A ex-judoca piauiense Sarah Menezes, campeã olímpica em Londres 2012, retornou aos trabalhos junto à seleção brasileira feminina de judô após ficar afastada de suas funções por três meses. Em janeiro, Nina, a filha de Sarah, sofreu um acidente doméstico, teve queimaduras de segundo grau no corpo, precisou ser hospitalizada e passou por cirurgia plástica.
Nina Menezes e Sarah Menezes — Foto: Rede Clube
Sarah estava com a Seleção, em São Paulo, para o Grand Prix de Portugal que foi realizado de 27 a 29 de janeiro. A campeã ganhou liberação da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e, desde então, ficou em Teresina para ficar mais perto da filha. A treinadora da Seleção dedicou sua atenção ao tratamento de sua filha e relatou o pânico vivido com a situação.
– Eu fiquei em choque. Foi pesado. Uma queimadura é muito grave. Foi muito feio. Na hora, eu fiquei sem acreditar. Foram noites acordadas com ela no colo e sem entender. Ainda bem que passou e que agora é ter cuidado para que não aconteça. E continuar o tratamento passando os produtos que tem que passar, as pomadas.
Nina Menezes e Sarah Menezes — Foto: Rede Clube
Passado o susto com Nina, que segue o tratamento com medidamentos específicos, Sarah vai retornar aos trabalhos com a Seleção logo com um grande desafio: o Mundial de judô, em Doha, no Catar. A competição internacional está agendada para iniciar no dia 7 de maio e segue até o dia 17 de maio.
Sarah Menezes, técnica da seleção brasileira feminina de judô — Foto: Rede Clube
Em 2020, Sarah se aposentou de sua carreira de atleta para se dedicar ao sonho de ser mãe. Há pouco mais de um ano, a piauiense aceitou um novo grande desafio em sua trajetória: treinar a seleção brasileira na modalidade. Sara resumiu o período importante vivenciado em uma nova função.
– O resumo que eu faço da minha trajetória como treinadora é que eu, junto com a Andrea (Berti, treinadora da seleção brasileira feminina de judô), conseguimos entrar na cabeça dos atletas e conseguimos mostrar que a postura é um diferencial. Ele se sente autoconfiante na maneira que ele tem, no hábito de lutar. A postura, independente do adversário, se é alto ou se é baixo, é importante você modificar – comentou a treinadora.
Sarah Menezes e Andrea Berti, técnicas da seleção brasileira feminina de judô — Foto: Reprodução/sportv
– Toda competição vão ter histórias diferentes, vão ter altos e baixos. A gente, lógico, pensa no alto. Avaliar o Mundial do ano passado? Foi excelente! Não tem o que falar. Acredito que foi um dos melhores mundiais de todos os tempos, da confederação. Esse a gente espera ter bons resultados também – citou a ex-judoca.
Companheira de profissão de Sarah, Andrea Berti relatou a importância da piauiense no comando para o desenvolvimento das atletas brasileiras e o uso das estratégias necessárias diante dos desafios apresentados.
– Nada melhor que uma campeã olímpica para ajudar nossas atletas. Essa visão, essa performance. Eu, com minha idade, eu não me sinto muito ágil para isso. A Sarah contribui, ajuda bastante as atletas neste sentido. Com minha visão e com a visão dela, em relação as estratégias técnicas e táticas das adversárias. Se colocando de corpo e alma se colocando nos quimonos das atletas para isso, para ajudar nessa condição – comentou Andrea Berti, técnica da Seleção.
Andrea Berti, técnica da seleção brasileira feminina de judô — Foto: Reprodução/sportv
Trajetória de Sarah Menezes como treinadora
Sarah Menezes foi escolhida, em dezembro de 2021, para ser a técnica principal da seleção brasileira de judô no ciclo Paris 2024. Com 33 anos, ela fez parte da renovação da CBJ de toda a comissão técnica para as Olimpíadas 2024; no feminino, substituiu Rosicleia Campos – que fez parte do ciclo mais vitorioso da história do judô brasileiro: 14 medalhas olímpicas e 48 medalhas em mundiais – e foi treinadora de Sarah.
Sarah Menezes e Andrea Berti, técnicas da seleção brasileira feminina de judô — Foto: CBJ
A estreia da Sarah como técnica foi em janeiro de 2022, no Grand Prix de Almada, em Portugal. Lá, Rafaela Silva ganhou ouro – primeira competição de Rafaela após o dopping. Nesse primeiro ano como técnica, Sarah concorreu ao título de melhor técnica do mundo pela Federação Internacional de Judô.
Sarah Menezes, técnica da seleção brasileira feminina de judô — Foto: Reprodução/sportv
Mundial de judô no Catar
Rafaela Silva é o principal nome do Brasil no Mundial de judô — Foto: Reprodução Instagram
O Campeonato Mundial de Judô está marcado para iniciar neste domingo com os principais atletas do planeta em busca de pontos para o ranking classificatório das Olimpíadas de Paris 2024. O evento será disputado em Doha, capital do país catari, e terá uma presença feminina muito forte, tanto para o Brasil, quanto para os outros países que têm nelas suas principais estrelas. Entre os homens, o destaque é a volta de Teddy Riner depois de seis anos, já que não participa de um Mundial desde 2017.
Seleção feminina
Natasha Ferreira (48kg) Amanda Lima (48kg) Rafaela Silva (57kg) Jéssica Lima (57kg) Ketleyn Quadros (63kg) Gabriella Mantena (63kgJ) Beatriz Souza (+78kg)
Convocados apenas para o Mundial por Equipes Mistas
Luana Carvalho (70kg) Gabriel Falcão (73kg)
Equipe brasileira
O Brasil chega ao Mundial com 17 atletas. Os destaques são Rafaela Silva, número 1 do ranking, atual campeã do torneio e campeão olímpica na Rio 2026, e Beatriz Souza, vice-campeã do torneio em 2022, e que chega ao Mundial como cabeça de chave, embora tenha passado boa parte da temporada machucada. O time, porém, não contará com a tricampeã mundial Mayra Aguiar e Daniel Cargnin, bronze nas Olimpíadas, que estão machucados.
Fonte: GE