Connect with us

GERAL

Cabeleireiras se unem contra o preconceito e criam campanha de valorização do cabelo crespo no Piauí

Publicado

em

As críticas, os olhares e o preconceito com os cabelos crespos fizeram com que um grupo de profissionais de cabelos naturais do Piauí iniciasse uma campanha de valorização da beleza da mulher com cabelos crespos.

Elas contam que quem tem cabelo crespo precisa enfrentar diariamente algumas situações constrangedoras, simplesmente porque decidiu usar o seu cabelo natural. Pensando nisso, a campanha “Identidade Crespa” busca valorizar e mostrar como o cabelo crespo é lindo.

Uma das idealizadoras da campanha é a profissional de cabelos crespos e cacheados Kati Monteiro. Ao G1 ela afirmou que a sociedade ainda encara que o cabelo liso é a melhor opção. Ela mesma chegou a alisar os cabelos, mas hoje prefere seus cachos.

“Uma das piores coisas são os olhares. As pessoas te olham como se você não estivesse arrumada. Ainda existe a ideia que você tem que estar com os cabelos lisos ou em um coque, para estar apresentável. Isso machuca a gente. Eu usei meu cabelo alisado por uns 15 anos, até optar por usar natural. No primeiro dia que tirei toda a química do cabelo, o meu avô me falou que eu só andava ‘assanhada’. Então isso é muito enraizado e cultural, de ter que estar dentro de um padrão para se encaixar”, lamentou.

Kati Monteiro incentiva o uso dos cabelos crespos e cacheados — Foto: Arquivo Pessoal

Kati Monteiro incentiva o uso dos cabelos crespos e cacheados — Foto: Arquivo Pessoal

Ela explicou que a sobrinha de sete anos chegou a pedir para ter o cabelo alisado, mas com muita conversa sobre como tratar e valorizar o cabelo crespo, hoje a menina adora o cabelo natural.

Publicidade
“Eu e a mãe da minha sobrinha conversamos com ela, falamos que não precisava alisar, trabalhamos isso e hoje ela ama o cabelo black dela. Então o que você vê dentro de casa ajuda muito e valoriza a autoestima da criança”, destacou Kati Monteiro.

A campanha iniciou em abril deste ano, com a divulgação de vídeos mostrando a importância de aceitar o cabelo na sua forma natural. Uma segunda etapa da campanha pretende ajudar moradores de regiões mais carentes no tratamento dos cabelos crespos.

Campanha Identidade Crespa está sendo realizada no Piauí — Foto: Divulgação

Campanha Identidade Crespa está sendo realizada no Piauí — Foto: Divulgação

“Estamos elaborando um projeto que queremos levar serviços para a comunidade. Ainda não projetamos direito como vamos fazer, mas queremos levar cursos de embelezamento para as mães poderem cuidar das filhas, para que a gente consiga tirar das redes sociais e levar para a prática”, explicou Kati Monteiro.

Filhas ensinam mãe a amar o crespo

Os pais podem ser grandes incentivadores para que os filhos amem os cabelos crespos, mas o contrário também pode acontecer. É o caso de Sônia Oliveira, que é mãe de Maria Clara, de 12 anos, e de Maria Cecília, de 7 anos.

A duas meninas adoram o crespo e fizeram a mãe ir em busca de conhecimento sobre como cuidar e tratar os cabelos.

 Sônia Oliveira com Maria Clara e Maria Cecília — Foto: Arquivo Pessoal

Sônia Oliveira com Maria Clara e Maria Cecília — Foto: Arquivo Pessoal

Sônia também tinha o cabelo crespo, mas devido ao preconceito que sofria, sua família alisou o seu cabelo desde criança. Atualmente ela mantém os cabelos alisados e chegou a sugerir alisar o cabelo das filhas, mas as meninas adoram o crespo.

Publicidade

“Desde que eu tinha 9 anos minha família alisava os meus cabelos de forma caseira. Tinha muito preconceito nessa época. Quando eu tive filhas, decidi que elas iriam escolher o melhor para elas. Cheguei até a sugerir alisar, mas elas amam o crespo, eu fui entendendo e eu apoio elas. Elas tiveram uma escolha que eu não tive no passado”, explicou.

Maria Clara e Maria Cecília adoram o cabelo crespo cacheado — Foto: Arquivo Pessoal

Maria Clara e Maria Cecília adoram o cabelo crespo cacheado — Foto: Arquivo Pessoal

Para Sônia Oliveira, a felicidade das filhas ameniza todo o trabalho que tem para tratar o cabelo.

“Para mim como mãe é satisfatório. Eu fui obrigada quando criança a alisar, mas elas tiveram o livre arbítrio. Elas gostam do cabelo e isso me deixa muito feliz. Dá trabalho, porque elas têm muito cabelo, mas eu faço com muito prazer porque eu vejo a felicidade delas quando alguém elogia, e para uma mãe negra, que sempre sofreu com as consequências de um cabelo que é considerado ruim, é muito incrível ver minhas filhas envolvidas com os cabelos delas”, destacou.

Fonte: G1
Publicidade

Facebook

MAIS ACESSADAS