POLÍTICA
Novo ministro diz que não acredita na Lava Jato
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O novo ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, disse em entrevista ao Diário do Povo, há duas semanas, que não acredita em mudanças concretas no país com as investigações e condenações da operação Lava Jato.
“O que mudou com o impeachment de Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Lava Jato?”, questionou ele. “Enquanto o mensalão estava sendo condenado, a Lava Jato estava sendo operada. Eles aconteceram ao mesmo tempo”, completou.
As declarações foram dadas por Torquato Jardim no dia 18 de maio, em Teresina. Ele veio à capital piauiense para fazer a palestra de abertura do 6º Congresso de Ciência Política e Direito Eleitoral do Piauí, realizado nos dias 18, 19 e 20 do mês passado.
Ontem, o advogado e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral foi nomeado ministro da Transparência, Fiscalização e Controle do Governo Temer, depois da queda do ex-ministro Fabiano Silveira, flagrado em gravações em que criticava a operação Lava Jato, em conversas com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ao ser questionado sobre as ações de combate à corrupção e o que ele imaginava que deveria ser feito para aumentar a eficácia dessas ações, respondeu, com ironia e bom humor: “Se eu soubesse o que fazer, eu ganhava o Prêmio Nobel. Ganhava o Oscar da Política”. Para ele, porém, as medidas contra a corrupção não surtem o efeito esperado porque os envolvidos nas denúncias nem sempre são punidos pelo eleitor. “Vivemos num país em crise. Não sei qual a esperança que temos. O Brasil vive da ração e não da razão. O Estado de São Paulo reelegeu todos que eram réus no Mensalão, menos um deputado federal.
Qualquer programinha social onde se distribua bônus disso, bônus daquilo, se ganha a eleição”, assinalou. “O Brasil tem que sair da ração para chegar à razão. O Brasil tem que sair da senzala para chegar à Casa Grande. Quando isso acontecer, se muda a história”.
Do ponto de vista sociológico e histórico, segundo o advogado, o Brasil é uma sociedade periférica. “Nada aqui é relevante para a história da humanidade. Estamos sempre imitando o modelo de alguém a to-do tempo, e não chegamos a lugar nenhum. Nunca paramos para pensar quem nós somos”, disse. Ele afirmou ainda que partido político no Brasil “é uma central de negócio”, só varia o mecanismo de um e de outro. “Partido político é um balcão de negócios, todos com o mesmo programa, com o mesmo propósito. È isso hoje o partido político no Brasil”, acrescentou.
Diário do Povo
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