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Jaicós

Jaicós notificou 31 casos de Hanseníase em 2018; Secretaria de Saúde intensifica ações

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A Secretaria de Saúde do município de Jaicós, está intensificando as ações com o intuito de diagnosticar casos de Hanseníase, conscientizar os profissionais que atuam na saúde e levar informações para a população sobre a doença, que no ano de 2018 registrou um número alarmante de casos, com um total de 31 diagnósticos.

Em entrevista ao portal Cidades na Net, o enfermeiro, Kainã Mendes, que atua na coordenação do Programa de Controle da Hanseníase, disse que é necessária a identificação dos casos. “A Hanseníase é uma doença crônica que vem desde os primórdios da humanidade e ao longo do tempo os casos só aumentam. A dificuldade que precisamos enfrentar é a questão da notificação em tempo oportuno da doença, a identificação dos casos. Infelizmente ainda temos uma baixa notificação, pois às vezes passa despercebido pelos profissionais de saúde”disse.

O enfermeiro informou que foram notificados 10 casos em 2015, 5 em 2016, 7 em 2017, 31 casos em 2018 e três já identificados em 2019. De acordo com Kainã, o número registrado em 2018 é alarmante, pois o padrão da Organização Mundial da Saúde, é que exista apenas um caso, a cada 10 mil habitantes.

 “O registro dos casos é sinal de que nós tivemos um trabalho reforçado no ano de 2018, mas o que assusta é que para a Organização Mundial da Saúde, o considerado dentro do padrão é que existisse apenas um caso a cada dez mil habitantes, em Jaicós são quase 20 mil habitantes, então deveríamos registrar apenas dois casos ao ano da doença” disse ele.

De acordo com o profissional, em anos anteriores não havia um trabalho intensivo voltado à doença, o que pode ter ocasionando a falta de notificação dos casos. “A gestão se preocupou em correr atrás desses casos, em anos anteriores nunca tivemos esse número alarmante, o que serve para reforçarmos novos trabalhos, mas ao mesmo tempo mostra uma realidade de que o município está se esforçando para notificar os casos. Em 2019 já temos três casos notificados até este mês de março, ou seja, já ultrapassamos nossa cota anual” falou.

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Segundo ele, é importante a identificação dos casos e que o município está de parabéns pelas ações desenvolvidas. “Ela é uma doença que incapacita a pessoa, deixa ela sequelada para o resto da vida. O nosso grande desafio é tentar identificar oportunamente esses casos que continuam ainda sem ser descobertos, pois se foram registrados 31 em 2018 é sinal de que em anos anteriores alguns casos não foram atendidos. Mas o município está de parabéns, especialmente a secretaria de Saúde, por estar desenvolvendo algumas ações, dando importância a hanseníase. Isso mostra o quanto a gestão está interessada em fazer com que as pessoas sejam tratadas em tempo oportuno para a gente tentar erradicar essa doença” disse.

O coordenador disse que a doença deixa sequelas, principal motivo de preocupação da saúde municipal. “Em 2019 a estimativa é que siga nessa quantidade de 2018 e isso afeta muito nossa preocupação, porque a Hanseníase tem cura, mas é uma doença crônica que pode ficar por vários anos encubada na pessoa e o indivíduo pode manifestar a doença até sete anos depois em contato com a bactéria e ela deixa sequelas que o indivíduo vai carregar para o resto da vida” falou.

Kainã também falou sobre alguns sintomas da doença, ressaltando que a mesma não se manifesta apenas através das machas na pele. “O sinal na pele é um sintoma que às vezes passa despercebido e em outras deixa a gente mais em alerta, mas a Hanseníase é uma doença que afeta os nervos da pessoa, então o indivíduo vai sentir dor nos nervos, cãibra, formigamento, às vezes até dor quando você apalpa o nervo. A pessoa pode também não ter a presença de manchas e pode acontecer também do indivíduo não transpirar” disse.

O enfermeiro ressaltou que o tratamento e medicação para a doença são oferecidos gratuitamente. “O tratamento é totalmente gratuito, quando identificamos um caso o paciente já inicia o tratamento no mesmo dia. Dependendo do caso, ele vai receber o tratamento integral, de seis meses ou um ano, se aparecer reação ele vai receber tratamento também e se precisar ir para um especialista, seja em Picos ou Teresina, ele também terá suporte” disse.

Por fim, Kainã Mendes destacou a importância da conscientização. “A gente precisa fazer com que as pessoas tenham a sensibilidade de correr atrás, não esconder a doença, que é histórica e ainda muito estigmatizada no sentido das pessoas ainda terem o preconceito em relação a ela” falou.

Sobre a Hanseníase

O Brasil possui a maior incidência de hanseníase no mundo e no total de casos é superado apenas pela Índia (MS, 2017, sendo o Paraná um dos estados com menor número de casos no país. A melhor estratégia para combater a hanseníase é a busca ativa de casos, principalmente entre as pessoas que convivem com o doente, pois a detecção precoce previne as incapacidades. Todo cidadão também pode contribuir, buscando o serviço de saúde assim que perceba algum sinal suspeito.

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DOENÇA

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, caracterizada pelo comprometimento dos nervos periféricos, com perda/alteração de sensibilidade cutânea térmica, dolorosa e/ou tátil e de força muscular, o que pode gerar incapacidades físicas permanentes, principalmente em mãos, pés e olhos.

O diagnóstico precoce continua sendo o elemento individual mais importante na cura da doença, prevenção de deficiências e redução da transmissão e baseia-se em sinais e sintomas clínicos e histórico epidemiológico. A baciloscopia do raspado intradérmico, exame auxiliar no diagnóstico, pode ser positiva ou negativa dependendo da classificação operacional (multibacilar/paucibacilar). O resultado negativo não afasta o diagnóstico de hanseníase.

SINTOMAS

  • Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
  • Área de pele seca e com falta de suor, com queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas; sensação de formigamento;
  • Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés; diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos;
  • Úlceras de pernas e pés; caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos; febre, edemas e dor nas juntas; entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz; ressecamento nos olhos.
  • Alguns casos não apresentam lesões de pele, apenas comprometimento de nervos periféricos, ocasionando assim alterações de sensibilidade e força muscular, além de dores na região dos respectivos nervos

TRATAMENTO

Os medicamentos para a hanseníase são chamados de Poliquimioterapia- PQT, que é distribuída gratuitamente nas unidades de saúde. Esses medicamentos curam a doença, interrompem a transmissão e previnem as incapacidades físicas. Os esquemas terapêuticos variam de acordo com a classificação operacional do doente, podendo ser Paucibacilar (6 cartelas) ou Multibacilar (12 cartelas) e a dosagem dos medicamentos é escolhida de acordo com a idade e peso do paciente. No caso de intolerância a qualquer uma das drogas, é possível fazer a substituição por outros medicamentos.

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