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Clicks do Mês

De viciado em drogas, a vereador mais votado em Santo Antônio de Lisboa; Clicks do Mês de março conta a história de “Dudé”

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Quando ainda era apenas um adolescente, escolhas erradas e más companhias o levaram a um mundo sombrio. Aos 12 anos de idade ele iniciava uma jornada que se transformou em 10 anos de escravidão, dor e sofrimento.

Ele conheceu o cigarro, álcool, loló, maconha, haxixe, cocaína, não conseguiu mais se desvencilhar desse caminho e até os 23 anos de idade viveu em função do vício.

A história narrada acima é de José Ediuso de Sousa Rodrigues, o Dudé, hoje com 39 anos de idade. Ele, que após anos como viciado em drogas, teve a vida transformada e se tornou o vereador mais votado da história de Santo Antônio de Lisboa, sua cidade, é o personagem do projeto Clicks do Mês, edição de março.

Dudé, que hoje é casado com Maria Francélia de Moura Sousa Rodrigues, com quem tem três filhos, Marcos Levi de Sousa Rodrigues, José Davi de Sousa Rodrigues, e Pedro Eli de Sousa Rodrigues, de 12, 8 e 4 anos, respectivamente, tem uma história de dor, mas também de transformação.

José é um dos seis filhos de Geraldo Manoel Rodrigues (em memória) e Raimunda Rosalina de Sousa, que com muito esforço criaram os filhos. “Meu pai era lavrador da roça, com uma família de 6 filhos. Era uma vida sofrida, difícil, a gente sabe que para pessoa da roça não é nada fácil sustentar uma casa tão grande, mas meu pai sempre dedicado, trabalhador, juntamente com minha mãe, criou nós” lembrou ele.

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Da infância, Dudé contou que não queria estudar. A mãe insistia e chegou até a pagar escola particular, mas o filho não quis. “Eu quando era pequeno nunca quis ir pra escola, só queria brincar. Mãe pelejava, corria atrás de mim pra ir pra escola, ela tentou tanto que naquela época, na dificuldade da roça, ela ainda pagou escola particular pra poder eu estudar, mas eu não queria mesmo, só queria estar brincando na rua”.

Fora da sala de aula, José passava muito tempo na rua, e foi aí que tudo começou. “Como eu brincava muito na rua comecei a me envolver com uma turma de amigo bagunceiro, e aí através deles foi que comecei a me introduzir nas drogas, eu tinha uns 12 anos. Comecei fumar escondido, beber escondido sem mãe saber, fumei muito tempo cigarro normal. E aí foi quando começou, veio o loló, que naquela época tinha muito, comecei entrar na maconha, e daí minha trajetória de vida foi cada dia se aprofundando cada vez mais na droga”.

Sem controle, José investia tudo que tinha na droga e chegava até a juntar restos de cigarro na rua para poder fumar. “Eu estava numa situação tão difícil na vida, que eu fumava, não tinha dinheiro para comprar um cigarro, então catava toco de cigarro no meio da rua pra fazer um cigarro pra poder matar meu vício. Saia pedindo a um e a outro um trago, uma bituca. O vício me controlava. Tudo que pegava investia na droga, principalmente na maconha. Eu acordava pra fumar e dormia drogado. Minha juventude eu perdi quase toda pra droga. Usava maconha, através dela conheci o haxixe, cocaína, tomava comprimido. O crack quando vim conhecer, graças a Deus já estava no fim da minha trajetória na droga”.

Dudé disse que sua família sofria muito e que ele se destruía cada vez mais. “Foi uma vida de sofrimento. Hoje eu não quero isso para os meus filhos e para nenhum jovem. Quando está no mundo das drogas você perde o caráter, o povo não tem confiança em você. Às vezes a gente chegava no meio do pessoal e eles tinham medo. Aos 23 anos de idade eu não tinha uma bicicleta, e desde pequeno eu sonhava em ter, mas nunca pude, por causa das drogas que me consumiam, jogo, festas. E eu achava que estava vivendo a vida, mas estava cada vez mais me destruindo. Minha família sofria muito, eu perseguia por dinheiro pra usar drogas. Eu chegava em casa bagunçando as vezes, querendo intimidar, obrigar eles a me dar dinheiro. Era uma dificuldade muito grande”.

Ele lembra que ganhou uma moto, e que, dirigindo sob efeito de drogas, terminou sofrendo dois acidentes. “Quando eu tinha 22 anos eu estava doido por uma moto, aí juntei com mais três amigos usuários e a gente queria ir embora para Sonora, ganhar dinheiro para comprar uma moto. A família não quis, aí terminou que juntou eles, venderam uma safra de feijão e compraram uma moto pra mim pra que eu não viajasse. Mas foi pior, pois nessa moto foi que veio o desmantelo, eu levei dois acidentes. Eu vinha num beco de uma roça, bati num cavalo e matei ele da pancada, e levei um acidente que quando vim “da fé” eu já estava em Picos” contou.

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A história de Dudé começou a mudar quando ele aceitou o convite de um amigo para ir à igreja e em uma dessas visitas, tomou a decisão de que queria seguir a Jesus. “Teve um amigo meu que se chamava Decim, ele aceitou Jesus e começou a me convidar pra igreja. Eu fui uma semana com ele pra igreja, e ali eu ouvia a palavra e sentia um alívio, porque eu estava escravo. Eu dormia pensando ‘amanhã eu não vou usar’, mas acordava de manhã e usava, o vício é tão dominante que a pessoa não tem o controle suficiente para se libertar. Mas aí quando foi no dia 5 de julho de 2005, eu aceitei e me entreguei a Jesus Cristo”.

Dudé disse que não sabia como viveria a partir daquele momento, mas contou com a ajuda de um pastor, e teve a vida totalmente transformada. “Quando aceitei e sai de lá eu pensei ‘e agora como vou viver’, porque eu achava que só vivia se fosse no mundo, com os amigos. Mas aí graças a Deus teve o pastor Leôncio que foi um pai pra mim, me colocou debaixo do braço, cuidou, e hoje onde ele andar ele conta testemunho meu. Minha vida mudou completamente. Desde que aceitei de lá para cá, tudo mudou. E deixo bem claro que toda glória é para Deus, pois tudo foi Ele que fez em minha vida. Não foi por minha força pois todo dia eu dormia tentando me libertar e não conseguia, só consegui depois que Jesus entrou em minha vida”.

No ano seguinte, Dudé casou-se com Francélia. “Depois que aceitei pouco tempo depois conheci minha esposa Francélia, nós casamos dia 7 de dezembro de 2006, e graças a Deus que Ele mudou minha vida, me deu uma esposa, companheira, uma mulher guerreira que está sempre do meu lado. Deus diz que é melhor ir dois no caminho do que um só, e dou graças a Deus por Ele ter me dado ela”.

Ele conta que muitos questionaram a união com Fracélia, que a família dela não queria, pois temiam que ele voltasse às drogas. “Depois que aceitei Jesus ainda passei aquele tempo da abstinência, mas eu aceitei e já abandonei tudo, cigarro, droga, bebida. Mas muita gente dizia ‘ rapaz, ela tem coragem de casar com ele’. Porque a gente sabe que quem se aproxima de quem usa droga é aqueles que também usam, aí como ela era de família, o pessoal ficava falando, e a família dela também não queria. Todos tinham medo que eu voltasse ainda para as drogas, mas isso não aconteceu. E a transformação foi tão grande que hoje conversando com vocês aqui eu lembro do passado, mas quando me olho no espelho não, eu só vejo quem sou hoje”.

Francélia disse que acreditava que Deus poderia mudar a vida dele. “A confiança não era na pessoa dele, ele tinha que conhecer alguém que confiasse muito que Deus tem poder de transformar a vida de alguém, e foi o que aconteceu, a minha confiança era em Deus, e eu acreditei e não me decepcionei. Pouco tempo que ele aceitou Jesus eu comecei a namorar com ele, estava recente, mas desde o início até hoje nesses 15 anos de casamento, eu nunca vi ele ter uma recaída. A transformação que Deus fez na vida dele foi radical, muito poderosa” disse ela.

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Dudé disse que quando casou não tinha nada, mas Deus foi o abençoando. “Quando casamos não tínhamos nada, eu tinha só uma moto, que a gente trocou num jipe, porque a gente usava pra ir para os cultos lá no Sítio Salvador e usava também para trabalhar na safra, nas roças dos outros. Quando foi na terceira roça que a gente foi trabalhar, que um irmão tinha comprado, junto com outro irmão, um deles desistiu do negócio, me emprestou o dinheiro e eu comprei a roça, com a outra parte pra pagar depois da safra. Comprei a roça por 15 mil e quando foi na safra a gente fez 36 mil na roça. Eu comprei a roça junto com o irmão Assis e começamos a trabalhar juntos. Veja como Deus faz, Ele tira a gente lá do mundo, drogado, catando toco de cigarro no meio da rua, e abençoa. E essa roça que comprei eu trabalhava lá para descontar uma conta que tinha no bar, e aí Deus foi e me deu essa roça”.

Hoje, a família trabalha em vários ramos. “Como eu nunca tinha ido pra escola, tive que me voltar pra roça. Deus abriu outra porta e comprei mais uma terra. Através dessas roças Deus foi me abençoando. Troquei uma moto numas caixas de abelha, comecei a mexer com mel. Em 2019 nós montamos uma fábrica de cajuína, temos também um trator para gradear terra, e foi tudo pela benção de Deus, ele foi abrindo portas e a gente trabalhando”.

Já o interesse pela política, foi despertado em Dudé após a esposa ter sido eleita para o Conselho Tutelar. Dudé foi eleito vereador pela primeira vez em 2016, e na eleição seguinte, se tornou o vereador mais bem votado da história da cidade. “Em 2008 Francélia foi candidata no Conselho Tutelar, e tirou quase mil votos, e daí eu fiquei com aquela visão na política. Em 2012 nós começamos a orar pedindo orientação a Deus pra entrar na política. Nesse ano a gente não entrou, pois teve um contratempo no partido, e nenhum candidato foi lançado. Aí fomos tocando a vida pra frente e quando foi em 2016 eu entrei. Na minha coligação nós fizemos 3 vereadores e eu fui o mais votado, e o 5º no geral. Quando foi em 2020 Deus me surpreendeu mais ainda, pois fui o vereador mais bem votado da história de Santo Antônio de Lisboa, para a honra e glória de Deus. De onde eu vim para onde estou hoje só por Deus mesmo”.

Por fim, Dudé disse que hoje vive feliz com a esposa e os três filhos. E mais uma vez, ele destacou que tudo que aconteceu em sua vida, foi graças a Deus. “E Deus segue nos abençoando. Hoje estamos aí com três filhos, já construímos uma casa própria, temos nossas roças, nosso trabalho. E os nossos filhos são a maior benção que temos, fico feliz de mais por Deus ter nos dado essa dádiva, e de ter logo três e todos homens para me ajudar (risos). E eu sei que tudo foi Deus que fez por mim, por isso procuro sempre retribuir tudo, e dar glória a Ele. Se não fosse Deus na vida minha, a misericórdia dele, tenho certeza que hoje eu não estaria mais vivo” concluiu.


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