TJ-PI mantém concurso, mas elimina 50 candidatos beneficiados por fraude

O Tribunal de Justiça do Piauí anunciou nesta quarta-feira (30) que irá manter o concurso público realizado em dezembro do ano passado e que foi alvo de investigações da Polícia Civil por fraude. No entanto, o presidente do TJ, desembargador Raimundo Eufrásio, autorizou a Fundação Getúlio Vargas, organizadora do certame, a eliminar 50 candidatos beneficiados direta ou indiretamente pelo esquema fraudulento.

A decisão foi tomada após análise minuciosa das provas produzidas pela Polícia Civil e apresentadas em relatório entregue ao TJ na semana passada. O inquérito foi concluído na quarta-feira (23), sendo 21 pessoas indiciadas, 12 delas estão presas.

“Não encontramos indícios fortes para a anulação do concurso. Todos os envolvidos direta ou indiretamente na fraude, estes estão eliminados”, falou o presidente.

Conforme o Tribunal de Justiça, a Fundação Getúlio Vargas está autorizada a divulgar o resultado preliminar eliminando os candidatos envolvidos no esquema. A lista dos eliminados deverá sair ainda esta semana.

Mais de 42.920 candidatos disputaram em dezembro do ano passado as 180 vagas ofertadas pelo TJ-PI para cargos efetivos de escrivão judicial, analista de sistemas de banco de dados, analista de sistemas telecomunicações, auditor, enfermeiro e analista administrativo.

Investigação
Segundo o delegado geral Riedel Batista, a polícia concluiu que se trata de uma organização criminosa muito bem articulada, com diversos membros, na qual cada um fazia um papel específico como negociar o gabarito, convocar pessoas para responder as provas, entre outros serviços.

O delegado informou que as 12 pessoas presas durante a operação são consideradas os cabeças da quadrilha e têm envolvimento direto com as fraudes. Entre elas, está o policial civil que passava informações ao grupo e funcionários públicos sobre as investigações. Já entre os que vão responder ao processo em liberdade estão candidatos detidos no dia do concurso e durante a investigação.

Os candidatos pagavam de R$ 800 a R$ 1mil para ter acesso ao gabarito. Com a aprovação, eles teriam que pagar até 10 vezes o valor do salário.

“Este valor era dividido e muitas vezes o candidato fazia empréstimo consignado para pagar. Se o salário era de R$ 5 mil, por exemplo, ele pagava R$ 50 mil”, afirmou o delegado.

A polícia continua com as investigações para apurar a participação do grupo nas fraudes dos concursos do TRE-MA, Seduc-MA e prefeitura de Fortaleza. O delegado não descartou outras prisões neste casos.

Entenda o caso
A Polícia Civil do Piauí descobriu que a quadrilha desarticulada no dia 10 de março negociava gabaritos e contratava pessoas para responder as provas de concursos públicos por meio de um grupo em aplicativo de mensagens instantâneas.

Dois policiais foram presos suspeitos de participação no esquema. Um deles repassava  mensagens com informações sobre o inquérito para pessoas alvo da investigação.

“Encontramos no celular do policial algumas mensagens sobre a operação, o que comprova que houve vazamento. Em relação aos outros mandados cumpridos nesta terça-feira são referentes à etapa final do inquérito”, explicou o secretário de segurança, Fábio Abreu.

O concurso do TJ
No dia do concurso, cinco candidatos foram detidos após serem flagrados com aparelhos celulares, documentos falsos, mas liberados após prestarem esclarecimentos. A polícia confirmou que alguns deles estão entre os alvos dos mandados de condução coercitiva cumpridos.

Em dezembro do ano passado, 42.920 candidatos disputaram as 180 vagas ofertadas no concurso público do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI). As provas foram aplicadas das 8h às 13h (horário local) para candidatos que concorreram às vagas de escrivão judicial, analista de sistemas de banco de dados, analista de sistemas telecomunicações, auditor, enfermeiro e analista administrativo.

No turno da tarde das 14h30 às 19h30 foram aplicadas as provas para as carreiras de oficial de justiça avaliador, analista de sistemas desenvolvimento, contador, engenheiro eletricista, médico, nutricionista, odontólogo, psicólogo, psiquiatra e analista judicial.

 

 

G1