Em 2020, quase 50 pessoas foram vítimas de crimes raciais no Piauí

^{Foto: Arquivo O Dia}

O delegado revela que, apesar dos esforços para promover a igualdade racial no Piauí, esse tipo de crime ainda é comum no Estado, em especial nas redes sociais, onde 40% dos crimes foram registrados. Apesar disso, a maioria dos registros ainda ocorre no âmbito social, seja na família, na escola, no trabalho ou entre amigos.

Em relação ao perfil das vítimas, o titular da Delegacia de Direitos Humanos afirma que não há predominância de gênero, sendo que homens e mulheres são igualmente suscetíveis a sofrerem esse tipo de violência. “Tanto homens quanto mulheres, simplesmente por terem a cor negra, são alvos de preconceito e xingamentos, especialmente naqueles momentos em que a pessoa nem pensa que será alvo de preconceito, em meio a uma discussão ou um inconformismo, de meras desavenças sociais, em que um tenta difamar o outro usando elementos pejorativos”.

Vale destacar que, apesar de visarem a discriminação de indivíduos, os crimes de injúria racial e racismo são diferentes. O racismo é caracterizado por crimes de preconceito e discriminação e atingem toda uma coletividade, impedindo que pessoas tenham acesso ao trabalho, ensino, ou a determinados locais, serviços e direitos pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Já a injúria racial ocorre quando o autor pratica o ato de injúria com o uso de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Neste caso, o crime é direcionado apenas à vítima e não há uma coletividade, como no caso de racismo.

“O racismo propriamente dito, que é a segregação, o impedimento, é mais difícil de ocorrer, porque as punições são mais gravosas. Existe toda uma consciência instalada na população que sabe que existe a lei, e que o racismo é inafiançável e imprescritível, e isso gera essa educação e as pessoas costumam não cometer muito esse delito. Já a injúria racial é muito comum, quase que diariamente recebemos vítimas desse tipo de crime”, finaliza o delegado Sebastião Escórcio.

Um dos casos de racismo de maior repercussão no Piauí ocorreu em 2019, quando uma dentista foi condenada a dois anos de prisão pelos crimes de injúria racial e racismo qualificado. Pelas redes sociais, a acusada proferiu ofensas raciais a uma colega de trabalho  e a filha de apenas um mês.