Aumenta número de festas clandestinas no Piauí; foliões vão para sítios afastados

De acordo com o último decreto publicado pelo Governo do Estado do Piauí, alguns bares e restaurantes já podem abrir seus estabelecimentos e permanecer em funcionamento até as 23h. Essa flexibilidade, entretanto, parece ter feito com que algumas pessoas voltassem a realizar eventos com aglomeração.

E qualquer atividade que promova aglomeração, de Norte a Sul do Piauí, em concordância com os mais recentes decretos sancionados pelo governador Wellington Dias, estão totalmente proibidos. Medida tomada para que não haja disseminação do novo coronavírus no estado. Imagens como as que você verá a seguir estão comuns:

Eventos culturais, atividades esportivas e sociais, bem como o funcionamento de boates, casas de shows e quaisquer tipos de estabelecimentos que promovam atividades festivas, em espaço público ou privado, em ambiente fechado ou aberto, com ou sem venda de ingresso, devem seguir suspensas.

Mas não é isso que está acontecendo. Até o momento, de acordo com dados oficiais, pelo menos 1,5 mil festas clandestinas já foram confirmadas e fechadas, acontecendo de Norte a Sul do Piauí. Nos últimos dias tem surgido imagens, vídeos e áudios em redes sociais que comprovam: festas clandestinas, com aglomeração e sem as pessoas usarem máscara (item obrigatório desde o dia de 22 de abril de 2020, através do decreto estadual nº 18.947), estão acontecendo. Um verdadeiro desrespeito aos decretos e às medidas higiênico-sanitárias. Além de grandes aglomerações, com 100, 200 e até 500 pessoas, percebe-se ausência de distanciamento social.

COMO ERAM ESSAS FESTAS CLANDESTINAS?

E o índice de festas ilegais -e de mais pessoas participando- só aumenta. Estão acontecendo em todo estado. No final de semana passado, duas grande festas clandestinas foram encerradas pela Polícia Militar do Piauí. Intituladas como “Privezinha do Vegas” e “Privezinha Os Cachorros”, cada uma contou com cerca de 500 participantes. A dinâmica das festas era semelhante: consistia na realização do evento em sítios afastados da capital Teresina, prática esta que vem sendo comum na tentativa de despistar as autoridades.

De acordo com a assessoria de comunicação da PM-PI, os policiais notaram uma dinâmica de comboio que saia a cada 30 minutos de um ponto que eles marcavam apenas entre os “convidados” da festa. A partir deste ponto eles iriam rumo aos locais da festa seguindo uma espécie de “guia”, que geralmente é o próprio organizador da balada. No evento, “Privezinha do Vegas”, por exemplo, a ocorrência se deu em um sítio na localidade Beco da Raposa na região da Santa Teresa, zona rural de Teresina. Por lá, os foliões se reuniram em frente à região do Aldebaram Leste, no Bairro Verde Lar, saindo da zona Leste da cidade. O primeiro grupo saiu às 21h30. E assim seguiu levando grupos até à 0h.

E olha que o toque de recolhe ainda estava vigorando quando o evento clandestino foi realizado. A outra festa,”Privezinha Os Cachorros”, foi realizada em um sítio em um trecho da rodovia PI-112, KM 10. Os participantes se encontraram na avenida Kennedy, em frente à rua que dá acesso ao bairro Cidade Jardim, também saindo da zona Leste da cidade. Os comboios com os guias, iniciaram o deslocamento às 21h, com intervalos de saída a cada uma hora. O último grupo foi levado às 1h da madrugada. Por lá, paredão, barulho e muita bebida.  O vídeo abaixo confirma como eram essas festas. Quem repassou essas informações ao OitoMeia foi uma fonte, que se infiltrou nesses eventos para acompanhar como aconteciam. E a Polícia tomasse suas providências.

FESTAS CLANDESTINAS QUE TERMINARAM EM MORTE

Com a incidência cada vez maior de festas em situações de ilegalidade, até mortes em eventos como estes já foram registradas. Na madrugada do dia 19 de fevereiro, como já noticiado aqui pelo OitoMeia e em toda a imprensa na época, uma pessoa identificada como Sena Oliveira, 30 anos, morreu participando. Pelo menos outras três teriam ficado feridas. Tudo em decorrência de um tiroteio que ocorreu em uma festa ilegal realizada no espaço de eventos Ibiza Pub House, localizado na avenida João XXIII, zona Leste de Teresina.

Testemunhas presentes na festa ilegal, relataram que um homem chegou armado na casa de show e abriu fogo contra os frequentadores. Foram pelo menos 30 disparos efetuados. Segundo informações do 5º Batalhão da Polícia Militar, o local foi alugado para uma festa clandestina, sem que as autoridades soubessem. Desta forma, todos os participantes estavam vulneráveis. Dias depois, a Polícia informou que a motivação do tiroteio, fazendo com que a aglomeração se esvaziasse, se deu por causa de uma disputa entre facções criminosas. Um homem armado chegou atirando no meio da balada.

Mais recentemente, no dia 25 de abril, uma luta de boxe clandestinaorganizada em uma academia irregular na zona Norte de Teresina, terminou com a morte do segurança identificado como Jonas de Andrade Carvalho Filho, de 34 anos. De acordo com informações da polícia o evento contava com cerca de 300 pessoas e era muito mais que um evento esportivo, mas sim uma festa, com bebidas, som alto e todo um clima de balada. Foram constatados grandes quantidades de bebidas alcóolicas e som automotivo -os famosos paredões. Sem qualquer registro de medida sanitária. O vídeo abaixo mostra o momento da luta que resultou na morte de um dos atletas e é possível ver que havia muita gente no local. Todos de forma clandestina.

TENTAM DESPISTAR A POLÍCIA, MAS DENÚNCIAS ESTÃO AJUDANDO

Há uma tentativa, por parte desses organizadores de eventos clandestinos, de não permitir que as autoridades policiais descubram a realização. Tentam esconder a realização e em alguns casos chegam a confiscar o telefone celular das pessoas, pedindo que não divulguem imagens em suas redes sociais. Mas as várias denúncias e os registros em Instagram, Facebook e etc entregam.

De acordo com a assessoria da PM-PI, após a constatação de que está ocorrendo uma festa clandestina, com violações sanitárias, é determinado o encerramento do evento de forma imediata pelas equipes da Polícia Miliar. Na sequência são lavrados os procedimentos legais cabíveis aos responsáveis das festas ilegais e possíveis prisões e/ou apreensões. Na maioria das vezes há uma dificuldade de se encontrar os organizadores, que geralmente são os primeiros a se evadir do evento.

Na semana anterior, no período de 03 a 10 de maio, a Polícia Militar do Piauí registrou cerca de 3,4 mil ocorrências. Neste período foi realizada ainda a apreensão de 11 armas de fogo, a recuperação de 36 veículos, a prisão/apreensão de 66 pessoas, bem como a lavratura de 17 termos circunstanciados de ocorrência. O número de abordagens a pessoas chegou a 11.405, o de veículos averiguados a 7.500 e o de estabelecimentos orientados/fechados ultrapassou 1,5 mil.