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Fotógrafa de Pio IX mostra cores, força e resistência da Caatinga em exposição na Alepi
CAATINGA: “é a vegetação que predomina no Nordeste do Brasil e está inserida no contexto do clima semiárido. Os índios, primeiros habitantes da região, a chamavam assim porque na estação seca, a maioria das plantas perde as folhas, prevalecendo na paisagem a aparência clara e esbranquiçada dos troncos das árvores. Daí o nome Caatinga (caa: mata e tinga: branca) que significa “mata ou floresta branca” no tupi. Porém, no período chuvoso a paisagem muda de esbranquiçada para variados tons de verdes”.
A definição acima é do site Associação Caatinga, ela é explicativa e técnica, mas em contraste trazemos também a de alguém que vê o bioma através das lentes de uma câmera e o vivencia de forma particular. “A caatinga seca, que tem uma plástica belíssima, minha preferida artisticamente falando, nada mais é que a prova da força e da resistência”.
As palavras são da fotógrafa natural do município de Pio IX, Rosilândia Melo de Alencar Maia que está com 10 retratos paisagísticos da Caatinga piauiense expostos na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) desde o dia 06 de fevereiro.
Rosilândia é uma dentre os seis piauienses a participarem da exposição “Paisagens do Piauí”, que visa mostrar as belezas naturais do estado através de fotografias.
Uma caatinga colorida e imponente:
Ao ter contato com os retratos de “Rosa da Caatinga” (apelido dado à fotógrafa pelo professor Cineas Santos), é possível notar a expressão de uma Caatinga colorida e imponente, bem diferente daquela seca e sem vida mostrada nos filmes ou revistas por exemplo. Prova disso são as fotografias abaixo: a de um Ipê-roxo bem intenso e vibrante, e a de um vaqueiro que, montado em seu cavalo, se destaca por sua pomposidade.
“Eu sempre quis fugir da cara feia da fome. Desde sempre eu enxerguei essa multidiversidade do nosso bioma. Quando ela se fecha, ou melhor, se cobre, é como vestir uma couraça, para atravessar a escassez de água. Mas logo se veste de cor,” acrescenta Rosa.
A maioria de seus registros são de sua terra natal. Para a exposição ela reuniu o material que já tinha em casa. “Quase todas foram no municipio de Pio IX, ‘O Arrancador de Mandioca’ numa comunidade chamada Serrinha, e a ‘Casa de Farinha’ é da família Queiroz, descendentes de quilombolas”, explicou.
Dona de uma sensibilidade inegável, Rosa nos conta que começou a fotografar aos 13 anos, hoje ela está com 55 e acumula uma vasta variedade de registros.
“Tenho projetos diferentes. Já foi só crianças brincando, expus no Salipi. Já fiz só flora, só artesãos, só insetos (ela ri) vixe, já tenho 55 anos. No Artes de Marcoyno Teresina Shopping foi só a temática de Gonzaguianha. Agora em março vou com o tema Nordeste no Teresina Shopping”.
E quando é questionada do por quê fotografar, a piononense é poética com a resposta. “É como aprisionar um poema, eu olho e me encanto, e me vem o desejo de capturar. Quando me faltam as palavras, o jeito é fotografar”.
Pio IX, lugar de memória:
Há cerca de dois meses, Rosa tem se debruçado na execução de um projeto que busca evocar as memórias do povo de Pio IX através do resgate de fotografias antigas.
“A ideia é despertar o sentimento de pertencimento, de identidade do meu povo. Fazer com que nos encontremos com as nossas origens e valorizemos o que fomos e o que somos, dessa forma todos os piononenses estão garimpando fotografias e me enviando”, pontuou.
Pelo Instagram, no perfil @pioixlugardememoria, há mais de 400 postagens expondo esse acervo fotográfico das antigas.
“São milhares de arquivos chegando. O que mais me chama atenção: o papel fotográfico; a luz obtida pelo fotógrafo; o porte dos fotografados; os figurinos; as poses; o lugar de memória. As fotos pinturas também são fantásticas. As dedicatórias me fazem respirar fundo, isso é um quebra-cabeça da minha própria vida”, disse.
E para quem ficou ansioso para ver esse material, a fotógrafa dá uma boa notícia: “a ideia é em dezembro fazer uma exposição física”, afirmou.
Além disso, há também a promessa de no mês de junho, em Teresina acontecer o lançamento do livro “Poemas para a vida imagens para a alma”. A obra é em parceria com Frank Fortes.
Por fim, Rosa da Caatinga deixa a avaliação de seu trabalho, como todo bom artista ela é exigente, mas também generosa em entender que sua arte é feita para ser apreciada e sentida pelos outros.
“É muito doido porque enquanto estou diante do fotografado acho que pintei o quadro perfeito. Depois que vejo o resultado da fotografia perco o tesão porque o que vi na realidade é tão mais fantástico, que anula a captura, então fico com os relatos das pessoas quando vêem e me falam”.
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