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Clicks do Mês

Um jovem que renasceu: Wesley Monteiro traz história emocionante ao Clicks do Mês; veja relatos e fotos!

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Um acidente, hemorragia, fraturas, cinco cirurgias. Um momento tomado pelo medo, angústia, tristeza e incerteza. Para muitos, parecia o fim de uma curta jornada dele na terra. Mas na verdade, uma nova história estava sendo escrita ali, em meio à dor.

Após uma tão grande tragédia, ele recebeu uma nova chance, e veio o seu renascimento. Sua vida é um milagre, e toda a sua trajetória, um exemplo de superação, força, perdão, vontade e fé.

Ele, é Francisco Wesley Monteiro, que com apenas 26 anos de idade, possui uma grande história de superação. Nesta edição de junho, o projeto Clicks do Mês foi até o povoado Samambaia, na cidade de Picos, onde o jovem mora, para trazer aqui, relatos de sua vida.

Wesley foi criado pelos avós maternos, Raimunda Ana Monteiro e Claro Ricardo Monteiro (Em memória). Sua mãe, cedo teve que se ausentar em busca de emprego. Com o pai, ele só teve contato quando era muito pequeno, e nem lembranças pôde guardar.

“Desde sempre eu moro com meus avós. Após 1 ano do meu nascimento minha mãe teve que ir procurar melhorias em outro estado, que foi no Ceará. Na época ela queria me levar, mas meu avô falou que não era bom me levar porque eu era uma criança e ela não tinha nada certo de emprego lá, então ele pediu para me deixar com eles, e quando ela se estabelecesse, poderia vir me buscar. Só que aí ela passou um bom tempo sem dar notícias, todo mundo ficou desesperado pensando que tinha acontecido alguma coisa de ruim com ela, aí com uns 6 anos ela apareceu no Geminiano, passou uns dias e voltou pra Fortaleza. Nessa visita a gente soube que ela tava trabalhando em casa de família. Ela é doméstica, com muito orgulho, é uma pessoa trabalhadora, batalhadora”.

Quando a mãe voltou novamente, Wesley tomou uma importante decisão, a de ficar com aqueles que desde o início foram seu sinônimo de amor. “Quando eu tinha 12 anos ela voltou de novo e veio na intenção de me levar, mas meus avós já tinham se apegado muito a mim, pois eles só tiveram filhas mulheres, teve um rapaz, mas que faleceu ainda criança. Então ela disse que eu já poderia escolher se queria ir ou não. A gente teve uma conversa séria e eu disse que não, que queria ficar com eles, pois seria muita ingratidão da minha parte morar com eles até um certo ponto e depois abandoná-los”.

Ele manteve contato com a mãe, mas seus avós e a irmã, que foram seus alicerces. “Nos meus 14, 15 anos, a gente começou a se aproximar mais e aí eu fui para Fortaleza pela primeira vez, conheci a família por parte do meu padrasto, e foi uma experiência bacana, mas depois a gente voltou a ter uns atritos, meu relacionamento com minha mãe biológica nunca foi dos melhores. Mas de um tempo pra cá graças a Deus muita coisa mudou, a gente se aproximou e está tendo um relacionamento muito bom. Mas eu devo a minha vida realmente a meus avós, e à minha irmã de criação, que também foi como uma mãe pra mim, ela deixou de viver muita coisa na adolescência dela pra cuidar de mim”.

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Mas, a presença do pai e mãe biológicos, fez falta, lembra Wesley. “A gente não teve aqueles momentos de mãe e filho, com meu pai biológico também não. Infelizmente eu não tive a presença dessas duas figuras na minha vida. Para mim foi muito doloroso, e até hoje é, pois eu sempre lembro. Eu era aquele filho que tinha vontade de ir a um local com meus pais, ter aquele momento com eles, conversar, sair, mas infelizmente não tive isso. Eu aprendi com minha irmã e o marido dela, eles que me ensinaram sobre ter cuidado, também em questão de relacionamento, de crescer. E hoje sou o que sou graças a meus avós e a eles”.

Os avós, sempre fizeram o melhor pelo filho que Deus a eles concedeu. “Meu avô e minha avó sempre estiveram comigo, marcavam presença nas reuniões da escola, acompanhavam meus estudos. Meu avô sempre me incentivou a estudar, pois ninguém na minha família tinha chegado ao grau que eu tinha chegado nos estudos. Ele sempre falava ‘meu filho, estude, pois a caneta é mais leve que a pá’. Eles vem da roça e sempre incentivavam a estudar. Hoje eu sou o único da família por parte da minha avó que tem graduação. Tem outros que estão no caminho, mas eu sou o primeiro a ter o diploma”.

Por todo amor e cuidado que recebeu, a gratidão que Wesley tem pelos pais, é enorme. “Eu nunca vou esquecer o que eles fizeram por mim e o que minha mãe ainda faz até hoje. Se eu pedir qualquer coisa ela me dá, eu é que evito pedir, pois já tenho meu trabalho e quero comprar minhas coisas com meu próprio suor, mas sou muito grato a Deus por ter eles na minha vida, acho que sem eles eu não seria nada. Com minha mãe poderia ter tido uma vida diferente, melhor ou até pior, mas eu acredito que tudo na vida tem um propósito. Então, quando minha mãe engravidou, que eu fiquei para morar com eles, acho que isso era pra ter acontecido. Se não fosse eu eles também já teriam ficado sozinhos, pois a filhas todas já casaram, e eu sou o único que está aqui ainda. Sempre falo pra todo mundo que minha mãe (avó) é tudo na minha vida”.

Seu pai (avô) faleceu em 2009, aos 88 anos. Para ele, uma das maiores perdas de sua vida. “O pai que eu tive foi meu avô. Ele era cego, e era um homem íntegro, trabalhador, batalhou muito na vida, criou todos os seus filhos através da roça, e ele nunca deixou faltar nada pra gente, era um homem muito sábio. Ele tinha aquela brutalidade dele, mas sempre demonstrava carinho tanto para mim, quanto para as filhas biológicas. E pra gente foi muito doloroso, principalmente para mim que vi, ele morreu praticamente nos meus braços. Ele já tinha problema no coração, fazia tratamento […]. A cama dele era aqui na sala, um certo dia ele pediu água pra mim, eu sai pra ir na cozinha pegar e quando voltei ele já tava virado pro outro lado, morto. Pra mim foi muito doloroso e pra minha mãe mais ainda, eles passaram mais de 40 anos juntos. E até hoje eu olho pra essa casa e vejo ele andando, pegando nas paredes, ele tinha muito apego a essa casa, que ele batalhou muito com minha mãe e minha mãe biológica pra poder conseguir”.

Com lágrimas nos olhos, ele disse que teme o dia em sua mãe também partir. “Tudo que eu passei eu penso nela, todo dia eu rezo por ela, não gosto nem de imaginar o dia que ela não estiver mais comigo, porque pra mim vai ser o pior dia da minha vida, porque ela é tudo pra mim. Mas creio que ela ainda vai viver muitos anos, ainda vai ter muito orgulho de mim e vamos vencer muitas coisas juntos, igual a gente venceu na minha graduação, formatura. Ela sempre esteve comigo, me apoiou e quero que ela sinta cada vez mais orgulho de mim” disse emocionado.

Para Wesley, os pais são e sempre serão o seu orgulho. “Nunca neguei eles para ninguém, sempre falo, posto foto com ela. Vejo que ela tem muita vontade de escrever o nome dela, então de vez em quando eu ensino ela. Ela gosta muito de ver meu material de estudo, de trabalho também. Eu tenho muito orgulho deles dois, tanto dele que já partiu, mas nunca será esquecido, como dela. E eu tenho pra mim que é capaz dela viver mais que eu (riso), pois a coragem que ela tem é grande, espero que ela viva mais de 100 anos”.

O acidente

Em 6 de maio de 2014, quando Wesley tinha 18 anos, mais uma barreira surgiu em sua vida. O jovem foi vítima de um grave acidente, que o deixou entre a vida e a morte.

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“Eu fazia um cursinho a noite no Centro de Picos e estava retornando com uma amiga, a gente passou na casa do cunhado dela para entregar a moto a ele, pra ele vir deixar a gente em casa, era aqui perto. Quando a gente entrou na pista eu tinha acabado de tirar meu capacete e entreguei a ele, que ia pilotando. A gente ficou parado esperando passar os carros, e umas 10 e meia, de repente só escutamos um grito e quando a gente olhou pra trás já foi aquela luz em cima e a batida, um impacto bem forte, eu bati a cabeça, mas fiquei consciente. Eu fiquei acordado, mas tava fora de si, lembro que chegou muita gente lá, depois chegou a irmã da minha amiga, que era minha amiga também, e lembro dela dizendo que ia dar tudo certo […]” conta ele.

Em estado grave, Wesley precisou ir com urgência para Teresina. Sua mãe, quando soube de tudo, ficou de coração aflito. “Veio duas ambulâncias, uma pra me levar e outra para os meus amigos. Quando o médico chegou de cara já disse ‘ele tem que ir pra Teresina’, se não ele não vai resistir’. Aí foi aquela loucura toda, foi uma prima minha, minha tia, passou um grande amigo da nossa família, que já foi ligando pra Teresina pra ajeitar as coisas por lá pra poder eu ser logo transferido. Minha tia que foi pra Teresina comigo. E mãe, quando dá aquela hora, se eu não chegar em casa ela já fica doida, num pé e no outro, sai pra fora, fica olhando. Aí ela disse que quando abriu o portão, já viu aquela multidão de gente, o pessoal não sabia como ia falar pra ela, pois sabem do apego que ela tem comigo. Quando vieram falar ela disse ‘eu sei, meu filho levou um acidente’. Ela tinha sentido. Na mesma hora ela ficou desesperada, já foi correndo pro rumo da pista pra vê se me via, e aí um amigo meu foi atrás dela, tentou acalmar, explicou que eu tinha ido pra Teresina”.

Na estrada, a luta pela vida. No hospital, já em Teresina, mais complicações surgiam. “Eu fui o caminho todo derramando sangue, não estancava de jeito nenhum, e o tempo todo acordado, mas não sabia o que estava acontecendo comigo. Quando chegou no estacionamento do HUT eu entrei em coma, apaguei. Minha irmã de Teresina, meu cunhado e sobrinha já estavam lá me esperando e já tinha uma equipe pronta me esperando também. Já fui direto pro oxigênio, UTI, teve uns problemas com a troca de médico do plantão, ainda dei uma febre muito alta, convulsão. Sem falar que na hora ninguém sabia meu tipo sanguíneo, e eu precisava de doação, pois perdi praticamente 90% do meu sangue. Tudo que você imaginar que pudesse acontecer de ruim comigo aconteceu. Foram mais de 10 horas de cirurgia, fiz três cirurgias na cabeça. Essa parte da minha cabeça abriu, dava pra ver o que tinha dentro, e a minha perna quebrou em seis lugares, foi fratura exposta cominutiva, o osso da perna praticamente esfarelou. Coloquei aquele fixador externo”.

Surpreendendo a todos, Wesley acordou 24 horas após as quatro cirurgias. “Depois fui pro quarto e ninguém nem imaginava que eu ia acordar tão cedo, mas após 24 horas eu acordei. Todo mundo começou a gritar porque eu tinha acordado. Aí foram me situando, contando o que eu tinha passado, e eu comecei a sentir dor em todo canto, tava com a cabeça enfaixada. E foi um turbilhão de pensamentos. Primeiro eu pensei que minha perna tinha sido amputada, pois eu não sentia ela, aí fiquei desesperado. Na época eu dançava em banda, sou apaixonado pela dança, e tava realizando um sonho que era dançar, viajando, toda semana estava em um lugar diferente, aí já pensei logo nisso. Eu tava com a sonda no pescoço, aí pedi para tirar, levantei um pouco e vi a perna, aí me acalmei mais. Depois pensei na minha mãe, pois eu sei que se acontece qualquer coisa comigo ela fica desesperada. Em seguida pensei nos meus amigos que estavam comigo, meu maior medo era que algum deles tivesse vindo a óbito, mas me disseram que o mais grave fui eu. Mas só me acalmei mesmo quando falei com mãe por chamada de vídeo e depois falei com eles”.

Após alguns dias internado, ele fez mais uma cirurgia e passou 3 meses em Teresina antes de retornar para casa. “Fiz outra cirurgia pra colocar a placa quando fui sair do hospital e aí passei uns 3 meses em Teresina, pois eu tinha que fazer o retorno no médico lá, e aí ela foi pra ficar comigo, porque minha irmã e meu cunhado trabalham e só tinha minha sobrinha lá. Precisava de uma pessoa pra me levantar, levar no banheiro, dar banho, eu fiquei praticamente debilitado, tinha que aprender a andar novamente”.

No retorno, ele encontrou amparo em amizades verdadeiras. “Depois da temporada lá viemos pra Picos e quando a gente retornou pra cá meus amigos sempre estavam aqui, nunca me deixaram só. Eles ajudavam ela a fazer alguma coisa, ‘não dona Raimunda, hoje quem vai banhar o Wesley sou eu, pode deixar que vou fazer a comida dele’. Toda noite eles estavam aqui na calçada, nunca faltou ninguém aqui, até no sábado e no domingo eles vinham, conversavam comigo, já pra eu não ficar pensando besteira. E eu passei mais de 1 ano sem poder andar”.

Wesley lembra que a recuperação foi difícil, mas tudo que ele passou, resultou em aprendizado para a vida. “Teve um processo bem doloroso, o médico vinha fazer a reabilitação aqui em casa, pois eu não podia sair devido não ter um transporte, e também porque eu tinha ficado muito tempo deitado e não aguentava ficar muito tempo em pé, pois a muleta machucava. Foi um período bem difícil, que eu não desejo nem pro meu pior inimigo. Foi onde eu também parei pra pensar muito na minha vida, o que eu estava fazendo antes do acidente […] e aí eu coloquei os pés no chão e disse ‘não, agora eu vou fazer o que eu realmente quero’. E minha vida mudou completamente depois do acidente, porque antes eu saia, toda semana tava num lugar diferente, às vezes dizia pra ela que ia para um lugar, mas estava em outro, não tava nem aí pra vida, era um jovem rebelde, queria saber só de festa, não estudava direito, mas nunca desrespeitei ela”.

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Ainda em meio à reabilitação, um novo capítulo surge na história de Wesley. Inesperadamente, a clínica onde ele fazia fisioterapia, foi a porta para que ele chegasse até o pai biológico.

“Conheci ele após o acidente, na clínica que eu fazia Fisioterapia. Tinha um pessoal lá que morava em Aroeiras do Itaim, e eu ficava lembrando que o nome da cidade não era estranho, porque minha mãe já tinha falado que ele morava lá e tinha um bar na época. Um dia liguei pra minha mãe e pedi mais informações sobre ele, ela primeiro disse que era melhor não, mas depois me falou sobre ele. Aí no outro dia, conversando com o pessoal na clínica, uma mulher falou novamente na cidade, eu perguntei se ela era de lá e ela confirmou, então disse que meu pai era de lá também, falei o nome dele e ela conhecia e já disse logo que eu parecia muito com ele, ‘eu me arrepiei todo na hora’”.

Alguns dias depois, o reencontro emocionante aconteceu. “Eu tive que ir a Teresina resolver umas coisas e quando voltei fiquei sabendo que ela já tinha ido na clínica três vezes me procurar. Ele deixou o contato, uma menina lá ligou para ele e ele foi na clínica. Eu tava todo me tremendo, tinha chegado o grande dia, o que eu mais tinha esperado, quem me conhece sabe que sempre quis conhecer ele. Quando ele entrou na sala chamou pelo meu nome completo e eu disse sou eu, e ele falou ‘ pois eu sou seu pai’. Eu já pedi logo a benção, ele me abençoou, a gente se abraçou, um abraço bem apertado que eu nunca vou esquecer. Quando olhei pro lado tava todo mundo chorando, a clínica parou nesse dia, todos foram olhar aquela cena de novela (risos)”.

Ali mesmo na clínica, a primeira conversa entre pai e filho. O sonho realizado por Wesley, mais um recomeço. “A gente conversou muito, tinha muita coisa pra ser esclarecida, e ele já me chamou logo pra ir na cidade dele, conhecer meus irmãos, tios. Eu tinha muita vontade de conhecer meus avós paternos, mas infelizmente eles já tinham vindo a óbito e eu não tive a oportunidade de conhecê-los. Mas fiquei sabendo que minha vó morreu chamando pelo meu nome, porque eu sou o filho mais velho, fui o primeiro neto dela. E isso me tocou bastante. Ele me deu uma foto dela e eu tenho guardada até hoje. E eu fico imaginando como seria o relacionamento com minha vó. Ela morreu chamando meu nome, mas infelizmente, por questão de brigas entre minha mãe e meu pai, não tive a oportunidade de conhecer ela. Mas pra mim hoje meu pai é uma das pessoas que eu tenho muito apego, que eu amo de coração, ele sempre se faz presente na minha vida, me ajuda, sou grato a Deus pela vida dele. Um dos maiores sonhos que realizei foi conhecer ele”.

Agora, com mais uma pessoa ao seu lado para oferecer apoio, Wesley seguiu firme em busca da recuperação e também, realização de sonhos. “Com 1 ano e 3 meses eu comecei a botar o pé no chão e soltei uma muleta; mais 3 meses depois, soltei as duas muletas e comecei a aprender a andar novamente, andava aqui um pouco na rua, mais em lugar plano, e fui recomeçar minha vida. Foi onde eu foquei naquele sonho de criança que eu tinha que era ser jornalista, e eu falei ‘mãe eu vou fazer a faculdade de jornalismo’, e ela disse ‘é o que você quer? eu disse, é’. E ela falou, então a gente vai dar apoio pra você. Aí eu fiz o vestibular na época, passei e fui cursar”.

No início do curso, muletas foram suas companheiras. “Lembro que meu 1º período todinho foi ela brigando, porque eu ia de muleta, pegava a cadeira de roda, porque minha sala era no último andar. Foi o período todo assim, eu ia de muleta e cadeira de roda pra cima e pra baixo, e passei, não desisti. No fim do período já fui sem muleta, mas foi um longo processo de reabilitação, até hoje faço a fisioterapia, porque de vez em quando a perna fica fraca e eu tenho que fortalecer ela”.

Na faculdade, ele encontrou apoio e acolhimento. Na rua, alguns obstáculos, mas nada que o fizesse desistir. “Na faculdade nunca sofri preconceito, o pessoal me respeitava muito, pedia para as pessoas abrirem espaço para eu poder passar, e graças a Deus também fui muito abençoado com meus colegas de classe, a Ana Clara, o Maicon, o Júnior, eles sempre estiveram comigo e me apoiaram. Agora fora da faculdade eu sofri alguns preconceitos, cheguei a deixar de sair de casa por conta disso, porque muitos me olhavam com pena e eu nunca gostei disso. Uma vez eu tava no Centro e um rapaz disse ‘ah, deixa eu dar passagem aqui pra esse aleijadinho’, e aquilo me tocou bastante, na mesma hora rebati ele, disse que não tinha gostado”.

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Mas, vencendo várias batalhas a cada dia, Wesley conseguiu sair vitorioso em mais uma guerra e levou para casa um de seus maiores prêmios. No ano de 2019, ele se formou em Jornalismo pela Faculdade RSÀ.

“Pra mim foi a maior conquista que já alcancei, principalmente por ela ter visto tudo, me acompanhado em cada momento. Lembro que eu sempre falava que na formatura ia entrar com minha muleta, porque foi um objeto que me deu muito suporte em todos os sentidos. No dia do baile eu desci as escadas com a muleta, e o povo começou a gritar, batia palma, se emocionava. Todo mundo lembrou daquele início, que foi difícil. Pra mim foram 4 anos de muito aprendizado, sofrimento, a gente passa muita fome (riso), porque às vezes não tem dinheiro pra comprar um salgado [..]. Foi difícil, mas também muito bom, conheci pessoas que levo até hoje na minha vida. E hoje, quando vejo as fotos da formatura, principalmente a que eu estou com a muleta pra cima, eu vejo que valeu a pena todo esforço, não ter desistido no 1º período. Porque eu poderia muito bem ter trancado, esperado ficar 100%, mas não fiz isso”.

Wesley diz que depois de tudo que conseguiu vencer, hoje valoriza mais a vida e tudo que tem. “Quem viu no dia do acidente, as fotos também, ninguém acreditava que eu ia escapar. Lembro que muitos falaram que faziam círculo de oração, pedindo a Deus pra eu poder ficar, porque a situação foi muito complicada, a pancada foi feia e tive uma hemorragia muito forte. Mas graças a Deus estou aqui hoje, e agradeço todo dia a Deus pela nova vida que Ele me deu, mais uma oportunidade. Antes eu reclamava muito, pedia pra Deus me levar logo, porque não tinha uma vida boa. E hoje quando vejo alguém reclamando da vida eu lembro do que passei, dos 17 dias internado, que foram os piores dias da minha vida. Hoje dou muito valor a minha vida, tento o máximo fazer o que eu gosto, porque não sei o dia de amanhã. Se eu tivesse partido naquele acidente praticamente não teria aproveitado nada da minha vida”.

Ele encerrou deixando uma mensagem de incentivo. “Espero que um dia possa levar esse testemunho do meu acidente para outras pessoas, porque às vezes a pessoa quebra uma perna, um pé e acha que já é o fim do mundo, que não vai voltar ao normal. Mas dá certo, basta você ter força, assim como eu tive, muita coragem, não desanimar. Na época eu tinha tudo para desenvolver uma depressão, pois ficava muito tempo deitado, mas meus amigos sempre estiveram presentes, não me deixaram ficar só, já para eu não pensar coisas negativas. E minha fé em Deus, em São Francisco de Assis também me ajudou muito. E o que tenho a dizer para as pessoas é que não desistam dos seus sonhos, corram atrás. Eu tinha tudo para desistir no passado, mas não desisti. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Viva mais, abrace mais, ame mais”.

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