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Ibama multa fazenda do Sul do Piauí em R$ 220 mil por desmatar Cerrado
Uma operação do Ibama, batizada de “Operação Shoyo”, multou em 24,6 milhões a Bunge e mais quatro grandes empresas que atuam no agronegócio brasileiro por “financiarem” o desmatamento ilegal no Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins, estados que compõem a região do Matopiba. No Piauí, a Fazenda Bom Jardim foi penalizada em R$ 220 mil por plantio em área embargada pelo Ministério do Meio Ambiente. A ação foi iniciada em abril deste ano e os valores foram definidos na última quarta-feira (23/05).
Além da propriedade piauiense, localizada no município de Bom Jesus, a 629 km de Teresina, produtores rurais que atuam de forma ilegal no Cerrado também sofreram com as sanções. De acordo com o Ibama, houve 62 autos de infração, o que totalizou R$ 105,7 milhões em multas. A investigação constatou que a Bunge e as outras tradings (intermediárias entre fabricantes e compradores) adquiriram 49.205 sacas de 60 kg de soja produzida em área embargada pelo Ministério do Meio Ambiente.
A informação de que a Bunge foi responsabilizada é da Folha de São Paulo, ressaltando que a empresa tem atuação na cidade de Uruçuí, no Sul do Piauí. Os produtores rurais foram multados por descumprir embargos do Ibama em 40 propriedades, impedir a regeneração natural em outras 14 e comercializar produtos agrícolas produzidos em áreas embargadas de 10 imóveis rurais.
Esta reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Bunge, mas a empresa ainda não se pronunciou oficialmente, até o fechamento desta reportagem. De acordo com o Ibama, após contato do OitoMeia, a multa à Bunge é referente a compras supostamente irregulares no Maranhão, onde também tem empreendimentos. A Cargill, Uniggel, ABC (Algar) e JJ Samara também foram citadas pela reportagem da Folha.
BUNGE NEGA ILEGALIDADE
Ainda de acordo com o veículo de comunicação paulista, a Bunge foi multada em R$ 1,87 milhão e afirmou que a compra constatada pela operação é totalmente regular, de forma que a defesa apresentou boas práticas da empresa em relação à aquisição dos grãos. Diante do processo administrativo, as tradings ainda podem recorrer da decisão.
O Matopiba é uma região de intensa expansão do desmatamento no Cerrado. Por isso, é necessário maior envolvimento das cadeias produtivas para aumentar a conservação do bioma, conforme destacou Renê Luiz de Oliveira, coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do Ibama.
“O desmatamento ilegal no Cerrado é mais acelerado no Matopiba do que em outras regiões do bioma, o que exige o aprimoramento das estratégias de controle para garantir que a dissuasão atinja todos os elos ilegais na cadeia produtiva”, completou.
MAIS POSICIONAMENTOS
A Cargill, que recebeu multa de R$ 5 milhões, informou que ainda não havia recebido a notificação do Ibama sobre a irregularidades na compra de soja na região do Maranhão. A empresa afirmou que vai apurar os fatos e prestar os esclarecimentos necessários quando tiver acesso à autuação.
A Algar Agro, que foi multada em R$ 4,367 milhões, afirmou já ter apresentado sua defesa. “A empresa reforça ainda que dispõe de controles rígidos e de um sistema de compliance acompanhado sistematicamente para garantir o cumprimento de todo o ordenamento legal vigente”, salientou, em nota.
Fonte: Oito Meia
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