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Bocaina

Aos 102 anos, vaqueiro mais velho de Bocaina relembra a mocidade, família, trabalho e amigos

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Chegar aos 102 anos de idade não é tarefa fácil, mas seu João Eusébio que reside em Bocaina conseguiu esse feito.

Apesar da idade centenária, lembranças continuam, e a incisiva aparência bem mais jovem. João falou de forma segura, lúcido, a data completa do seu nascimento.

“Sou do dia 29 de maio de 20 [1920]”.

Nascido no atual Tamboril na Sussuapara, limítrofe com a Vila Crioula – zona rural de Bocaina se casou na década de 40 com Maria das Mercês e foi morar no povoado Malhada, na zona rural de Bocaina.

Em suas terras trabalhou com cultivo de banana e cana-de-açúcar.

Vários jovens da época trabalharam em propriedades, uma das fontes de renda. Um dos arrendatários que lembrou foi de Paulo Félix. Além de Paulo seus irmãos Fausto, Braz e Zé Felix trabalharam.

Também lembrou de amigos vivos e já falecidos. Dois desses mencionados são irmãos também: Antônio de Gersão e Chicola (in memoriam)

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O idoso com maior idade de Bocaina, trabalhou por muitos anos na produção de rapadura, com as moagens de cana-de-açúcar.

“Tinha o engenho […] O engenho caiu. Na derradeira vez que andei lá ele “tava” caído no chão”, conta lembrando da última vez que visitou as propriedades.

João foi vaqueiro por muito tempo e recorda da porção de gado que criou e das corridas na mata vestido com gibão e perneiras.

Além disso o criador de bovinos, caprinos e ovinos, trabalhou com desmanche de mandioca onde falou na existência da casa situada no alto da Serra do Jacú. A morada era distante cerca de uma légua da roça.

Do signo de Gêmeos, João de Eusébio, como era chamado, menciona a ida de Malhada para Bocaina. “Morei um bando de anos, aí adoeci e vim embora para Bocaina. Quando eu vim já tinha a casa aqui e tenho em Picos. A de Picos é uma casa grande, casa boa. Morei lá bem uns anos”.

João Eusébio trabalhou ainda na construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição em Bocaina carregando materiais.

“Carregava na cabeça, em animais. Alcancei aqui e não tinha carro”, e disse que dos primeiros veículos que chegaram à cidade de Picos, foi por volta do ano de 1926.

Até os 86 anos segundo relatou Vera Lúcia, uma das filhas, João ia por vezes a pé fazendo o percurso entre a sede de Bocaina e o povoado Malhada. O trajeto é de aproximadamente cinco quilômetros.

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Os afilhados são mais de 50 conforme disse. “Tem em São Paulo, tem em todo canto. Tenho afilhado que vi no dia que batizou. Tem muitos que nem conheço”.

Do casal foi gerado sete filhos: Vera Lúcia, Francisca de Chico Mocó, Lutegrardes, Rosa, Crislene, Osmar e José Inácio.

Em pe´: Francisca, Crislene e Lutegrardes juntas com o pais no aniversário de 102 anos

Na jornada centenária sentiu na pele o sofrimento da perda de três filhos. “Já morreu três. Uma mulher morreu não tá com um mês”, disse.

“Morreu dois homens e uma mulher. O primeiro era José. O outro é Osmar e a derradeira que morreu era Rosa”, lembrou. “Os netos eu tenho um bocado”, conta.

Entre algumas propriedades rurais relata que uma delas dava duas léguas e um quilômetro. “Aí foi partido em quatro”, lembrou.

Em meio a pestilência dos tempos, principalmente nos últimos anos, marcados pela pandemia da Covid-19, entre outras coisas, ele além da boa memória consegue andar com auxílio e não se queixa de dores.

Aos 100 anos tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

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Em 2021 e 2022, filhos, genros, noras, netos e bisnetos, demais familiares e amigos se reuniram e comemoraram os aniversários de 101 e 102 anos.

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