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JAICÓS | Ao lado da família, Maria das Dores celebra 80 anos de vida e conta um pouco de sua história; veja fotos e relatos!

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Em um momento marcado por muita alegria e gratidão, Maria das Dores Filha, que é do povoado Várzea Queimada, em Jaicós, celebrou na última terça-feira (22), ao lado de familiares e amigos, seus 80 anos de vida.

Na data especial, a aniversariante foi presenteada com uma bela festa, que aconteceu em sua residência, situada próximo à Escola Municipal Manoel Barbosa, na área central do povoado Várzea Queimada.

Além de reunir a família e amigos em uma noite festiva, ela também compartilhou um pouco da sua história. Maria das Dores Filha, casada com Sebastião de Sousa Filho, é filha de Maria das Dores, a primeira neta de Manoel Barbosa.

Matriarca de uma grande família, dona Maria teve 8 filhos: Josefa Maria Neta Reis, José Sebastião de Sousa (Zé Valdo), Lúcia Maria de Sousa, Lucilene Maria de Sousa, Denevaldo Sebastião de Sousa (Em memória), Maria José de Sousa, Guilherme Sebastião de Sousa (Em memória), e Carleusa Maria de Sousa. Da mais nova geração, são 15 netos e 5 bisnetos.

Em sua trajetória, dona Maria teve diferentes ofícios. Professora leiga, agricultora, artesã, mãe e mulher de fé, muita força e bondade.

“Maria das Dores é uma pessoa batalhadora, juntamente com Sebastião, pessoas da roça, mas que sempre pensaram no futuro e desenvolvimento de Várzea Queimada. Minha mãe foi professora leiga por 6 anos. Me lembro que quando tinha 10 anos, ajudava muito ela na sala de aula, e sei que tem muita gente da Várzea Queimada, que hoje são bem desenvolvidos em São Paulo, que foram alunos dela” contou a filha mais velha, Josefa Reis.

Ela disse que a mãe foi a inspiração para que ela e mais três irmãs, se tornassem professoras. “Foi através dela que veio minha inspiração de ser professora. Ela conseguiu formar quatro filhas, que são professoras, e seus outros filhos todos tem estudo, embora não tenham seguido a profissão. A gente só tem que agradecer a ela e ao meu pai Sebastião, por terem se esforçado, se dedicado e incentivado para que a gente estudasse. Tivemos que nos deslocar daqui para Jaicós para poder estudar e hoje estamos formadas, graças a Deus. Eu sou a filha mais velha e me sinto muito satisfeita por já ser até uma professora aposentada”.

Os filhos, Maria e Sebastião criaram com muito trabalho e esforço. “Eles nos criaram sempre do trabalho da roça, mas pai também era motorista de caminhão, trabalhou muito carregando lenha para a cerâmica, então conciliava as duas coisas. Enquanto ele estava trabalhando de motorista, mãe estava na roça com os filhos”.

O casal também colaborou para o desenvolvimento de Várzea Queimada. “O esposo dela, Sebastião de Sousa, foi um representante político aqui na Várzea Queimada, chegou a se candidatar a vereador e ficou na segunda suplência. Ele, juntamente com mãe, foi uma pessoa que representou o povoado e ajudou muita gente aqui, em questões como busca de exames, de rémédios, de registro para filhos” disse Josefa.

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Dona Maria também contou algumas de suas lembranças. A primeira coisa que ela destacou, foi o amor pela profissão de professora. “Eu gostava muito de trabalhar em escola, não trabalhei mais porque não deu. Mas eu gostava tanto que ia para a escola e ainda levava essa menina com 7 anos. Eu amava muito ser professora. Eu tive “desgosto” porque queria estudar em Jaicós, mas meu pai não deixou, ele dizia pra estudar em casa mesmo, e assim fiquei. Mas mesmo assim com pouco estudo, ajudei outras pessoas. Me orgulho demais em hoje ter 4 filhas professoras”.

Ela também era artesã da palha, atividade que há muitos anos, gera renda para famílias do povoado. “Também fazia trança, costurava, levava pra feira de jumento pra vender, depois Sebastião conseguiu um carro velho, e aí levava no carro. Aprendi a fazer com minha mãe e ‘os outros povo de perto’ que fazia. E quando eu vendia o dinheiro que ganhava ajudava em casa. As filhas tudim aprenderam também a fazer trança. Eu dizia para elas, ‘minhas fia, vamo fazer a trança pra nós fazer o dinheiro de comprar roupa pra ir pro festejo, aí elas ficavam tudo contente”.

Dona Maria também lembrou que enfrentaram dias de dificuldades. “Foi difícil, porque eu ficava aqui com esses meninos trabalhando na trança, numa coisa e outra, e Sebastião ia para a cerâmica, passava de 15 dias lá. O mais pesado que eu achava era que ficava na chapada só com esses meninos, e lá até onça passava. E não tinha luz, nada. Eu acendia o foguinho de lenha e ficava lá até o menino chegar, vinha montado num jumentinho. Teve um dia que até chorei, ele chegou dizendo ‘Ei mamãe, hoje o caba da cerâmica num pagou papai não, só amanhã. E agora, como é que a gente passa?’. E eu dizia, conforme Deus queira meu fi. Ai eu fiz chá de canelinha pra eles tudim e dei só o chá mesmo”.

Porém, a filha Josefa lembrou que também existiram dias de fartura. “Teve os momentos difíceis, mas também aqueles onde eles ajudaram muita gente aqui. Tinha os projetos na roça, aí fazia aquelas brocas, chamava o pessoal pra trabalhar e tinha dia que tinha 10 trabalhadores. Aí ela ia pra cozinha fazer a comida para os trabalhadores e levava daqui pra roça, na cabeça. E era os 5 dias na semana. Eram pessoas que necessitavam e eles ajudavam. Na panha de feijão também às vezes tinha 10 mulheres trabalhando. Enfim, teve os tempos difíceis, mas também os de fartura, porque a roça é assim” concluiu ela.

A filha Maria José, fez questão de destacar que a mãe sempre foi um mulher de fé. Ela contou que dona Maria sempre levava os filhos para a igreja e por muito tempo foi a responsável por fazer a comida dos padres que vinham para o povoado.

“Eu tenho muita dó de hoje em dia não poder ir pra missa, pra reza aqui perto, mas enquanto pude eu fui. Mas graças a Deus ainda rezo um terço em casa mesmo e minha fé continua” disse dona Maria das Dores.

Por fim, a idosa agradeceu pela data especial. “Fiquei feliz hoje. Agradeço todo mundo que veio pra essa festa. Sou muita agradecida por todo mundo que veio pra cá, que Deus nosso Senhor ajude que nós todos tenhamos felicidade e saúde”.

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