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Bocaina

“Foi uma experiência muito forte”, declara presidente da Alerp de Picos ao vencer a Covid-19

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A professora, Deolinda Marques, natural do município de Bocaina, falou sobre a experiência de enfrentar o novo coronavírus  (COVID-19). Aos 61 anos, Deolinda é presidente da Academia de Letras da Região de Picos (ALERP).

Dentre outros, o período de pandemia que iniciou em meados do mês de março interrompeu diversos eventos da Alerp, inclusive o processo eleitoral da Cadeira nº 17, que fora ocupada pelo saudoso professor e poeta Inácio Baldoíno.

Ocupante da Cadeira nº 27, a professora revelou como foi ter que lidar com a doença e também sua visão a cerca do Hospital Regional Justino Luz, principalmente no tratamento da Covid.

Os primeiros sintomas surgiram ao final do mês de novembro, às vésperas do 266º festejo de Nossa Senhora da Conceição, em Bocaina.

“Comecei a sentir os primeiros sintomas dia 25 de novembro e não tive dúvidas que tinha contraído o tal vírus. O que senti, embora considerasse sintomas leves, nunca havia sentido antes: estado febril, dores no corpo, forte dor de cabeça e zumbido nos ouvidos. Isolei-me na casa de uma irmã, que já estava curada da COVID, para proteger minha mãe que tem 83 anos”, disse.

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No dia 30 de novembro, o teste (SWAB), deu positivo, e passou a ser acompanhada pelo médico “que me receitou o medicamento do protocolo inicial. Logo depois, perdi o olfato e o paladar, mas todos os sintomas continuavam leves; dormia e me alimentava bem e considerava que já estava me livrando da doença”.

Após sete dias do teste, os sintomas começaram a se agravar com “uma tosse seca, um pouco de cansaço e a saturação que era verificada por meu irmão, todos os dias começou a baixar muito”.

No dia 08 de dezembro, Dia de Nossa Senhora da Conceição, a devota em plena hora da missa solene da santa padroeira de Bocaina foi levada ao Hospital Regional Justino Luz.

“Lá, fui atendida imediatamente na área da COVID e submetida à tomografia. Antes mesmo do diagnóstico, já recebi o auxílio do oxigênio e, em seguida, o resultado de 50% do pulmão comprometido, mesmo nunca tendo sido fumante. Dados os fatores de riscos conhecidos: idade, obesidade e diabetes e talvez muitos desconhecidos. Minha família entrou em pânico e quis me levar imediatamente para Teresina, temendo o tratamento em Picos. Mas colocou nas minhas mãos a decisão final de ir ou fazer o tratamento em Picos”, revelou.

Deolinda declarou que o tratamento no hospital é considerado de excelência e elogiou todos os profissionais que estão incumbidos aos cuidados em salvar vidas.  Por três dias ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva.

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“Tive um tratamento de excelência e vivi a maior experiência particular da minha vida. Eu, que me considerava uma pessoa sadia (nunca tinha tomado um soro). Depois de um dia internada, fui levada diretamente para UTI, onde permaneci por três dias, mais dois dias de internação, depois, na enfermaria”, contou.

“Repito: lá tive um tratamento de excelência, fui muito bem cuidada por profissionais novos, competentes e comprometidos. Todos (as), médico (as), enfermeiro (as), fisioterapeutas, técnico (as) em enfermagem, nutricionistas (nem posso citar todos, pois desconheço todas as profissões envolvidas naquele brilhante trabalho), empenhados em dar o seu melhor.  Foi uma experiência muito forte, sobretudo, porque reencontrei muitos ex-alunos, relembrei de quando, há 42 anos, estava iniciando a minha carreira profissional com apenas 20 anos. Com certeza, também desacreditada por muitos, mas pude sentir que meu trabalho, como professora, não foi em vão”, contou Deolinda.

A importância dos profissionais da saúde no HRJL foi enfatizada pela acadêmica.

“Recebi um carinho especial de todos os profissionais, desde os maqueiros e pessoal da limpeza até os médicos. É complicado citar nomes, mas não poderei deixar de mencionar alguns médicos que me deram atenção absoluta: Bruno Barros, Lucas Cortês, Paulo Moura, Tércio Luz, Álvaro Portela Macêdo, Eduardo Barros, Gilberto Filho, Roberto Carvalho, Rodolfo Carvalho (que esteve a meu lado na UTI) e tantos outros que não os conhecia”, mencionou.

A emoção tomou conta de si ao presenciar a competência e comprometimento das equipes do HRJL.

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“Por várias vezes fiquei extremamente emocionada em ver tantos profissionais competentes e comprometidos. Optei por ficar em Picos e não me arrependi. Deu certo, graças a Deus, ao trabalho e empenho de todos. A máscara de mergulho, adaptada com ventilação não invasiva, a qual fui submetida por 15 horas na UTI (cinco secções, com três horas de duração), segundo me informaram, tem salvado muitas vidas. Saí de lá com o propósito firme de defender o Hospital Regional Justino Luz (que é tão criticado) por todos os meios possíveis. Nada a reclamar, só elogios e aplausos (de pé) para todos os profissionais”, disse Deolinda.

Em defesa da unidade de saúde e dos profissionais que estão diariamente na linha de frente em defesa da vida, Deolinda revela também sua indignação contra o atraso salarial e as súplicas para a regularização.

“Também acho que não posso me calar mediante a situação que pude constatar: os profissionais com seus salários atrasados. Isso é inadmissível! Uma companheira de enfermaria disse que já tinha pedido a todos os parentes para rezarem para os funcionários receberem seus vencimentos. Também sou católica, devota de Nossa Senhora da Conceição, mas sei que não basta rezar. Considero o maior desrespeito que pode existir, e que fere totalmente a dignidade de um trabalhador, é trabalhar e não receber seu salário (na grande maioria das vezes irrisório) no final do mês, principalmente quando se presta tão nobre e perigoso serviço à sociedade. Denuncio esse descaso das autoridades! Seja de quem for a responsabilidade, Senhor Governador, faça cumprir esse direito. Os profissionais da saúde estão brilhantemente fazendo a parte deles. Façam a de vocês”, lamentou chamando atenção das autoridades competentes como Executivo Estadual.

“Finalizo com meus aplausos, de pé, para todos os profissionais do HRJL (área da COVID). Vocês merecem!”, concluiu enaltecendo a responsabilidade e comprometimento dos profissionais do Hospital Regional Justino Luz em Picos.

A presidente da Academia de Letras de Picos, Deolinda Marques permaneceu por cinco dias internada, sendo três deles na UTI e dois dias na enfermaria.

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