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Clicks do Mês

Em agosto, Clicks do Mês homenageia o jaicoense Ednilson Freitas, exemplo de pai; veja relatos e fotos!

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Uma história marcada pelo amor, por força e fé. Por três décadas ele viveu uma linda união, que gerou frutos, que germinou mesmo em meio à muitos espinhos e que sobreviveu aos tempos mais áridos. Eles foram um. Foram como raízes fortes e entrelaçadas.

Porém, nessa trajetória também veio a dor, a enfermidade, as perdas. Sua companheira enfrentou 10 anos de uma luta constante pela vida. Outras pessoas amadas também partiram. A saudade hoje se faz presente.

O jaicoense José Ednilson Freitas de Oliveira, 55 anos, é quem traz essa história para o projeto Clicks do Mês, que em agosto, mês dos pais, retrata um pouco da vida de um pai e avô amoroso e dedicado, que muito fez pela sua família.

O professor Ednilson, como é mais conhecido em Jaicós, teve uma união de 30 anos com a também professora Maritâna de Carvalho Almeida (em memória). Como frutos desse amor, vieram Maylson Jansen Almeida de Oliveira, 30 anos e Jacyanne Lorrane Almeida Oliveira, 28, que presentearam o casal com 4 netos.

Ele lembra como tudo começou. “Nós começamos a namorar no clube mais famoso de Jaicós, a Telhoça Clube. Namoramos por 6 anos. Em 1985 nos conhecemos e no dia 24 de dezembro de 1991 nos casamos. Dessa união tivemos três filhos, um morreu após o nascimento. Nossa vida não foi muito fácil, nem muito difícil. Eu digo que sou uma pessoa muito abençoada por Deus. Antes de casar arrumei um emprego, depois passei em mais dois concursos. Sempre atuei na educação, como professor, diretor de escola, secretário de educação. Já lecionei em todas as escolas do município de Jaicós. Maritânia também era professora da rede municipal”.

Em 1992, menos de um ano após o casamento, veio o primeiro filho. “Quando a gente teve a notícia que ela tava grávida foi aquela emoção, alegria, e o nascimento dele foi outra alegria. Quando cheguei no hospital dona Maria Auzeni disse ‘olha, pega as roupas, o material, que o menino está nascendo’. E enquanto voltei em casa pra pegar ‘os pano’, como a gente chama, o Maylson já tinha nascido. Foi questão de pouco tempo. E aí 2 anos depois veio Jacyanne. Essa que foi engraçado. Sai para fazer um tratamento de um irmão meu em Picos e ela disse assim ‘quando você chegar eu já tenho ganho neném’, eu fui e quando cheguei em casa meu pai disse ‘a mulher tá no hospital e já ganhou neném’. Assim aconteceu e foi uma maravilha, mais uma benção na minha vida”.

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Pais felizes e realizados, Ednilson e Maritâna formaram uma linda família. Passados tempos, precisamente aos 20 anos dessa união, uma grande luta se iniciava. “Em 2011 começou o problema dela de saúde. Ela já tinha sentindo o caroço, feito o exame e aí a gente tava retornando para receber o resultado. Minha irmã foi que pegou o exame e aí ela ligou dizendo que não tinha dado nada, aí foi aquela alegria. Mas depois ela ligou novamente e disse ‘Maritânia eu me confundi, deu positivo o exame”. Aí foi aquele desespero, tive que parar o carro, tentava acalmar ela, mas também desesperado com o resultado do exame. Mas aí com o tempo ela foi tendo consciência e aí começou o tratamento”.

Maritâna começava a enfrentar o primeiro câncer. Sua luta contra a doença se estendeu por longos 10 anos. “A gente viajou muito pra Teresina. Não teve um ano pra gente não ir em Teresina em torno 20 a 30 viagens. À vezes a gente até ficava lá por 1 mês, 15 dias. Ela teve o primeiro câncer, fez tratamento, cirurgia e se curou. Aí veio o segundo câncer uns meses depois e foi do mesmo jeito, assim como o terceiro também, que o médico disse que ela estava curada. Aí no quarto câncer foi metástase. O médico até ficava abismado porque os três cânceres foram separados, na mama, no endométrio, no intestino, e aí no último foi metástase da mama pro fígado. Foram 10 anos lutando”.

Para o esposo e filhos, ver o sofrimento de Maritâna era doloroso. Ela porém, o tempo todo se fazia forte. “No tratamento dela o mais difícil era ver ela sofrer com as quimioterapias, porque o tratamento de câncer é muito agressivo. Aquilo me deixava numa tristeza que às vezes eu saia até de perto, minha filha também via a situação que ela ficava. Mas por mais difícil que fosse ela não reclamava. Ela sofria calada, a gente via ela sofrer, mas ela tentava transparecer que tinha que passar por aquilo, mas que ia se curar, que ficaria tudo bem. Ela nunca reclamou, nunca deixou a gente desamparado” contaram.

Segundo a família, dona Maritâna fez inúmeras cirurgias e também muito sofreu no seu último mês de vida. Mas em todos os momentos, sua força e fé se sobressaiam. “O último mês mesmo foi muito dolorido, cruel. Eu lembro que tinha que tirar líquido da barriga dela. Quando a gente tava aqui tinha que correr pra Teresina pra poder tirar esse líquido. Ela ficou muito debilitada, não foi fácil. Ela fez mais de 10 cirurgias, e eu ficava admirado quando ela ia para o centro cirúrgico. Ela não demonstrava preocupação. Ela lutou muito, tinha muita força e uma fé inabalável, era uma coisa impressionante, e isso até o último dia dela”.

2021 foi o ano marcado pela dor. Maritâna partiu, e também Laisete, esposa de Maylson, filho do casal. “E aí 10 anos depois ela veio a óbito. No problema dela sempre estive presente. Inclusive no último dia, graças a Deus eu estava lá junto com ela. Eu também perdi uma nora no dia anterior. Meu filho ficou viúvo no dia 26 de abril de 2021 e eu no dia 27. Foi um baque muito grande em nossas vidas. Mas a gente teve uma união muito salutar, muito saudável e abençoada por Deus. Se a gente fosse para qualquer lugar era sempre os dois. Fomos muito felizes. A gente era dois em um. Realizamos muita coisa juntos”.

Ela partiu, mas para a família deixou um grande legado. “A gente lutou até o fim. Antes de morrer ela me agradeceu. Ela sabia que ali era o dia. Ela tinha perdido a nora no dia anterior, quando dei a notícia a ela o sofrimento dela era tão grande que ela preferiu ficar calada. Maritâna também era muito preocupada com nosso filho, que já vinha apresentando uns problemas, mas ela nunca se entregou. Ela deixou um exemplo de tudo de bom. De honestidade, de coração grande, de tudo. Minha família todinha era louca por ela” disse Ednilson emocionado.

Ele contou que antes de partir ela ainda realizou um grande sonho. “Ela tinha dois sonhos. Nós tivemos três netos e ela queria uma netinha. Já passando pelo problema, minha filha deu uma netinha pra ela e ela viu realizado seu sonho. Meus netos são minha vida também. E aqui era nosso lugar, a gente vinha pra cá nos finais de semana. É um lugar de muitas lembranças. Ela deixou muitos ensinamentos. De organização, de honestidade, bondade. Se alguém chegasse pedindo alguma coisa pra ela pode ter certeza que dentro das possibilidades dela ela sempre ajudava. Mas a vida não para, a gente tem que continuar, não pode baixar a cabeça. A gente tem que colocar ela e os nossos que partiram no coração e procurar da o melhor para os que estão aqui. O que a gente puder fazer a gente está fazendo. Estamos na luta”.

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A família também enfrentou uma outra batalha. Maylson, filho primogênito do casal, foi afligido por uma doença. “Esse rapaz era muito forte, corria muito, brincava e de repente ele deu uma convulsão. Sem febre, sem nada. Ele tinha 3 anos. Minha esposa sempre foi muito cuidadosa, ela disse “amanhã vamos levar o Maylson para Teresina”. Fomos, foi feito todo tipo de exame e não deu nada. E ai veio se afetar já depois que ele casou. Eu montei uma ‘bancazinha’ pra ele na feira e ele sempre chegava na minha casa três e meia da manhã pra gente montar a barraca. Ele sempre teve um caminhado diferente, mas dirigia, trabalhava, fazia tudo. Um dia ele saiu pra almoçar, aí eu mandei um colega da gente chamar e ele e ele disse ‘não vou mais não’, aí quando rapaz chegou que falou pra mim eu já disse ‘meu filho tá com algum problema”.

Os sinais vieram ainda em meio à luta de Maritâna. Depois o diagnóstico, que trazia mais uma reviravolta na vida da família. “A partir disso ele começou a ficar dormindo e a gente achava que era início de depressão. Ele começou a perder um pouco a movimentação, aí levamos pra psicólogo, passou remédio e ele só piorou, dormia mais ainda, foi se atrofiando mais. Levamos para o psiquiatra porque achamos que era alguma coisa da cabeça dele, e nada, ele piorou. Aí pai e mãe resolveram levar ele para Teresina para um neuro. Ele já tava bem debilitado, perdendo a movimentação das pernas, das mãos. Aí o neuro disse que ele tinha Ataxia Cerebelar, que é uma doença no cerebelo. Inclusive lembro que o médico nesse dia foi muito ignorante. Minha mãe tinha acabado de receber o diagnóstico do câncer e ele disse para ela que não tinha cura, tratamento, remédio, nada para o Maylson. Minha mãe me ligou desesperada e eu fui pesquisar o que era, conversei com outras pessoas que tinham, comecei a colocar ele pra fazer ‘fono’, fisioterapia”.

Hoje Maylson não anda e recebe todo cuidado do pai e família e acompanhamento de profissionais. “Ele começou a fazer o tratamento em casa, depois a gente levou ele em outro neuro e com um remédio que ele passou ele começou a andar, mesmo com muita dificuldade, caindo muito. Só que o medicamento tava trazendo algumas contraindicações e a gente suspendeu. E hoje ele é uma pessoa totalmente dependente de pai, que é quem cuida dele, banha, dá comida, faz tudo. E hoje ele está com um novo tratamento em um centro de reabilitação em Fortaleza”.

A família lembra que depois da partida de Laisete e Maritâna, Maylson teve piora em seu estado de saúde. “Quando ele começou esse problema a esposa dele era viva. Quando tinha dificuldade ela me ligava. Um dia mesmo ele caiu, ela tava grávida desse outro neném e quase não levanta ele. Mas foi depois que ela faleceu que ele piorou. Ele ainda caminhava mesmo com dificuldade, mas depois que ela morreu ficou pior. Laisete foi ganhar neném aqui, levaram para Picos, lá também acharam que a situação era complicada, foi para Teresina, chegou lá com as taxas descompensadas. Foi feita a cesárea, a criança ainda nasceu com vida, foi pra UTI. Quando o bebê saiu da UTI, ela que foi. A criança faleceu, ela ainda passou uns 15 dias, tava intubada, ainda fui lá, tentei falar com ela, pedia pra ela apertar minha mão, perguntava se tava me ouvindo, mas ela não deu nenhum sinal de reação”.

Da nora, Ednilson lembra com carinho. “Laisete era lutadora. Era uma coisa que eu não tinha certeza, mas acredito que devido trabalhar muito ela não se cuidava muito bem. Ela tinha diabete, o bebê era grande, com 5 meses já era considerado o bebê gigante. Ela aumentava muito o peso, era uma gravidez que precisava de auxílio. Maritâna era muito preocupada, mas tava lutando e não tinha como dar assistência a ela. Quando ela chegava lá em casa, Maritâna mesmo doente, com aquele sofrimento, sempre perguntava pra ela ‘Laisete tu fez o pré natal, tá acompanhando direitinho?’. Sempre preocupada, mas sem poder acompanhar. Laisete graças a Deus foi uma pessoa maravilhosa, uma benção na nossa vida, que deixou duas joias pra gente”.

Hoje, Ednilson e os filhos são o apoio um do outro. “Meus filhos são minha vida [lágrimas interrompem a fala[…]. Um hoje passando por problemas de saúde, mas estamos lutando muito pela saúde dele. E minha filha me ajuda demais, essa menina tem um coração grande, sempre está do meu lado, nas lutas, nas dificuldades. Tanto que no dia que a mãe morreu ela tinha ido entregar Laisete à família e quando tava voltando eu liguei dando a notícia. […] Ela começou a chorar, ‘mas pai, mãe sofreu tanto’. Ali era uma forma de acabar com o sofrimento dela. Eu disse ‘volte pra casa’, arrume lá que amanhã eu chego com sua mãe. No dia 28 foi o sepultamento dela”.

Ele segue lutando. “A gente tá lutando com muita fé, o que tem que fazer a gente faz. Moramos eu, Maylson e um neto. Às vezes minha filha fala, ‘pai, vamos colocar uma pessoa pra ajudar cuidar do Maylson’, mas eu até agora não imagino entregar ele pra alguém cuidar, pois ele é dependente de tudo. Ele não fica nem sentado, às vezes não corresponde. Assim vamos seguindo. Sou grato a Deus. Às vezes fico refletindo, mas penso ‘os mistérios de Deus não é pra gente entender não, Ele nos dá força pra seguir nessa caminhada”.

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A filha de Ednilson, Jacyanne, enalteceu o pai. “Nem sei o que seria de nós sem ele. Meu pai sempre foi o alicerce da nossa família e hoje mais ainda. Ele é um exemplo de ser humano íntegro, honesto, dedicado e eu sou muito grata de tê-lo na minha vida e por todos os ensinamentos que ele passou para mim e meu irmão. Tenho certeza que se Maylson fosse falar aqui ele diria a mesma coisa” concluiu.

Da mãe, ela também sempre lembrará, com amor e saudade. “Minha mãe foi tudo pra mim, ela fez tudo o que podia e mais por mim, por meu irmão. Me deu absolutamente tudo, graças a Deus nunca me faltou nada. Minha mãe era minha melhor amiga, minha confidente, era eu e ela para tudo. Ela nos deixou muita saudade, exemplo de força, coragem, honestidade, fica só a saudade da pessoa maravilhosa que ela foi para nós. Na verdade não há palavras para dizer o ser humano incrível que minha mãe foi. Sempre quando venho a Jaicós é o momento que mais sinto a falta dela, eu sinto o vazio. Só nos resta uma saudade que nunca será preenchida” finalizou.


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