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Saúde

Pacientes com hanseníase enfrentam dificuldades no diagnóstico e tratamento

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Receber o diagnóstico positivo para Hanseníase, a antiga lepra, ainda não é nada fácil. É o que relata Paulo Araújo, de 39 anos de idade, que chegou a desistir do sonho de concluir o curso de Licenciatura em Letras Inglês na UFPI. Apesar de já estar curado da doença, lembra das dificuldades que enfrentou durante o tratamento e como lida com as sequelas. Ele conta que o que atrasou o seu tratamento foi, inicialmente, o diagnóstico errado.

“Em 2015, eu morava em Fortaleza (CE). Tive manchas brancas nas costas e o médico da rede privada tratou como micose e pano branco. Três anos depois, apareceram manchas vermelhas e uma atrofia no dedo. O que aconteceu foi uma reabsorção óssea no dedo indicador esquerdo, que começou a ficar roxo”, relembra ele, que em setembro de 2018, ao procurar um outro profissional, em suas costas já somavam 28 manchas vermelhas, identificadas como hanseníase.

Com a dificuldade de obter o diagnóstico correto e iniciar rapidamente o tratamento, Paulo Araújo comenta que foi apenas por meio do SUS no Piauí que conseguiu o encaminhamento para iniciar o tratamento.

“Eu não conseguia o tratamento adequado em Fortaleza e decidi retornar a Teresina. Com a visita domiciliar do médico da família para a minha avó, que estava acamada, recebi o encaminhamento para o Centro Maria Imaculada. E foi assim que em 2019 iniciei meu tratamento e tenho acompanhamento necessário até hoje”, ressaltou.

Paulo Araújo conta que as sequelas da hanseníase fizeram ele se tornar uma pessoa com deficiência, tendo que passar ainda por muitos procedimentos cirúrgicos.

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“Atualmente, fiz uma cirurgia de descompressão do túnel do carpo no braço esquerdo. Talvez, esse ano, eu faça a descompressão também do braço direito. Vou precisar também fazer a descompressão da perna direita. Tudo isso devido às sequelas que fiquei. Eu moro sozinho e tudo na minha casa precisa de algumas adaptações, desde a chave da porta a caneta para escrever. O chão precisa estar sempre livre e limpo, pois tenho anestesia nos dois pés, se entrar um prego, eu vou continuar andando com o prego no meu pé e não vou sentir”, destaca, ele que retomou os estudos no mesmo curso, Letras Inglês, na modalidade a distância.

Serviço é referência para pacientes com hanseníase

O Centro Maria Imaculada (CMI), com sede localizada no bairro Real Copagre, zona Norte de Teresina, foi fundado no ano de 1992 e é um serviço executado pela Ação Social Arquidiocesana (ASA). Os assistidos, assim como Paulo Araújo, recebem atendimento voltados para o diagnóstico, prevenção e cura, assim como o acompanhamento fisioterapêutico.

Os dados divulgados pela coordenação do Centro Maria Imaculada apontaram que em cinco meses, a unidade já realizou 8.054 atendimentos. Em 2023, esse número chegou a um total de 23.590.

Stephanie Santos, coordenadora do Centro Maria Imaculada - (Márcia Gabriele / O Dia)Márcia Gabriele / O Dia – Stephanie Santos, coordenadora do Centro Maria Imaculada

De acordo com Stephanie Santos, coordenadora do CMI, o serviço realiza em média cerca de 1.700 a 2 mil atendimentos por mês.

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“O Centro Maria Imaculada é referência no atendimento de pessoas acometidas pela hanseníase. Nós temos uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistentes sociais e farmacêutico, para oferecer esse atendimento integral para o tratamento adequado”, garante.

Para Stephanie Santos, uma das metas é ampliar o número de parceiros, para que possa ser ampliado direitos aos pacientes, que enfrentam muitos preconceitos no meio social.

“Muitas vezes, por conta da hanseníase, a situação de vulnerabilidade deste paciente é agravada. Eles acabam precisando de assistência médica, terapêutica e até mesmo financeira, principalmente, devido ao estigma da hanseníase na sociedade, que impede o acesso a diversos direitos”, afirma.

Oficina Ortopédica no Centro Maria Imaculada  - (Crédito: Márcia Gabriele )Crédito: Márcia Gabriele – Oficina Ortopédica no Centro Maria Imaculada

Oficina Ortopédica

José Oliveira, técnico em órteses, atua no Centro Maria Imaculada há mais de 30 anos e calcula que por mês, são produzidas em média 45 órteses de forma gratuita aos pacientes atendidos pela unidade.

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“As órteses são adaptações para pacientes com sequelas da hanseníase, que são palmilhas, palmilhas adaptadas, talas para mãos e dedos, férula para pé caído. Todas essas peças são doadas aos nossos pacientes, para que possam atender as necessidades de cada um deles”, fala José Oliveira, que informa sobre a aquisição da matéria prima da oficina ser de origem de doação das ONGs parceiras.

Fonte: Portal O Dia

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