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Belém do Piauí

Do interior de Belém do Piauí, Bruna Scarleth traz história de determinação e fé para o Clicks do Mês de setembro; veja!

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O pai foi ausente. Sobre ele, ela pouco soube e nem mesmo seu sobrenome herdou. Mas, se de um lado faltou cuidado e amparo, de outro, o amor transbordou, pois da mãe e avó, ela recebeu todo carinho, afeto e zelo que necessitava.

Das suas fortes mães, não só o sobrenome ela recebeu, mas a fé, coragem e determinação para lutar. Na sua trajetória ela venceu e vence batalhas ao lado daquelas a quem retribui todo amor. Seu alicerce se completa também com o filho, esposo, irmão e tias. A família é seu motivo pra sempre continuar.

Ela, é Bruna Scarleth Gomes, 23 anos de idade, casada com Jean Michel, e mãe do pequeno Thomas Alves. Do interior de Belém do Piauí, ela traz uma história de determinação e fé para o projeto social e fotográfico Clicks do Mês, na edição de setembro.

Bruna, que é filha de Nocileide Maria Gomes e Manassés, e neta de Maria Antônia Gomes, com o intuito de ajudar a mãe, começou a trabalhar desde muito cedo. Vendo exemplos, ainda na infância ela se apaixonou por manicuração, em com muito esforço, se tornou uma grande profissional.

Hoje, ela é dona do primeiro salão instalado no povoado Caboclo e inspiração e exemplo para outras pessoas. O Studio Bruna Scarleth – Unhas e Sobrancelhas, é fruto de uma história de garra. Uma parte dela, o Cidades na Net conta a seguir:

Quando Nocileide engravidou, Manassés a abandonou. O pai, Bruna só conheceu aos 13 anos de idade. “Quando minha mãe me teve meu pai era casado e morava na Bahia e minha mãe não sabia. Mãe engravidou e ele simplesmente abandonou ela. Passei 13 anos e ela nunca me falou dele. Aí, o Jurdan, que era de Fronteiras e meu pai também era de lá, falou de mim pra família do meu pai e um dia ele apareceu, veio me conhecer e ficava vindo me ver, mas aí passou dois anos e ele faleceu”.

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Na ausência daquele que abandonou, mesmo tendo o papel de cuidar, Bruna recebeu em dobro, o amor de mãe. “Então, nunca tive muito contato com ele, tanto que nem o nome completo dele eu sei. Minha mãe sempre foi mãe e pai pra mim, até me emociono, porque é bem difícil (disse em lágrimas). Ele tinha muita condição, mas eu não era registrada, e não me deixaram nada. Então, desde pequena sempre tive que batalhar para ajudar minha mãe. Minha vó me criou também desde pequenininha, porque minha mãe morava com ela, aí quando ela casou eu fiquei morando com minha vó. E ela nunca me deixou faltar nada, graça a Deus, tudo que eu tenho devo a minha avó”.

Com o exemplo de força de ‘suas mães’, Bruna desde cedo já queria lutar por uma vida melhor. “Eu sempre pensava, meu Deus, tenho que fazer alguma coisa pra ajudar minha mãe. Aí ela conta que desde pequenininha, com 8 anos, eu já andava com uma sacolinha de esmaltes. Inclusive pintava até as unhas de meu avô, mãe diz que ele faleceu com a unha pintada (risos). Minha vó e toda minha família sempre me apoiaram em tudo. Eu não tinha condição, então sempre que minha vó ia fazer a feira em Padre Marcos eu colocava na notinha “uma acetona e um esmalte” (risos), e ela trazia pra mim. E assim foi começando. Meu objetivo era esse, eu coloquei na minha cabeça que tinha que ajudar minha mãe, na época ela vivia de um cartão de 80 reais”.

Foi vendo o trabalho de pessoas próximas, que a paixão pelo que Bruna faz até hoje surgiu.”Meu interesse começou vendo a Veronilda que fazia unha, eu sempre observava ela e daí me apaixonei. E de sobrancelha foi com o trabalho da minha prima Viviane. Eu ia para Picos, via ela fazendo, ela tinha o salão dela e ali foi despertando aquela vontade de ter meu próprio negócio. Inclusive essa minha prima hoje mora em Portugal, ela é esteticista”.

Com o pouco que tinha, Bruna foi começando a trabalhar. Num pequeno cômodo da casa da avó, o caminho para um grande sonho iniciava. “A Neném, que era manicure aqui, foi embora pra São Paulo, aí falou para as clientes dela fazerem comigo. Ai eu fui fazendo, o pessoal foi conhecendo meu trabalho, de Padre Marcos. Eu comecei a trabalhar no ‘salãozinho’ de vó, colocava os esmaltes numa mesinha, duas cadeiras, e fazia. Mas antes disso eu já saia com a sacola e mãe diz que eu fazia até no chão nas casas do povo (riso). Depois, a mãe de Luana, do Riacho, me deu uma fruteira preta pra eu colocar minhas coisas e foi a maior felicidade”.

Apenas uma adolescente, mas já demonstrando a grande mulher que se tornaria, ela foi lutando em meio às barreiras. “Acho que tive minha primeira cliente de verdade com 13 anos, naquele tempo a gente cobrava 4 reais na unha (risos), depois aumentou pra 8, 10, não dava pra comprar nada, minha vó que me dava (risos). Mas mesmo assim eu ia fazendo. As meninas sorriam porque eu sentava no chão pra fazer as unhas do pé (riso). Uma coisa que gostavam muito é que decoro a unha, elas amavam, eu acho que ali foi que chamou mais atenção do povo, pois os outros colocavam adesivo, mas eu desenhava, fazia cada arte bonita. Viviane me deu uma daquelas revistinhas de mercado e tinha também um cd onde ensinavam a fazer os desenhos. Eu fui comprando as tintas, os pincéis, tudo devagarzinho, até que consegui”.

Aos 15 anos, um presente que recebeu da avó a ajudou a expandir seu trabalho. “Quando tinha 15 anos vó me deu uma moto, aí eu ia para Padre Marcos trabalhar lá, saia cedinho, às vezes ficava sem almoçar e só voltava a noite sozinha, era bem puxado. E minha vó ficava preocupada, mas eu sempre pensava ‘não, vai dá tudo certo’. O pessoal foi conhecendo meu trabalho e eu fui montando um espacinho num quartinho que era do meu vô, comprei uns ‘quadrozinhos’, coloquei lá e decidi que não faria mais a domicílio, aí o pessoal vinha pra cá. Antes eu atendia só aqui, ia a pé, às vezes de bicicleta, era difícil, mas eu sou cabeça dura, quando quero uma coisa vou até o fim (risos). E quando ganhei a moto fiquei muito feliz, demorei um pouco pra aprender (risos), mas deu certo, às vezes meu padrasto ia me deixar também em Padre Marcos. Tive muita ajuda, minha família é tudo”.

Tempos depois, e com muito esforço, Bruna conseguiu realizar um curso profissionalizante. “Um tempo depois surgiu um curso em Jaicós de Nail Design para alongamento. Eu via a necessidade de inovar, e pensei ‘ meu Deus como vou ter o dinheiro pra fazer esse curso, na época era 600 reais. Aí eu trabalhei, consegui juntar o dinheiro e fui. Minha avó até dizia que não dava certo, que era longe (risos), mas eu fui com uma amiga minha, a Deusilene, fiz o curso, comecei treinar. O material era muito caro, mas eu sempre dizia que ia conseguir. Então as pessoas foram me conhecendo, fazia indicação e aí comecei a comprar material e foi dando certo”.

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Seguindo trabalhando e com o sonho de ter ‘um salão de verdade’, a menina de fé, fez um pedido àquele que tudo pode. “Na época da pandemia eu tinha muito medo de trazer doença pra minha avó, aí eu disse ‘não, eu preciso de um cantinho pra mim’, aí eu escrevi uma cartinha pra Deus dizendo exatamente como era aqui, eu pedia pra Deus uma sala bem bonita, com conforto para minhas clientes, aí coloquei a carta dentro da Bíblia. Parece coisa de menino (risos), mas Ele realizou tudo. Lembro que no final da carta eu coloquei ‘Senhor, que seja feito do teu jeito, não do meu’, pois sei que Deus realiza bem mais do que a gente sonha, que os planos dele são melhores que os nossos”.

A oração escrita com fé foi ouvida e aos poucos o sonho plantando lá no início com pequenas sementes, foi germinando. “Quando engravidei foi que tomei a decisão mesmo, eu disse ‘não, preciso de um negócio para mim, preciso juntar dinheiro’. Não tinha um real, então eu fui pela fé (risos). Fui começando a juntar dinheiro, minha vó e minha mãe me deram esse terreno, aí veio o projeto Agro Amigo e eu fiz, comprei os blocos e o que ia ganhando ia investindo aqui, e eu construí, graças a Deus”.

Espinhos surgiram, mas com sua fé e determinação, Bruna conseguiu prosseguir. “Foi tanta coisa. Eu me casei, engravidei, é tanto que moro em Belém, não tenho minha casa aqui ainda e é muito difícil ir e vir todo dia. Aí com meu bebê pequeno, meu esposo vinha me deixar 6 horas da manhã porque ele dá aula, e voltava para me buscar só a noite, e assim continua até hoje. No tempo de chuva é tanta tribulação pra ir e vir, é bem difícil mesmo. Do processo, só eu e Deus sabemos. Na época de montar aqui, meu esposo me ajudou muito, eu trabalhava dia após dia, não tinha tempo de ver como seria decoração, nada, mas graças a Deus ele enfrentou, conseguiu pedreiro e resolveu tudo. Às vezes penso ‘meu Deus, como foi que consegui seguir, porque a gente não tinha 1 real’. É Deus que abre portas, é Ele que primeiro coloca a mão, por isso sempre costumo dizer que vivo pela fé”.

Mesmo com a grandeza de tudo que Bruna, com a ajuda de Deus e sua família conseguiu concretizar e demonstrando o amor que tem por sua terra, ainda há quem desacredite.

“Hoje sou criticada, o pessoal diz ‘Bruna, fazer um investimento num lugar desse’. Me criticam porque fiz o salão aqui, mas a família para mim é tudo e eu não me imagino longe de vó e mãe, aqui ela até me ajuda a cuidar do Thomas. E outra, não me falta cliente, pois eu trabalho com agendamento, não é uma pessoa que passa por aqui e vai vir no salão fazer a unha, mas são as pessoas que conhecem meu trabalho e vem. Sem falar que foi aqui onde tudo começou”.

Mas ela, segue com a garra, amor e fé que sempre teve. “É uma alegria imensa poder abrir esse salão aqui, até eu falei ‘gente, será que o Caboclo não merece um salão? não desmereçam o lugar de vocês, suas origens’. Eu posso ir onde for, mas sempre deixo claro que foi aqui que tudo começou. E é muito gratificante ver tudo que vem acontecendo. Hoje eu tenho minha agenda cheia, graças a Deus. Eu nunca ligo para a opinião dos outros, mas as pessoas diziam, unha não dá dinheiro não. Até hoje tem gente que fala que Nail Designer, manicure, não é profissão. Mas sempre mantive minha cabeça erguida, quando quero uma coisa luto até conseguir. Até porque sempre tive que correr atrás, conseguir as coisas sozinha”.

Bruna diz ser muito grata às clientes que acreditaram em seu trabalho desde o início. “Tenho clientes lá do início que estão comigo até hoje, elas fazem parte de tudo que conquistei e tem um lugarzinho especial no meu coração. Sou imensamente grata a elas. As clientes viram amigas da gente, eu amo cada uma das minhas clientes. Elas se sentem muito a vontade pra conversar comigo e é muito bom. Trabalhar pra mim é uma terapia, eu faço o que amo e pra mim o amor é a base pra tudo que a gente vai fazer”.

A família, que sempre a apoia em tudo, é sua base. “Meu filho é minha força e motivação de todos os dias eu acordar e vir para cá. E meu esposo também é muito companheiro, me ajuda em tudo, minha base é minha família. Minhas tias também me ajudam muito, é tanto que tem dia que estou atrasada, peço para elas ‘passarem uma vassoura no salão’ e elas limpam tudo. Nossa, não imagino meu salão em outro lugar”.

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Poder ajudar a mãe e o irmão, para ela, é seu maior privilégio. “A coisa mais gratificante pra mim é poder dar uma vida melhor a minha mãe e meu irmão. Ainda não chegou onde quero, mas agradeço a Deus pelo que já alcancei até aqui. E o apoio da minha vó foi essencial, eu devo tudo a ela. O primeiro celular, moto, tudo foi ela que me deu. É muito gratificante ver tudo isso, porque eu comecei lá de baixo, e foi tudo aos poucos, com a ajuda da minha vó”.

Bruna continua sonhando e espera crescer cada vez mais. “Futuramente quero montar numa cidade uma esmaltaria pra incentivar mais mulheres a trabalhar na área, dar cursos, gerar emprego para as pessoas, e é sonhar alto. Quero ministrar cursos aqui de unhas e fazer outros, crescer mais e mais. Quero administrar um salão em Belém também, colocar outras pessoas para trabalhar e levar isso aqui pra muitas cidades, vender também as coisas, pois vejo a dificuldade para adquirir material, e isso seria mais facilidade pra gente, pra minhas colegas de trabalho daqui”.

Para outras pessoas a jovem sonhadora já é fonte de inspiração. “Quem tá começando e pergunta as coisas eu ajudo. Tem gente que diz, ‘Bruna, eu te admiro, porque se fosse outra pessoa não dava dicas’, mas eu não, fico muito feliz e incentivo mais pessoas, as meninas a começarem a trabalhar com Nail Designer. Ajudo muito. Tem muita gente que diz que sou uma inspiração, principalmente agora, inclusive até colegas de trabalho. Na inauguração mesmo foram tantos comentários bonitos que eu chorei. E quando as pessoas dizem que sou inspiração porque lembram do meu início, aquilo é que me marca, sabe? vem um filme na minha cabeça. Ainda hoje a gente enfrenta batalhas, mas no início foi bem difícil, por isso me emociono”.

Por fim, Bruna deixou uma mensagem de incentivo para quem também almeja ver seus sonhos realizados. “Não desistam dos seus sonhos, corram atrás, busquem e realizem, pois não tem nada mais gratificante. É muita gratidão você saber que começou de pouquinho e está evoluindo, então persista. Tem um sonho? coloca no papel, faz como eu, escreve uma cartinha pra Deus (risos), que Ele é fiel para cumprir as promessas nas nossas vidas”.


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