Connect with us

GERAL

Sete em cada 10 casas de Betânia do Piauí não têm energia elétrica; veja o drama

Publicado

em

[ad#336×280] A cidade de Betânia do Piauí, no semiárido, a 499 Km de Teresina, é um dos 212 municípios do estado que decretaram emergência no ano passado por conta da pior estiagem dos últimos 40 anos. Sem água encanada, o município com pouco mais de 6 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é abastecida por meio de caminhões-pipa e também sofre com a falta de energia elétrica.

Na zona rural apenas 373 das 1.099 casas foram beneficiadas pelo programa Luz para Todos, criado há 10 anos pelo governo federal para acabar com a exclusão elétrica do país. Ou seja, sete em cada 10 residências não possuem energia e o programa ainda não conseguiu sanar o problema na cidade piauiense.

O número de domicílios corresponde ao último censo demográfico realizado pelo IBGE. Segundo a própria prefeitura, 50% das 481 residências na zona urbana têm ligações clandestinas e até mesmo unidades do programa federal Minha Casa Minha Vida foram construídas em uma área sem rede elétrica.

De acordo com a Eletrobras Distribuição, empresa responsável pelo abastecimento de energia elétrica no Piauí, ainda restam 726 domicílios na zona rural a serem atendidos pelo programa federal.

Energia que chega a algumas casas é por meio de ligações clandestinas  (Foto: Patrícia Andrade)Energia que chega a algumas casas é por meio
de ligações clandestinas (Foto: Patrícia Andrade)

Enquanto isso, os moradores que às vezes têm que pagar para ter água, gastam as economias até para comprar placa de energia solar que custa em média R$ 1.300. Foi o caso da dona de casa Maria Evanilde. Morando na zona rural de Betânia, no povoado Salgadinho, ela comprou o equipamento para ter pelo menos as lâmpadas da casa acesas. Sem energia em casa, a mulher cumpre diariamente uma jornada doméstica que inclui puxar a água de um poço.

“A energia que vem não consegue nem ligar a geladeira. Nem sei o que é água gelada. Só as lâmpadas e às vezes a televisão que funciona”, disse Maria Evanilde.

Publicidade

Outro que também investiu na compra de uma placa de energia solar foi o aposentado Antonio José Rodrigues, 70 anos. No quintal de casa, triturando palma forrageira (vegetação típica do cerrado), o aposentado olha para as linhas de transmissão de energia que passam bem próximo a sua casa com certa revolta. “A gente vê daqui de casa esse monte de cabo e fios e não tem energia para nada”, disse.

“É o programa Escuridão para Todos”, resume José Pedro Vieira da Silva, aposentado que mora na comunidade Laranjeiras.

Não bastasse o problema com a falta de energia, em Betânia do Piauí também não há água encanada e a cidade não conta com o único reservatório que secou e a população chegou ao ponto de tornar a água imprópria para o consumo. O município continua com o decreto de emergência e o abastecimento é feito por caminhões-pipa. Ela é uma das cidades atendidas pelo Ministério da Integração Nacional que enviou R$ 35 milhões para socorro, assistência às vitimas e restabelecimento de serviços essenciais.

Segundo Josivaldo Carvalho, controlador geral do município, a Eletrobras não tem feito a expansão da rede elétrica e o prejuízo é para toda a população. “A companhia é sabedora do problema e por diversas vezes solicitamos a expansão da rede elétrica e não obtivemos sucesso sob alegação de não terem recursos para investimento”, disse.

De acordo com o controlador, a prefeitura conseguiu uma emenda de R$ 300 mil e irá investir na regularização da energia elétrica na zona urbana.

Publicidade

“Nós só temos três transformadores, quando o ideal seriam dez. A cidade está expandindo, mas o serviço de energia elétrica não tem acompanhado essa expansão. Quando não falta, oscila e dificulta alguns serviços. Até aulas no turno da noite são suspensas. Com essa emenda, vamos fazer essa regularização, inclusive, nas áreas onde estão sendo construídas as casas do programa Minha Casa Minha Vida, mas ainda estamos aguardando a aprovação do projeto para iniciar os trabalhos”, relatou.

Unidades do Minha Casa Minha Vida foram construídas em área que não conta com a rede elétrica (Foto: Patrícia Andrade)
Unidades do Minha Casa Minha Vida foram construídas em área sem energia (Foto: Patrícia Andrade/G1)

Já em relação à zona rural, o procurador disse que a execução do programa Luz para Todos chegou a ser interrompida porque houve a rescisão de contrato com a empresa responsável por fazer as ligações e com isso algumas residências permanecem sem energia.

Procurada pelo G1, a Eletrobras Distribuição Piauí informou possuir um programa que contempla a regularização de unidades consumidoras, como é o caso de Betânia do Piauí. No entanto, as obras para a região já foram objeto de licitação, mas não houve proposta para o município.

A Eletrobras disse ainda que aguarda autorização da diretoria para o lançamento de nova licitação que possibilitará o atendimento aos consumidores da zona rural até o fim do programa Luz para Todos, previsto para este ano.

Luz para Todos no Piauí
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a meta inicial do programa, baseada no Censo 2000, era atender 149.600 domicílios da zona rural. O Luz para Todos já levou o acesso à energia elétrica a 96% da demanda do estado, 144.061 famílias, beneficiando cerca de 672 mil pessoas.

Conforme o ministério, a necessidade da realização dos investimentos para suporte energético, a distância das comunidades da rede existente, dificuldade de acesso para levar o sistema até os moradores e a baixa densidade demográfica de algumas regiões, bem como liberações ambientais e arqueológicas em 62 municípios da região Sul do estado, levaram ao não cumprimento da meta.

Publicidade

O investimento feito nas obras do Programa Luz para Todos no Piauí chegam a R$ 990 milhões. Desses, R$ 894 milhões são oriundos do Governo Federal.

Irregularidades
No ano passado, uma auditoria do Tribunal de Contas da União em 11 municípios do Piauí evidenciou uma série de irregularidades na execução do programa Luz para Todos, sob responsabilidade da Eletrobras Distribuição Piauí.

A fiscalização, feita sob relatoria do ministro do TCU Raimundo Carreiro, apontou erros como a inadequação ou inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitário e global no edital, existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços, perda potencial ou efetiva de serviços realizados, bem como a não execução de serviços essenciais à integridade da obra.

A Eletrobras Distribuição Piauí também consta em uma lista da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como a segunda pior concessionária de energia do país, no que se refere à qualidade do serviço. A pesquisa apurou dados de 32 empresas de todo o Brasil e mostra que no ano de 2012 o consumidor piauiense ficou em média 34h seguidas sem energia.

Fonte: G1

Publicidade
Publicidade
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Facebook

MAIS ACESSADAS