as outras obrigações. Meu pai que me sustenta, pois eu moro na casa dele. Meu irmão que me dá força, me empresta carro, dinheiro para comprar coisa pra loja (riso); e minha irmã nem se fala, ela é um anjo na minha vida, é tudo pra mim. Me empresta dinheiro também; meus irmãos são meus bancos (risos). Deus me deu uma família muito abençoada, que acredita em mim. Às vezes chego em casa e digo ‘mainha, não aguento mais, não sei o que vou fazer, chegou conta tal, não tenho dinheiro’, e ela diz ‘você não vai desistir, vai vender, quer fazer o que? quer que eu fique como Hector pra você ir lá fazer uns vídeos? Tá faltando o que, quer ajuda pra limpar?’. Minha família é assim, todo mundo unido. Um tempo meu irmão e a mulher dele trabalhavam aqui, pois eu não tinha condição de colocar alguém. Eu não dava nada para ele”.

Bianca aprendeu desde cedo a lutar em busca de uma vida de melhor. “Nunca vou esquecer quando consegui um emprego em uma loja de roupa feminina, e uma pessoa disse ‘vai, trabalhar numa loja, lavar banheiro, passar por humilhação’. E eu disse, ‘eu fui criada com pouco, minha mãe não tinha condição’. Eu lembro que na escola meus colegas tinham dinheiro para comprar lanche e para mim era um sonho poder comprar um. Quem pagava minha escola era minha avó. Com muito sacrifício mãe comprava o material, a farda, e eu jamais ia pedir dinheiro pra ela pra comprar lanche, pois eu sabia que ela não tinha. Então eu peguei aqueles fios de telefone, fazia pulseira, vendia, e com o dinheiro comprava uma cartolina pra fazer um trabalho, um lanche pra levar para a escola. Eu sempre fui assim. Fazia isso tinha 10, 11 anos. Com 9 eu cuidava de Ticiane filha de Ana Maria. Eu nunca gostei de me contentar com a minha situação, com o que eu vivia”.

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Muitas foram as barreiras que venceu. “Eu recebo muito crítica, tipo ‘ah, como consegue, trabalha de carteira assinada numa clínica’, mas ninguém sabe o que eu passei para ter isso aqui. Nessa loja tudo foi dado, eu não tinha 1 real. Quando esse ponto ficou disponível para alugar eu lembro como se fosse hoje, Solon disse assim ‘Bianca tem muita gente querendo, tu tem que decidir’. E eu paguei 2 meses de aluguel sem ter nada aqui dentro. Eu ganhava uns 1.400 na clínica e tirava 630 para poder pagar o aluguel aqui, ou seja, ficava pouquíssimo pra eu sustentar uma criança, com escola e tudo mais. Eu não ficava com quase nada do meu salário, porque tinha que pagar o aluguel para segurar o ponto. Foi com muito sacrifício, nada aqui foi tipo ‘ah, eu tenho aqui porque eu sou rica’, aqui tudo foi dado. Vim terminar de pagar as parcelas desses móveis um dia desse. Não foi fácil. As pessoas criticam muito, mas acredito que depois dessa entrevista elas vão entender um pouco da minha história”.

Ela diz que gosta do que faz e busca dar o seu melhor. “Eu gosto de pessoas, não é só de vender. Gosto de conversar, entender a necessidade. O meu diferencial é que eu não forneço um produto para o meu cliente, eu ofereço um atendimento especializado. As vezes a cliente chega aqui e não sabe nem qual a cama que ela tem, o tamanho, então eu abro as peças, eu explico o tamanho, apresento o material. Eu realmente busco atender a necessidade, eu não vendo por vender. É costume entrar cliente aqui e não comprar nada, mas eu mostro tudo, porque eu sei que um dia ele vai lembrar de mim, da Organize e vai voltar”.

Hoje, para muitos ela é um exemplo de coragem. “Recebo mensagens e às vezes fico constrangida, não sei nem como responder. Eu acredito que sou boa no que faço, que é vender, mas eu não me vejo como uma inspiração, ainda não. Não sei se isso é bom ou ruim. E as pessoas me pedem conselho, dica, é muita mensagem que recebo. Perguntam até mesmo sobre o que abrir aqui em Jaicós, e eu sempre digo, olha, Deus em primeiro lugar e ter coragem. Às vezes eu estou aqui me maldizendo, coisa que todo mundo fala né, ‘ah meu Deus, eu não vou aguentar, essa conta, eu não vou conseguir’. Esquece da fé que a gente tem que ter. Mas aí eu coloco um louvor e penso ‘pera aí Bianca, vamos voltar, não é assim. Tu não tinha um real pra abrir essa loja e agora tá preocupada com uma conta de 400 reias ?’. Entendeu? Deus ele provê todos os dias. Então é colocar Deus em primeiro lugar e planejamento. Não adianta você dizer ‘ah, vou abrir isso’. Você tem que estudar. A primeira coisa que fiz foi andar em todas as lojas de Picos, olhei os preços, andei nas lojas de Jaicós, de cidades maiores. E o que observei é que as lojas querem abarcar tudo, mas não trazem variedade, não focam em uma coisa. Eu fui atrás de entende o que o cliente não encontrava nas outras lojas. Então, você tem que saber o que vai vender, saber se gosta disso. Eu não sabia de nada da área, mas fui pesquisando e começando a entender”.

Para a jovem, cada conquista é motivo para celebrar e agradecer. “Sucesso para mim é isso aqui, é eu manter a minha loja, é como aconteceu um dia que uma pessoa me viu lá na praça e disse ‘eu conheço a sua voz, eu ouvi você falando aqui com meu filho e lembrei de um vídeo seu no instagram, você mostrando umas coisas de cama, mesa e banho’. Ela não sabia que eu tinha uma loja, mas sabia que era a minha voz ali apresentando aquele produto. Então pra mim sucesso é isso. A partir disso para mim já é milagre. E como digo sempre, isso aqui eu só vivo porque coloco Deus em primeiro lugar. Não é uma coisa da boca pra fora. As vezes Bruna me liga dizendo que fechou uma venda de 400 reais e eu tô lá na clínica e começo a chorar. E eu penso ‘meu Deus, como assim, a minha loja?’. Até hoje a gente pula de alegria quando consegue não só o valor, mas por conseguir atender. Tipo, a cliente entra e leva coisa de sala, cozinha, banheiro, ou seja, ela está satisfeita, ela encontra o que precisa na minha loja. Então pra mim, já é o ápice do sucesso. Se não passar disso eu já sou muito satisfeita”.

Por fim, ela agradeceu a Deus e demonstrou gratidão também pela oportunidade de compartilhar um pouco da sua história. “E eu nunca pensei que ‘quebrasse’a loja, nunca passou isso pela minha cabeça. Já passei uns meses difíceis aqui, mas nunca faltou para pagar nada. Sei que vou sim passar por momentos difíceis, pois um empreendimento para ter uma saúde precisa de no mínimo 5 anos, e eu ainda estou com 2. Mas acredito que Deus vai continuar abençoando. E é só enaltecer a a Deus. A Ele toda honra, glória e louvor, devo tudo a Ele. E depois meu filho, minha família, a Bruna que me ajuda aqui na loja e todas as pessoas que fizeram parte para isso acontecer. Você, que veio aqui na minha loja na inauguração, eu nunca vou esquecer daquele momento. Agradecer também a você pelo convite. Desde o dia que me convidou eu fiquei ‘meu Deus, o que ela viu em mim? (risos). Mas Deus prepara tudo. Dois dias antes de você falar comigo eu tinha mandado fazer um uniforme novo pra loja. E aí você chega me chamando para fazer parte do projeto. É Deus, não tem como (riso). E tudo foi dando certo. Só tenho que agradecer a Deus, ao Cidades Na Net, eu admiro muito o trabalho de vocês, o site, o trabalho que vocês vem fazendo contando a história de pessoas. E é isso, só agradecer. E as portas da Organize estão abertas para todos” concluiu.


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