Metade da população preta e parda do Piauí vivia em situação de pobreza em 2021, aponta IBGE

Em 2021, quase metade da população autodeclarada preta e parda do Piauí estava em situação de pobreza, conforme estudo do IBGE denominado Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (11), apontam ainda que os pretos e pardos tinham rendimentos quase 30% menores.

O estudo mostrou que cerca de 1,2 milhão de pessoas pretas e pardas no estado vivia com até US$ 5,5 (cinco dólares e cinquenta) por dia. A definição segue os parâmetros do Banco Mundial para definir a condição de pobreza. Os valores em dólar (US$) referentes à linha de pobreza e de extrema pobreza não podem ser convertidos usando a taxa de câmbio do mercado, por considerarem a Paridade do Poder de Compra (PPC).

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Considerando a população total do estado em 2021, cerca de 44,7% vivia em situação de pobreza, totalizando 1,4 milhão de pessoas. Quando às pessoas autodeclaradas brancas, a taxa de pobreza era bem menor, indicando um terço delas nessa situação (34,3%), o equivalente a cerca de 225 mil pessoas.

O rendimento médio real do trabalho da população piauiense foi de R$ 1.409,00. Entretanto a população de cor ou raça preta e parda apresentou, especificamente, um rendimento médio de R$ 1.305,00, cerca de 29,3% menos do que a população branca, que recebeu um rendimento médio de R$ 1.847,00.

Extrema pobreza

Considerando a “extrema pobreza”, em que estão as pessoas que vivem com até US$ 1,9 (um dólar e noventa) por dia, de acordo com os parâmetros do Banco Mundial, 15% do total da população piauiense se encontrava nessa situação em 2021.

Os dados mostram ainda que 15,9% da população preta e parda estava em pobreza extrema, totalizando 417 mil pessoas. Na população de cor ou raça branca esse percentual é de 11,7%, o equivalente a cerca de 76 mil pessoas.

Desocupação entre pretos e pardos é 26% maior

A cor da pele também foi analisada quanto à taxa de desocupação. Em 2021, o índice para a população de cor ou raça preta e parda foi cerca de 26% maior do que entre a população branca no Piauí.

A taxa média de desocupação no Piauí no ano de 2021 foi de 13%. Contudo, a população de cor ou raça preta e parda registrou, especificamente, 13,5% de desocupação, enquanto a população branca apresentou percentual de 10,7%.

A taxa de formalização na ocupação para a população de cor ou raça preta e parda no estado, em 2021, chegou a 35,17%, quase seis pontos percentuais a menos que do que o observado para a população branca, que foi de 40,8%.

58,6% dos prefeitos do Piauí são de cor ou raça preta ou parda

Na eleição de 2020, no Piauí sagraram-se eleitos 58,6% de prefeitos de cor ou raça preta ou parda, percentual inferior à sua representatividade na população, que chega a 79,9%.

No Piauí a população de cor ou raça branca, apesar de representar apenas 19,9% do total da população, elegeu cerca de 39,6% dos prefeitos, praticamente o dobro da representação populacional.

A população preta representa especificamente 8,4% da população e elegeu 3,2% dos cargos. Por sua vez, a população de cor ou raça parda, que representa cerca de 71,5% da população, sagrou-se eleita em 55,4% dos cargos.

A situação já tende ao equilíbrio quando o cargo é o de vereador, pois a população de cor ou raça preta e parda elegeu cerca de 70,7% dos vereadores no Piauí, sendo a sua representatividade na população de cerca de 79,9%. Por sua vez, a população branca, que representa cerca de 19,9% da população do estado, elegeu 27,1% dos vereadores.

Fonte: G1 Piauí |Foto: Neyara Pinheiro/TV Clube