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“Cepisa, pisa, pisa…”; por que o serviço de energia elétrica no Piauí tem um histórico de ser tão ruim?

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“Cepisa, pisa, pisa…” Certamente, você já ouviu essa expressão. Ela diz respeito principalmente à antiga companhia elétrica do estado do Piauí (a atual responsável é a Equatorial Distribuição Piauí) e é comumente usada para expressar a insatisfação dos usuários com relação ao abastecimento precário de energia. Isso porque, na linguagem popular, quando “está bonito para chover” ou ventando muito, o piauiense já procura a vela e se prepara para passar algum período sem energia elétrica.

Na noite de réveillon, no dia 31 de dezembro de 2020, teresinenses foram pegos de surpresa por uma chuva tremenda com duração de cerca de duas horas e muitos estragos. Entre eles: ruas alagadas, árvores e outdoors caídos e bairros as escuras por dias! Mais especificamente, bairros como o Bela Vista, Água Mineral e Buenos Aires passaram cerca de quatro dias sem energia, o que levou a moradores da zona Norte de THE interditarem avenida e atearem fogo em pneus.

(Foto: Reprodução)

Diante disso, o OitoMeia foi atrás de respostas para entender o porquê do fornecimento de energia ser tão precário no estado e como se dá esse abastecimento no Piauí; e se de fato ele é tão precário quanto ouvimos falar. Entramos em contato com o professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) e engenheiro eletricista, Marcos Lira, e ele apontou defeitos nos equipamentos da atual distribuidora de energia e explicou que redes para grandes cidades necessitam de manutenções contínuas.

Professor Dr. Marcos Lira. (Foto: Reprodução)

FALTA DE MANUTENÇÃO PERIÓDICA

“Todo sistema elétrico precisa de manutenções periódicas em seus equipamentos, tanto no ponto de vista corretiva como preventiva, que otimiza e diminui a quantidade de incidentes. O que acontece é que durante muitos anos a concessionária de energia elétrica deixou isso em segundo plano. Ainda quando tínhamos a Cepisa e evoluiu para a Eletrobrás Piauí, e agora na gestão já privatizada da Equatorial-que se espera que seja levado mais a sério a manutenção-, o problema continua em segundo plano”, afirma o professor. 

O engenheiro ressalta ainda que, além da falta de manutenções na rede, a falta de substituição de aparelhos também acarreta problemas, para o abastecimento. “Possivelmente, ainda temos na rede equipamentos que já deveriam ter sido substituídos há muito tempo. Transformadores que estão na rede há 40 anos, quando o ideal de uma vida útil é de 20 a 25 anos”.

Imagem ilustrativa de um transformador. (Foto: Reprodução)

O professor afirma ainda que a troca da aparelhagem é necessária.

“Esses equipamentos obsoletos e ultrapassados, que em muitas redes de distribuição de outras capitais brasileiras não se usa mais, ainda encontramos em Teresina, isso possibilita uma sucessão de falhas, pois deixando de modernizar os equipamentos, ficamos mais suscetíveis a falhas. O ideal é ter um investimento para que haja a substituição e a instalação de equipamentos mais modernos, pois isso irá garantir uma segurança energética do ponto de vista de abastecimento de energia da cidade “, afirma Marcos Lira.

CHUVA X ENERGIA ELÉTRICA X RÉVEILLON

O engenheiro Marcos Lira explica ainda a associação da chuva com incidência de ventos, com a queda no abastecimento de energia elétrica, fato que os teresinenses já estão bastante acostumados.

“Quando verificamos a incidência de chuvas com ventos, logo há a queda de energia em algumas áreas da capital. Isso se dá por conta do balançar dos galhos das árvores, e esse movimento pode ocasionar o toque na fiação da rede elétrica; e quando há esse toque, pode ser provocado um curto-circuito, se dois fios entrarem em contato entre si. Esse curto, é uma espécie de proteção, pois o sistema é todo desligado para que não haja um dano ainda maior”, contextualiza o engenheiro.

Estragos provocados pelas chuvas em Teresina no dia 31/12. (Foto: Montagem/OitoMeia)

Lira conta ainda o que ocasionou a queda de energia e o motivo de tamanha demora do reabastecimento de 100% das unidades consumidoras da capital piauiense na noite da virada para 2021, deixando várias localidades sem energia por dias.

“Na noite do réveillon tivemos um ponto fora da curva, pois a média da velocidade de ventos em Teresina é de 12 a 14 km/h, e naquela noite tivemos ventos da ordem de 40 a 50 km/h. Foi um caso atípico, por mais que a equipe de manutenção da concessionária estivesse pronta para entrar em operação em casos de necessidades, acredito que eles não esperavam a proporção que seria o estrago desse fator climático. Eu atribuo esse estrago mais ao vento do que a chuva”, conta Lira. 

CUIDADOS

O professor Marcos Lira alerta ainda para a grande incidência de raios em Teresina e recomenda as seguintes dicas, para amenizar os impactos nos casos de ventanias e descargas atmosféricas:

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  • Retirar das tomadas todos os equipamentos elétricos
(Foto: Reprodução)

“Se esse raio incidir na instalação da residência, seguramente ele irá procurar o caminho mais fácil para percorrer a sua instalação. E o caminho mais fácil é a fiação elétrica, o que tiver conectado na tomada vai ‘embora’”.

  • Realizar a poda das árvores residenciais
(Foto: Reprodução)

“O ideal é que os que possuem árvores em casa realizem a própria poda e que a prefeitura cuide das árvores que estão situadas em vias públicas. Com isso, podemos amenizar o impacto dessa ventania, e prevenir a queda de árvores. E se essa árvore estiver em contato com a rede elétrica o ideal é chamar uma equipe da Equatorial”.

O QUE DIZ A EQUATORIAL

(Foto: Reprodução)

Em nota enviada ao OitoMeia, a Equatorial Piauí afirmou que em dois anos à frente da distribuidora de energia elétrica no Piauí vem trabalhando para otimizar as estruturas deixadas pela antiga responsável pelo abastecimento energético do Piauí.

“Ao assumir a concessão no Piauí, a rede se encontrava numa situação de fragilidade, predominantemente rede nua, sem isolamento. Foi diagnosticada uma carência em tecnologia, como automatização das subestações e nível maior de automação na rede. Por isso, desde a chegada da distribuidora em outubro de 2018, investiu-se na flexibilidade do sistema, no reforço na rede. Esses investimentos permitiram uma redução das áreas afetadas, fazendo com que não tivesse tantos clientes afetados”, diz trecho da nota.

Fonte:Oitomeia

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