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POLÍCIA

PM acusado de matar dois homens em bar no Piauí passa por audiência nesta quarta (17)

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A audiência de instrução e julgamento do cabo da Polícia Militar Manoel de Jesus Fernandes, acusado de matar Antônio Bernadino de Oliveira e Deusimar Gomes Siqueira, é realizada nesta quarta-feira (17), em Teresina. O crime aconteceu durante uma discussão em um bar, em fevereiro deste ano.

A sessão iniciou por volta das 9h, na 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, no Fórum Cível e Criminal Desembargador Joaquim De Sousa Neto, Centro da capital. Além do réu, 12 testemunhas devem ser ouvidas.

Vítima de tentativa de homicídio relata crime

A autônoma Ana Raquel Feitosa Leite trabalhava como garçonete no bar em que aconteceu o crime. Durante a discussão, ela foi ameaçada por Manoel de Jesus Fernandes e sofreu uma tentativa de homicídio. Em depoimento, a vítima relatou que o acusado tentou atirar contra ela, mas o disparou atingiu Deusimar Ciqueira, que morreu no local.

“Esse cidadão chegou no bar ao lado já muito alterado, dizendo que era polícia e que ‘tava com vontade de matar um. Ele brigou com uma pessoa no bar ao lado, a pessoa foi embora e ele continuou lá. Depois foi até o bar onde trabalho. Ele não pediu cerveja em nenhum dos dois bares, ia bebendo no copo das pessoas. Já chegou dizendo pra mim ‘você tá com medo de mim, sua vagabunda? Você não tem medo de eu encher sua cara de bala?’. Quem ‘tava lá não entende o que aconteceu”.

De acordo com a vítima, o homem atirou primeiro em Antônio Bernadino de Oliveira, que achava que a arma que o acusado portava não era de verdade.

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“Ele disse pra mim ‘ei, vou dar um tiro no homem de azul, ele não tá acreditando que a arma que tenho é de verdade’, e eu disse ‘moço, não faça isso não’. Chegou o Tchê Tchê Tchê, que tava no bar ao lado, e levantou uma mesa pra jogar nele. Eles então começaram a brigar. Na hora que ele começou a atirar, eu corri pra dentro com medo. Depois ele apontou a arma pra mim, entrou onde eu estava e atirou, aí pegou no outro moço, que ‘tava na minha frente praticamente. Ele morreu no meu lugar”, relatou.

Problemas com álcool e restrição do porte de arma

A policial militar Rosélia Costa, também do 8° BPM, contou que Manoel de Jesus Fernandes chegou a ficar afastado das atividades profissionais por problemas com alcoolismo.

“A gente trabalhava junto, eu tirava a viatura junto com ele. Ele era um bom profissional, não tenho nada a dizer contra a conduta do mesmo. Ele esteve afastado por causa do alcoolismo. Esteve no CAS [Centro de Assistência Social] por quatro a seis meses fazendo o tratamento, não sei dizer quando, mas esteve. Depois voltou. Me falaram que no quartel todo mundo sabe que ele não pode beber porque se envolve em problema”, disse Rosélia.

“Lá no Quartel, ele tinha restrição de pegar arma, justamente pelo problema de alcoolismo. Ele só pegava a arma de instituição para o trabalho, pegava e devolvia. Diferente de mim, por exemplo, que tenho a posse de arma, posso andar armada. Como ele estava de folga, ele usou lá no dia a arma dele mesmo. Isso que não entendo como ele conseguiu comprar uma arma, se já tinha restrição no quartel”, completou Rosélia.

Durante a sessão, foi ouvido também o policial Márcio Roberto Lopes do Santos, lotado no 8° Batalhão da Polícia Militar, onde também trabalhava Manoel de Jesus Fernandes.

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“Não posso dizer que ele é alcoólatra, pois não tenho conhecimento da vida pessoal dele. Eu trabalhei por um bom tempo no administrativo da reserva de armamento, quando conheci ele. Sei que ele esteve no CAS, uma parte da polícia que cuida das pessoas que têm problemas com álcool ou problemas psicológicos”, contou.

“O que fiquei sabendo é que ele tinha sofrido uma cadeirada e tinham tentado tomar a arma dele. Começou nessa situação, os disparos teriam começado por essa situação. Nós ficamos muito tristes pelo fato, porque nos surpreendeu. Eu tinha um contato mais próximo com ele e fiquei surpreso. No trabalho pontual, era uma pessoa respeitadora, que contribuía com a função dele [de forma] normal”.

Protestos de familiares das vítimas

No local, familiares das vítimas protestaram, com cartazes, contra a soltura do acusado após um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça, e pediram justiça — Foto: Ilanna Serena/g1
No local, familiares das vítimas protestaram, com cartazes, contra a soltura do acusado após um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça, e pediram justiça — Foto: Ilanna Serena/g1

No local, familiares das vítimas protestaram, com cartazes, contra a soltura do acusado após um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça, e pediram justiça. Manoel de Jesus Fernandes foi preso em flagrante, minutos após o duplo homicídio, mas deixou a prisão no dia 4 de agosto.

A audiência de instrução e julgamento é um rito processual em que todas as testemunhas, de acusação e defesa, são ouvidas pela Justiça. Ao fim das falas das testemunhas, o juiz deve decidir se o caso será ou não julgado pelo Tribunal Popular do Júri.

PM chegou ao bar armado e embriagado

Segundo o coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, o policial estava de folga no dia do crime e teria chegado ao bar, localizado no bairro Alto da Ressurreição, Zona Sudeste de Teresina, já alcoolizado, portando uma pistola 9 milímetros.

Ao g1, a sobrinha da vítima Antônio Bernadino, Carla Beatriz de Oliveira, relatou que, de acordo com testemunhas, Manoel de Jesus Fernandes ameaçou clientes do bar.

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“O que me informaram foi que esse policial já estava lá, desde cedo, abusando, dizendo que ia pipocar uma pessoa, ameaçando com arma. Todas as testemunhas disseram que ele estava transtornado. E que meu tio, como não era uma pessoa de violência, dizia ‘não, gente, essa arma é de brinquedo, ele não vai fazer nada não’, que não era pra dar atenção pra ele. Me disseram que antes de matar meu tio, o assassinou falou ‘tu tá dizendo que essa arma aqui é de brinquedo? Pois toma’ e atirou”, contou Carla.

Antônio Bernadino de Oliveira, de 48 anos, uma das vítimas — Foto: Arquivo Pessoal
Antônio Bernadino de Oliveira, de 48 anos, uma das vítimas — Foto: Arquivo Pessoal

À Polícia Civil, a dona do estabelecimento informou que, antes dos assassinatos, já havia ligado para o 190 e duas viaturas tinham passado pelo local, mas não haviam parado. O intuito era denunciar a desordem provocada pelo cabo.

“Já tinham ligado desde cedo pra irem nesse bar. Um senhor que tava lá disse que saiu nas ruas procurando uma viatura e achou. Quando ele saiu, não tinha morrido ninguém. Falou ‘tem um policial lá no bar, isso, isso e isso, armado’ e a viatura foi, tanto que ele foi preso em flagrante”, completou a sobrinha de Antônio Bernadino.

No caminho, os policiais da viatura que atendeu a ocorrência chegaram a ouvir os disparos. Ao se aproximarem, encontraram o militar com a pistola na mão, guardando na cintura e tentando ligar a motocicleta para fugir.

Duplo homicídio e duas tentativas de homicídio

Manoel de Jesus Fernandes, de 51 anos, pode responder por duplo homicídio e dupla tentativa de homicídio. Ele é suspeito de matar os dois homens, balear um mototaxista e tentar ferir uma atendente durante uma briga em um bar no bairro Alto da Ressurreição, Zona Sudeste de Teresina.

O crime ocorreu em 25 de fevereiro de 2022. O fato aconteceu em um bar, localizado em frente à escola Mário Covas, na rua Professora Alcira de Carvalho, por volta da meia-noite.

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Segundo o delegado Bruno Ursulino, responsável pela investigação, o cabo Manoel de Jesus enfrenta problemas com o álcool. Por este motivo, o policial foi afastado das atividades externas da corporação.

“Ele responde a vários processos administrativos e teve a arma confiscada. Atualmente, o cabo trabalhava no setor administrativo do 8º Batalhão da PM. No dia do crime, ele estava com uma arma de uso particular e de folga”, explicou Bruno Ursulino.

Decisão do STJ

O acusado foi posto em liberdade na quinta-feira (4), por um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça. O documento foi concedido na última segunda-feira (1º).

Na decisão, o desembargador Olindo Menezes escreve que a prisão preventiva do policial “sustentou-se em decreto abstrato, cujos fundamentos não detalham nenhum fato concreto ocorrido, tampouco especifica os indícios de autoria e materialidade”.

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Fonte: G1 Piauí

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