Jovem que comeu brigadeiro pela 1ª vez aos nove anos vira doceira e ensina receita com pimenta

“Demorei para ter o privilégio de experimentar o famoso brigadeiro. O primeiro que comi foi aquele industrial de lata. Na época, achei o máximo. Eu não ia muito para festas de aniversário e só tive um aniversário quando criança, e nele não teve brigadeiros”, contou Trícia.

Ao G1, a doceira relatou que surgiu ali uma paixão pelo doce. No entanto, ainda era difícil ter acesso com frequência. Durante a infância, fingir ser uma chef de cozinha era uma de suas brincadeiras favoritas e os programas de culinária eram sempre os mais assistidos. Em 2013, já adolescente, Trícia resolveu aprender a cozinhar por conta própria.

“Iniciei sem técnica nenhuma, sem noção de medidas, já cheguei a fazer brigadeiro com apenas três ingredientes: açúcar, leite em pó e água, porque eu não tinha como comprar o restante. E com isso comecei a pegar o gosto por cozinhar”, contou Trícia.

Meses depois, ao notar que a filha demonstrava um interesse cada vez maior pela culinária, Newber Basílio, pai da jovem, passou a inserir leite condensado na lista de compras da família, sempre que possível.

“Comecei a fazer bolos simples, bolos recheados, levava para meus colegas de escola e todos amavam. Em 2016, quando entrei na Universidade Federal do Piauí, resolvi vender trufas para ajudar com algumas despesas. Vendia na porta da biblioteca ou andando nos corredores. Depois, tive um problema de saúde no joelho e tive que parar”, relatou.

Em 2020, com a chegada da Covid-19 e o cenário de isolamento social, Trícia retomou a venda de trufas para complementar sua renda, após passar um período desempregada. Com o dinheiro das vendas, a jovem resolveu investir em cursos de fotografia, empreendedorismo, marketing e confeitaria.

Fugindo de sabores e formatos tradicionais, Trícia hoje fabrica trufas, balas gourmet, barras de chocolate, cones recheados e utiliza recheios que levam café, milho, morango e até pimenta. Para divulgar os produtos, a jovem utiliza as redes sociais, onde concentra centenas de seguidores.

“Tenho orgulho da minha história”, completou a doceira.

Dia Mundial do Chocolate

O Dia Mundial do Chocolate é celebrado nesta quarta-feira (7). A data remete à introdução do chocolate na Europa, por volta do século XV. No Brasil, o alimento esteve presente em 82,6% dos lares brasileiros em 2020, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Kantar e pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), divulgada no dia 16 de abril deste ano.

Ao todo, em 2020, o Brasil produziu 757 mil toneladas de chocolate e exportou para 145 países, segundo a Abicab.

E para comemorar, a especialista ensinou uma receita de brigadeiro de pimenta aos leitores do G1.

Ingredientes

• 90 g de chocolate
• 395 g de leite condensado
• 50 ml de creme de leite
• 2 colheres de geleia de pimenta

A doceira recomenda utilizar leites condensados menos amarelos, pois possuem menos açúcar e dificultam o processo de cristalização. Outra dica é usar chocolate em barra e meio amargo, pois evita que o brigadeiro fique muito doce.

“Eu gosto de imaginar o brigadeiro como se fosse uma regra de três composta. Onde cada ingrediente precisa estar equilibrado com os demais”, conta.

Modo de preparo

Na panela, coloque o leite condensado, o creme de leite e misture bem até ficar homogêneo. Leve ao fogo e coloque o chocolate. Assim que começar a levantar bolhas de fervura, coloque a geleia de pimenta. Espere dar ponto e reserve. Caso opte por preparar bolinhas de brigadeiro, a especialista recomenda utilizar um plástico PVC. Caso vá utilizar como recheio, o ideal é deixá-lo em um pote bem fechado. Outra dica é deixar descansar em temperatura ambiente e depois mantê-lo por mais 3 horas na geladeira.

A história de sucesso do brigadeiro começou no Rio de Janeiro, a então capital do Brasil, há pouco mais de 75 anos. Um dos candidatos das eleições presidenciais de 1945 era o brigadeiro, oficial general da Força Aérea, Eduardo Gomes (UDN).

Relatos afirmam para apoiar o candidato e contribuir com a campanha, mulheres vendiam docinhos, feitos com leite condensado, em comícios de Eduardo Gomes. Assim, o doce ficou conhecido como “doce do brigadeiro”.