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Propina milionária da Odebrecht deve levar ex-presidente do Peru para cadeia

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Fiscais, membros do Ministério Público e da Polícia Nacional do Peru executaram uma ordem judicial de busca e apreensão na residência do ex-presidente peruano Alejandro Toledo em busca de documentos e indícios de corrupção pelo suposto pagamento de US$ 20 milhões por parte da construtora Odebretch para favorecimento nas licitações para construção dos trechos 2,3 e 4 da estrada Interoceânica, que liga o Brasil ao Peru.

Foram apreendidos diversos objetos na mansão localizada no luxuoso bairro de La Molina, com destaque para um cofre que precisou ser retirado de uma das paredes com o uso de marretas e talhadeiras. Foram recolhidos extratos de contas bancárias, vídeos, bilhetes, dólares numa quantia não divulgada e peças de ouro, além de duas caminhonetas de propriedade de Toledo.

A operação e possível prisão do ex-presidente

A operação começou por volta de 2h30 deste domingo (5) no Peru (23h30 no horário de Brasília) e foi comandada pelo fiscal Hamilton de Castro, da Primera Fiscalía Supraprovincial Anticorrupción, encarregado das investigações que envolvem construtoras brasileiras no marco da Operação Lava Jato.

As autoridades permaneceram na residência durante nove horas e divulgaram extraoficialmente para diversos meios de comunicação locais em que o Ministério Público deverá solicitar ordem de prisão contra Toledo.

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As acusações de corrupção se originaram nas declarações prestadas pelo mais alto executivo da Odebretch no país, Jorge Barata, em acordo de delação premiada assinado com a Justiça peruana.

Negociando a propina

Jorge Simões Barata, engenheiro mecânico natural de Salvador, Bahia, é o CEO  da Odebrecht Latinvest, braço da Odebretch com sede no Peru, dedicada a administrar os investimentos em infraestrutura realizados na América Latina, exceto no Brasil.

Congresso e Ministério Público do Peru Investigam Lava Jato

Segundo Barata, o primeiro encontro com Toledo aconteceu durante a XVIII Reunião de Chefes de Estado e de Governo do Mecanismo Permanente de Consulta e Concertação  Política-Grupo de Río, realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2004.

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Pelo menos mais dois encontros se sucederam em 2004 tendo como intermediário Avraham “Avi” Dan On, chefe de segurança de Toledo.

O primeiro foi no palácio de governo do Peru durante evento social no qual Barata e “Avi”conversaram sobre favorecimentos nas licitações.

O segundo foi na suíte presidencial do Hotel Marriot no Rio de Janeiro. Estariam no encontro o próprio presidente Toledo, o empresário e operador peruano Josef Maiman, os executivos Gideon Weinstein y Sabi Saylan, ambos funcionários de Maiman.

No encontro, foram solicitados US$ 35 milhões de dólares para Toledo favorecer a construtora na concessão das obras da Interoceânica. O pagamento deveria ser depositado em contas das empresas de Maimam e na conta da offshore Ecoteva Consulting Group, criada na Costa Rica pela sogra de Toledo, Eva Fernenbug.

Em junho de 2005, os trechos 2,3 e 4 foram outorgados aos seguintes consórcios internacionais: Odebretch, Graña y Montero, JJC, Ingenieros Civiles y Contratistas Generales ganharam o tramo 2 que liga Urcos a Inambari e o tramo 3 ligando Inambari a Iñapari na divisa entre Peru e Brasil; Andrade Gutiérrez, Camargo Correa, Queiroz Galvao, Upac, Super Concreto y Málaga Hermanos ganharam o trecho 4, ligando a rota Inambari–Azángaro.

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Porém, algumas das bases da licitação que deveriam ser modificadas por Toledo, conforme acordado, se mantiveram inalteradas, levando o grupo a reduzir a propina de US$ 35 milhões para US$ 20 milhões.

No rastro do dinheiro

Documentos apreendidos pelos fiscais anti-corrupção mostram uma série de transferências realizadas entre o Citibank de Londres e o Trend Banck Limited de Brasil pela offshore panamenha “Confiado Internacional” e as empresas Sirlon Dash Consulting Group, Milan Ecotech Consulting, Ecostate Consulting, todas investigadas pelo Ministério Público do país em denúncia que pesa contra a Ecoteva Consulting Group, offshore supostamente criada pela sogra de Toledo, Eva Fernenbug na Costa Rica.

Foram quase US$ 19 milhões movimentados nas contas, segundo a fiscal Elizabeth Parco Mesía.

“Uma vergonha, traição ao Peru”, declara o atual presidente

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Em entrevista a uma rádio colombiana, o atual Presidente da República, Pedro Pablo Kuczynski, declarou que o caso de Toledo é “uma traição ao Peru, uma vergonha”. Em outro trecho, Kuczinsky disse que Toledo deve se colocar à disposição da Justiça e voltar ao país para responder perante os promotores.

Toledo se defende

Alejandro Toledo, economista nascido em 1946 na cidade de Ancash, região andina peruana, governou o país entre julho de 2001 e julho de 2006.

No momento da busca e apreensão realizadas na sua residência, o ex-presidente e sua esposa, a francesa Eliane Chantal Karp Fernenbu, se encontravam de férias em Paris.

Segundo Toledo, o motivo da viagem ao exterior seria também a assinatura de contrato para dar aulas na Universidade de Standford, onde ele próprio estudou, mas parlamentares peruanos afirmam ter confirmado que não existe tal contratação.

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De Paris, em entrevista telefônica para um jornal peruano, Toledo nega as acusações: “Nego de forma absoluta y rotunda”.

Fonte: R7

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