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POLÍCIA

Quadrilha usava app de mensagens para negociar gabaritos, diz polícia

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A Polícia Civil do Piauí descobriu que a quadrilha desarticulada nesta quinta-feira (10) negociava gabaritos e contratava pessoas para responder as provas de concursos públicos por meio de um grupo em um aplicativo de mensagens instantâneas. A fraude foi descoberta a partir da apreensão de celulares com candidatos no dia da prova do certame do Tribunal de Justiça do Piauí, realizada em dezembro do ano passado.

Delegado Kleidson Ferreira investiga participação de grupo em outros concursos (Foto: Catarina Costa/G1 PI)
Delegado Kleidson Ferreira do Greco
(Foto: Catarina Costa/G1 PI)

De acordo com o delegado Kleidson Ferreira, do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), os investigados na Operação Veritas, trocavam mensagens para acertar todo os detalhes da fraude. Além disso, a quadrilha também falsificava certificados de graduação.

“Esses celulares que foram apreendidos durante a realizada da prova do TJ-PI são de fabricação estrangeira e tem quantidade menor de metal, o que pode ter facilitado para que o detector de metais não acusasse. Novas prisões ainda podem ser feitas e, se necessário, mais mandados serão expedidos”, falou o delegado.

Entre os presos estão uma estudante de medicina, um militar do Corpo de Bombeiros e um agente da Superintendência de Transportes e Trânsito (Strans). Conforme o delegado, os três seriam as pessoas contratadas para fazer as provas e repassar o gabarito.

Os três advogados, um analista do Ministério Público Estadual, policiais e agentes penitenciários, candidatos que concorreram no concurso do TJ-PI, foram beneficiados com o esquema fraudulento.

Segundo a polícia, a quadrilha já vinha atuando há um ano, inclusive fraudando concursos fora do Piauí. Uma candidata que concorreu a uma vaga de professor na prefeitura de Fortaleza, no Ceará, além de recorrer à quadrilha para ter acesso ao gabarito da prova, também apresentou diploma de graduação falso

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Conforme o delegado Kleidson Ferreira, além do concurso do Tribunal de Justiça do Piauí, da Prefeitura de Capitão de Campos, também é possível que a quadrilha tenha beneficiado candidatos nos concursos da Secretaria de Educação do Maranhão (Seduc) e Tribunal Regional Eleitoral (TRE) também no estado maranhense.

“Todas as bancas organizadoras desses concursos foram procuradas por nós e ajudaram com as investigações. No caso do concurso do TJ-PI, vamos elaborar um relatório e encaminhar ao órgão para que eles avaliem a possibilidade de anular ou não o certame”, falou ainda o delegado.

Sobre a operação
Homens do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) e cerca de 200 policiais civis cumprem nesta quinta-feira 37 mandados de prisão, 34 de busca e apreensão e 46 de condução coercitiva.

Policiais cumprem mandados na capital e no interior do Piauí (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Policiais cumprem mandados na capital e no interior do Piauí (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

De acordo com o coordenador do Greco, delegado Carlos César, a quadrilha não tinha acesso aos gabaritos, mas contratava estudantes e especialistas de algumas áreas para fazer as provas, respondiam as questões das disciplinas que eles tinham conhecimento específico e as demais questões marcavam de forma aleatória.

“Eram várias pessoas contratadas pelo grupo fazendo a mesma prova. Elas deveriam responder em tempo hábil as questões, depois se reuniam para montar o gabarito e passavam via celular para o a candidato. Um menor foi apreendido por fraude no concurso do TJ. Ele fez a prova de matemática e confessou como acontecia o esquema”, disse o delegado Carlos César sem dar valores pagos pelos candidatos.

Delegado Carlos César conta como o grupo agia. (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Delegado Carlos César, coordenador do Greco
(Foto: Gilcilene Araújo/G1)

Advogados de alguns dos suspeitos presos compareceram até a Academia de Polícia (Acadepol), mas nenhum deles quis se pronunciar.

O presidente da Ordem dos Advogados (OAB) do Piauí, Francisco Lucas Costa, esteve na Acadepol para levantar informações sobre a participação dos advogados suspeitos de participação na quadrilha. Ele contou ainda que após a confirmação da fraude no concurso do Tribunal de Justiça, a OAB deve acionar o órgão sobre a possibilidade de anulação do certame.

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O Tribunal de Justiça do Piauí informou que só deve se pronunciar no final do inquérito policial. O Ministério Público Estadual, disse que está ciente da prisão de um servidor do órgão e só irá posicionar sobre o caso depois que for acionado pelo delegado geral da Polícia Civil.

A Superintendência de Transportes e Trânsito (Strans) também só deverá comentar o caso após uma avaliação da denúncia contra o agente preso.

O concurso do TJ
No dia do concurso, quatro candidatos foram detidos após serem flagrados com aparelhos celulares, documentos falsos, mas liberados após prestarem esclarecimentos. A polícia confirmou que alguns deles estão entre os alvos dos mandados de condução coercitiva cumpridos nesta quinta-feira (10).

Em dezembro do ano passado, 42.920 candidatos disputaram as 180 vagas ofertadas no concurso público do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI).

 

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G1

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