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HISTÓRIAS DA NOSSA GENTE

Aos 3 anos, criança autista de Jaicós lê e escreve e impressiona pelo desenvolvimento

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Seus ‘brinquedos preferidos’ são o papel e a caneta. Jogos educativos também atraem a atenção do garoto. Na casa, quase todos os cômodos possuem as paredes riscadas. Em meio aos rabiscos, palavras e frases também vão se formando.

Ele completou 3 anos da idade há menos de 1 mês, mas, seu desenvolvimento impressiona. Ele lê, escreve e tem muita facilidade em aprender. Sua desenvoltura surpreende os pais e também amigos da família.

Ele é o pequeno Victor Gabriel Leal Marques, filho do casal Liz Ariely Leal Marques e Flávio de Sousa Marques, da cidade de Jaicós, que são pais também de Ana Liz Leal Marques e Flávio de Sousa Marques Júnior, de 5 e 8 anos de idade, respectivamente.

Victor Gabriel possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA), com o qual foi diagnosticado aos dois anos de idade. Antes disso, ainda no seu primeiro ano de vida, o pequeno começou a demonstrar uma grande habilidade com as palavras.

A mãe, Liz Ariely, fala como tudo começou. “Com 1 ano e dois meses a gente via a dificuldade dele na questão do contato visual e eu já fiquei alerta com isso. Quando completou 1 ano e 4 meses levei ele no neuro e ele falou que poderia ser autismo. Ele começou a fazer acompanhamento também com fono e psicóloga. Com 1 ano e 5 meses ele já começou a identificar as letras e mais dois meses depois, a gente estava aqui fazendo o café aí ele foi e começou a ler. Ele falou S. A. L, SAL, aí eu olhei para Flávio, ele me olhou e a gente começou a chorar” lembra ela.

Desde então, Victor tem se desenvolvido cada vez mais. “A gente colocava as bacias e ele dizia as letras direitinho e formava as palavras. Tem nome difícil que ele já lia. Aí eu fiquei assustada, sem saber se era normal, se era algum problema. Então eu liguei para o fono e ele disse que era normal, não tinha um diganóstico, mas que o Q. I dele era elevado. Com dois anos ele recebeu o diagnóstico de autismo e de lá para cá graças a Deus só vem melhorando na questão da atenção e tudo. Começou a ler, escrever, faz até somas. E ele começou a estudar agora, mas até a tarefinha dele ele faz sozinho, a gente só explica e ele identifica e faz tudo direitinho”.

A mãe também falou sobre o TEA. Segundo ela, o filho é bastante tranquilo e buscar tratamento o quanto antes foi essencial. “Ele atende a um não com a maior facilidade, não tem seletividade alimentar, dorme tranquilo. Eu costumo dizer que o que eu estava precisando para minha vida era ele, a calmaria dele. Ele é na dele, não precisa de ninguém para brincar, faz as brincadeiras dele sozinho. Graças a Deus ele é tranquilo demais. Tem pais que não querem aceitar, mas eu acredito que se eu não tivesse procurado tratamento desde cedo, ele não seria calmo do jeito que é, não teria desenvolvido tanto assim. Só tenho que agradecer a Deus por a gente ter aceitado, ter corrido atrás o quanto antes”.

Liz disse que aconselha outras mães atípicas a buscarem a ajuda necesária. “Vejo umas mães que às vezes ficam tristes, não querem levar para as sessões, dizem que a criança não acostuma, e eu aconselho ‘mas se tu não tentar, não vai conseguir nunca’. É uma coisa nova para eles, querendo ou não a cabecinha deles é diferente e a gente precisa tentar compreender eles. Aqui os irmãos sabem que ele tem autismo e ensino a eles que não é uma doença, um problema grande”.

Ela também ressaltou a importância do apoio da família. “A psicóloga diz que não adianta a gente só levar para o tratamento uma vez por semana, precisa da ajuda em casa, de quem convive com ele diariamente. E a gente procura sempre fazer isso, ajudar ele aqui. Ele está se desenvolvendo muito, muito bem. Cada dia que passa ele vem com coisas diferentes. Na escola ele aprende as coisas muito rápido. Com o pai também as coisas que ele fala, ele aprende com muita facilidade”.

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Liz Ariely ainda disse que doar muito amor é essencial. “O segredo também é dar muito amor. Quando ele está muito estressado, que a gente vê que não é normal de toda criança, as professores mesmo já sabem. Quando ele começa se estressar, pede um abraço. Ele pode estar no choro maior do mundo, mas nunca rejeitou um abraço, um beijo. A gente vê a calmaria que ele fica. A gente não pode gritar, brigar com ele, que ele chora, se estressa, aí eu já fico triste comigo mesma. Temos que dar muito amor mesmo. Tratando isso com muito amor, é totalmente diferente”.

O pai de Victor, Flávio Júnior, disse que eles querem entender mais sobre o autismo. “Na verdade, o que a gente quer entender, porque é uma coisa muito nova, que exarcebou da pandemia pra cá, é a dificuldade que o autista e a família enfrenta, principalmente com relação a outros filhos. A gente tem que diferenciar e tentar dosar com relação aos outros. E assim, não é uma doença curavel com remédio, é uma patologia que a pessoa nasce com isso, não é adquirido. A pessoa pode conviver normalmente com outras. Alguns autistas tem dificuldade com som, outras crianças, mas a gente não vê isso no nosso filho. O que o médico falou é que o Q.I dele é de criança de 6 a 7 anos. Ele convive normalmente com outras crianças, só tem as brincadeiras diferentes. A brincadeira dele é ler e escrever. Pode estar zangado do jeito que estiver, se der um papel e uma caneta ele acalma na mesma hora”.

Segundo ele, o desenvolvimeto do filho é espantoso. “O desenvolvimento dele é de uma criança que está pelo menos 4 anos a frente dele. Tem coisa que ele faz e fala aqui que a gente fica assustado. Qualquer cor que você falar ele diz em inglês e português. Alguma coisa ele pode aprender na televisão, outras não, é natural. Vai surgindo coisas absurdas, que para idade dele é surreal. Quem convive se assusta de verdade”.

Flávio disse que o filho explora o universo das letras. “A gente compra algumas coisas, às vezes ganha brinquedos educativos do pessoal que sabe que ele tem esse desevolvimento. Ele monta sozinho, organiza o alfabeto, as parades do quarto dele são todas riscadas. É a diversão dele. Ele faz o nome de qualquer pessoa. E detalhe, além da letra, agora ele está começando a fazer os contornos (risos). A gente tomou um susto essa semana. A gente já tinha visto ele lendo, mas essa semana ele pegou um livro, leu a capa, não contente, ele abriu o livro e começou a ler e eu fiquei impressionado”.

Ele também falou que eles deixam que ele faça as coisas a seu tempo. “Não é que a gente incentiva, a gente deixa ele viver como uma criança normal, o que ele quer fazer a gente vai deixando, dentro do limite. O que ele gosta a gente vai fazendo. E ele não gosta de televisão, porque às vezes a pessoa pode dizer que ele aprende as coisas lá, mas ele não liga. Agora a caneta tem que ter perto dele e ele sai riscando tudo”.

Por fim, ele destacou que o intuito de falar sobre o filho é deixar uma mensagem. “Mas o que a gente gostaria mesmo de passar para quem ler essa matéria, é que não é uma doença. Quem tem um autista em casa, precisa aceitar, procurar ajuda e aprender a conviver. A sociedade impõe esteriótipos ao TEA, mas a gente não está tendo dificuldade no convívio, na desenvolvura dele, que na verdade é muito a frente do que a gente imagina”.

Liz completou dizendo: Não queremos ganhar nada com isso. A gente quer com nosso relato ajudar outros pais, pois quando diz que a criança é autista já coloca lá em baixo, acha que vai ter o atraso, que não vai ser ninguém na vida, não vai conseguir nada. Quando descobri que ele era autista, o medo maior que tive foi da sociedade. Eu dizia para meu marido que não tenho estrutura ainda para tipo ele fazer alguma coisa e a pessoa dizer ‘ah, é porque ele é autista’, tipo menosprezando ele. É por isso que sempre procuro estar conversando com meus dois filhos para eles não tratarem outras crianças assim” concluiu.


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