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Personagens de filme sobre Parnaíba morrem a espera de edital para liberação de recursos

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O cineasta piauiense Danilo Carvalho espera há um ano e meio pela liberação de recursos de um edital realizado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) no ano de 2017. A espera é tamanha que seu projeto, um documentário para resgatar parte da história de Parnaíba através de vídeos da década de 1940, tem perdido personagens: quase metade dos idosos que seriam entrevistados pelo cineasta morreu durante o período.

G1 procurou a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), que não se posicionou sobre a demora na liberação dos recursos do edital.

Havia mais de 80 anos que o tio do cineasta piauiense Danilo Carvalho guardava três latas com rolos de filme super8, como dois grandes tesouros. “Quando abrimos uma delas o filme estava estragado. Foi só assim que ele aceitou me ceder o material”, contou.

Imagens de Parnaíba da década de 1940 — Foto: Imagens retiradas do Filme Parnahyba - as janelas olham devagar

Imagens de Parnaíba da década de 1940 — Foto: Imagens retiradas do Filme Parnahyba – as janelas olham devagar

Dentro das duas latas remanescentes, o cineasta encontrou os primeiros 20 minutos vídeo feito da cidade de Parnaíba, no Litoral do Piauí. Desde que os filmes foram revelados o cineasta planeja filmar um documentário que aproveite o tesouro para registrar e discutir esse fragmento de memória de uma das cidades mais antigas do estado.

“Ele me passou os filmes porque sou o primeiro da família, em gerações, a realmente se interessar em trabalhar com cinema. Eu sustento minha família fazendo filmes”, disse Danilo, que mora em Parnaíba.

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Imagens de Parnaíba da década de 1940 — Foto: Imagens retiradas do Filme Parnahyba - as janelas olham devagar

Imagens de Parnaíba da década de 1940 — Foto: Imagens retiradas do Filme Parnahyba – as janelas olham devagar

O filme de Danilo Carvalho, intitulado ‘Parnahyba, as janelas olham devagar’, foi o primeiro selecionado no edital de projetos audiovisual, aberto em 2017, mas até agora não pôde começar a rodar. A espera se aproxima dos dois anos, sem que nenhum dos 20 filmes selecionados recebesse os recursos, que variam de R$ 58 mil a R$ 1 milhão por produção.

Para criar seu filme, Danilo Carvalho contou ao G1 que entrevistaria pessoas que moraram em Parnaíba na década de 1940, época em que os filmes encontrados nas latas foram filmados. Entretanto, nos dois anos em que o cineasta espera pelo financiamento da Secult, pelo menos um terço dessas pessoas já faleceram.

Porto das Barcas em Parnaíba no ano de 1940 — Foto: Imagens retiradas do Filme Parnahyba - as janelas olham devagar

Porto das Barcas em Parnaíba no ano de 1940 — Foto: Imagens retiradas do Filme Parnahyba – as janelas olham devagar

“Eu fui lesado porque confiei no edital. Com isso, sete pessoas morreram nesse período, quase metade dos meus personagens, pessoas que eu tinha como centrais para o filme”, disse Danilo Carvalho.

Entre os falecidos estão dona Dalva Couto, uma pianista que tocou em Parnaíba, e Flávio Caracas, a pessoa que instalou o primeiro poste de energia elétrica na cidade. “São pessoas com idades de até 80 anos. E não podemos esperar para sempre. Logo essas pessoas não vão mais estar aqui”, destacou.

Dois anos de atraso

Ao todo, são 20 projetos já prontos de filmes a serem produzidos por cineastas e produtoras piauienses que esperam desde o final de 2017. Os produtores receberiam ao todo R$ 6 milhões, sendo R$ 2 milhões oriundos do Governo do Estado e R$ 4 milhões do Fundo Setorial de Audiovisual, cedido pela Agência Nacional de Cinema (Ancine).

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De acordo com o cineasta Thiago Furtado, que está entre os selecionados, o grupo de cineastas contemplados pelo edital tentou conversar diversas vezes com a Secult e com a Secretaria de Fazenda (Sefaz), mas até agora não conseguiu a liberação do recurso.

O resultado da seleção foi divulgado em dezembro de 2017. Em janeiro de 2018, veio a confirmação do edital no Diário Oficial do Estado do Piauí. O valor foi autorizado pela Procuradoria Geral do Estado.

“Disseram que em fevereiro sairia, mas até agora nada. Dizem que a situação do estado está ruim, mas não temos culpa. Se está, por que fizeram o edital sem ter o dinheiro na conta? Por que não fizeram só quando tivessem?”, disse Thiago Furtado.

Para o cineasta, as produções seriam de grande valor para a consolidação de uma cultura de audiovisual no estado que ainda tem participação tímida a nível nacional. “Acho uma perda gigante de criatividade, de material humano, de aprendizado principalmente, e contar nossas histórias. Estamos perdendo a chance de botar o nome do Piauí de vez no cinema nacional”.

Fonte: G1

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