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ENTRETENIMENTO

Chambinho fala da fama após Gonzaga e diz ter orgulho de ser “piauiense de coração”

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Ele se tornou conhecido em todo o Brasil pela semelhança com o eterno Rei do Baião Luiz Gonzaga. Interpretou a vida jovem de Gonzagão no cinema no filme que foi sucesso de público e crítica ‘Gonzaga – De pai para filho’. Em temporada em Teresina, Nivaldo Expedito de Carvalho, 35 anos – filho de Expedito e Maria, que são naturais de Várzea Queimada, um povoado de Jaicós, aproximadamente 360 km distante da capital Teresina – ou apenas Chambinho do Acordeon, falou à reportagem O Olho.

Piauiense de sangue, paulista de nascença, aos 8 anos de idade o menino de sorriso farto e uma simpatia incorrigível saiu da correria da cidade grande para a calmaria do sertão. Na terra de seus pais, onde em sua primeira passagem ficou até os 13 anos, aprendeu com seu avô Zezinho, um afinador de sanfona, os primeiros acordes do instrumento que levaria no peito, literalmente, pelo resto da vida.

“Comecei a tocar sanfona aqui no Piauí, quando criança, ganhei uma de 80 baixos. E a minha vida é de idas e vindas entre São Paulo e Piauí”, diz Chambinho, enquanto se apresentava. “Uma ponte aérea constante…”. Depois, demonstrando toda a sua humildade, ele mesmo se corrige: “Ops, que ponte aérea, rapaz? (Risos). Sempre foi de ônibus, três dias de viagem, aquela viagem pesada, mas que me trazem sempre boas recordações”.

Nesta entrevista ele contou, além de boas histórias do início da carreira, como é levar nos ombros a responsabilidade de ter interpretado Luís Gonzaga. Falou do futuro e de como o Piauí é um estado que sempre lhe acolhe bem em suas vindas, seja ou não para fazer shows.

Confira na íntegra:

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O Olho – Você aprendeu a tocar com seu avô, quando veio de São Paulo para o Piauí. Mas qual peso ele realmente teve para sua profissão?
Chambinho – Na verdade tá no meu código genético. Meu bisavô também tocava sanfona, então é uma coisa que passou de geração para geração. O meu avô me ensinou os primeiros acordes, mas assim, ele tocava e dizia, “é aqui, oh” – mostrou gesticulando com os dedos, perto do peito – não pegava o instrumento e dizia, “oh, tem que fazer isso e isso”. Foi pouco o que ele me ensinou, mas foi o suficiente para o início.


Tocar era uma tividade secundária do menino que começou a trabalhar cedo, em São Paulo / Foto: João Alberto/O Olho

O Olho – Mas era você que queria ou era ele que te obrigava a aprender?
Chambinho – Para falar a verdade quem queria era o meu pai, porque ele tocava pandeiro, e se sentia até meio frustrado de não saber tocar sanfona, que era o que ele queria mesmo. Mas por conta da vida, teve que priorizar outras coisas e acabou não aprendendo. Eu queria saber de outras coisas, de jogar bola… mas enfim, os fundamentais foram meu avô e meu pai.

O Olho – E quando voltou à São Paulo, já tinha decidido que era isso que queria fazer?
Chambinho – Não. Eu entendia que tocar um instrumento era uma espécie de sub arte. Porque meu avô era agricultor e tocava, meu tio trabalhava na prefeitura como motorista e tocava, então culturalmente eram sempre duas profissões. Em são Paulo comecei trabalhar bem cedo, aos 14 anos, como office-boy, depois fui trabalhar como metalúrgico e só então aos 20 anos de idade assumi a história de tocar mesmo.

O Olho – Como era a vida profissional antes de interpretar Luís Gonzaga no filme?
Chambinho – Eu trabalhei muito como instrumentista na noite de São Paulo. Eu estudei piano, aprendi cavaco e outros instrumentos. Pelo menos dos 15 aos 20 anos eu tocava MPB, acompanhava os cantores, mas não cantava. Quando assumi a sanfona, integrei um grupo de jovens, na época do boom do forró universitário, que nada mais é do que um forró pé de serra, e foi um estouro em São Paulo. Gravei dois discos com a Banda Caiana, pela Warner Music.  Na sequência fiz parte da banda Pífanos de Caruaru. Depois a gente ganhou um prêmio teen de música regional, só que isso eu ainda como instrumentista. Em 2006 eu falei: “quer saber, vou tentar cantar”, pela insistência de meus parentes aqui no Piauí, que ficavam dizendo que sanfoneiro tinha que catar alguma “coisinha”. Meu primeiro show como cantor – se inclinou um pouco mais para frente e baixou o som da voz – foi em Várzea Queimada, para os meus parentes, e uma coisa curiosa é que foi casando primo com prima, lá, e nesse povoado tem muitos mudos e surdos, então esses mudos e surdos lotaram o clube. É engraçado porque ninguém reclamou – contou e abriu o sorriso.


Músico, apenas aos 26 anos Chambinhos começou a cantar e tocar no shows / Foto: João Alberto/O Olho

O Olho – Depois do filme “Gonzaga de pai para filho”, o que mudou na vida do Chambinho?
Chambinho – Me trouxe uma projeção nacional, veio como um divisor de águas na minha vida. Trouxe também uma confusão, porque as pessoas pensam que eu só atuo, que eu dublo. O segundo sanfoneiro eu tive que tirar da banda, coitado, por que as pessoas achavam que eu não estava tocando. Mas enfim, estou muito feliz com o hoje. Já estou chegando no quarto CD, o projeto é para gravar um de forró e vaquejada. Fui convidado para fazer um outro filme, em que vou ser um dos cangaceiros do Lampião, com um elenco grande. Carol Castro, Antônio Fagundes, uma turma pesada. Sinal que o trabalho de ator deu certo, mas meu carro-chefe é a sanfona.

O Olho – Você disse uma vez que subir no palco para ser você, e para interpretar Luiz Gonzaga, tinha peso diferente. Hoje nos seus shows, ainda sente isso?
Chambinho – Já não tem mais essa responsabilidade. Por exemplo, no filme do Gonzaga, eu subi no palco lá no Marco Zero, em Recife, para aproximadamente 20 mil pessoas. Lá eu estava maquiado, mais escuro, teve um ano de preparação, a voz mais impostada, lógico, tem o respeito. Mas hoje tem um momento no show que eu coloco o gibão, coloco o chapéu e faço um Pot-pourri com músicas do Gonzaga, coisa de 15 minutos. Não é a minha intenção seguir como a ideia de um cover.

O Olho – Essa identidade em que as pessoas lhe assimilam ao Luiz Gonzaga, ajuda ou atrapalha?
Chambinho – Me ajuda muito. Eu gosto. Sinceramente me acho parecido com meu pai, mas o povo diz que eu pareço com o Gonzaga. É muito bom parecer com o ídolo, com uma pessoa que fez a diferença no país. Luiz Gonzaga é o primeiro pop star de que se tem conhecimento nesse país. Realmente não me chateia, faço é gostar.

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O Olho – Qual sua expectativa de futuro na profissão?
Chambinho – É seguir. Hoje graças a Deus, contando com essa projeção do filme, eu faço shows não só no nordeste. Ano passado participei do Brazilian Day, em Nova Iorque, e a perspectiva é tocar sanfona e levar entretenimento. Eu tenho um compromisso muito sério com a cultura, com a música. Eu acho que tem espaço pra todo mundo.


Foto: João Alberto/O Olho

O Olho – Você vai receber um título de cidadão piauiense. Como é isso para você?
Chambinho – Eu sempre me senti, pelo meu código genético, de sangue, um piauiense. Recebi o título de cidadão jaicoense ano passado, e isso só vem confirmar e afirmar. Por onde eu passo falo do Piauí com orgulho, mas também não posso esquecer de São Paulo, porque foi o lugar que eu nasci. Eu me sinto honrado.

O Olho – Quem é Chambinho, hoje, na sua visão?
Chambinho – Chambinho do Acordeon, pra quem não me conhece, continua a mesma pessoa. Só acho que cresci profissionalmente, mas como pessoa continuo o mesmo.

 

O Olho

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