Mais de 3,5 mil estabelecimentos foram interditados e 20 pessoas presas em Teresina

Em um mês de suspensão da maior parte das atividades comerciais em Teresina mais de 3,5 mil estabelecimentos já foram fiscalizados e interditados e pelo menos 20 pessoas foram conduzidas para a Central de Flagrantes pela Guarda Civil Municipal.

São os números oficiais repassados pela própria Guarda Municipal através da assessoria de imprensa da PMT. O decreto de número 19.548, de março deste ano, determinou o fechamento dos serviços essenciais, o que incluiu vários setores do comércio, por uma questão de manutenção do isolamento social e evitar aglomerações.

Este isolamento, numa recomendação das autoridades de saúde em todo o mundo para evitar a propagação do novo coronavírus, no entanto, passou a ser desrespeitado por alguns estabelecimentos. A partir de então iniciou-se uma verdadeira batalha na fiscalização mais rigorosa, partindo da PMT através das SDUS, com acompanhamento da Guarda Municipal e com reforço da Polícia Militar do Piauí (PM-PI).

NÃO ABRA A SUA EMPRESA

De acordo com o decreto, está suspensa qualquer atividade comercial em estabelecimentos na área de serviços e industriais, além do ramo da construção civil, entre outros serviços considerados não essenciais. Recém empossado como novo comandante da Guarda Municipal, o coronel John Feitosa, falou ao OitoMeia sobre as ações para manter o decreto que garante o isolamento, mas percebe que algumas empresas ainda insistem em não cumprir o decreto.

“Nós estamos fazendo com que o decreto municipal seja cumprido. As fiscalizações estão sendo orientadas tanto pelas denúncias da população, que chegam por telefone, como também os dados de isolamento demonstrados pela plataforma InLoco. Ao todo, mais de 3.500 estabelecimentos já foram fiscalizados até agora. Além de lojas e indústrias, estão sendo fiscalizados diariamente locais onde costumam ocorrer aglomerações, agências bancárias e casas lotéricas”, explicou o comandante.

O CASO DO PARQUE PIAUÍ

Neste um mês das ações da Guarda Municipal, tendo apoio da PM-PI, e agora com a Polícia Civil, foi o do empresário Marco de Sales, dono de uma loja de roupas no bairro Parque Piauí. A reportagem do OitoMeia acompanhou o caso, desde a segunda-feira passada, dia 20, divulgando os vídeos de como tudo começou. Marcos estaria descumprindo o decreto, atendendo clientes dentro da loja, segundo constatou a fiscalização da SDU Sul. Ele nega que estaria atendendo alguém. Ao ser abordado, a Polícia considerou que ele cometeu crime de desacato. Ele dizia: “pois me algeme”.

Os PMs prenderam o empresário e o levaram a força para prestar depoimento na Central de Flagrantes. A cena foi gravada e amplamente divulgada. Consideraram que os policiais se excederam ao mobilizar o empresário. Este episódio fez com que vários outros empresários, revoltados com a quarentena porque estão deixando de vender, fizessem protesto pelas ruas e até reabrissem suas lojas como forma de protestar. A PMT, através da Guarda Municipal, não pretende recuar mesmo diante da pressão de algumas pessoas para afrouxar o isolamento.

MAIS DE 20 PESSOAS JÁ FORAM PARA A CENTRAL

Segundo John Feitosa, quem descumprir o decreto e estiver com seu comércio funcionando com atividades que não seja essenciais, pode pagar multa que varia de R$ 1 mil a R$ 3 mil. Até o momento, além do caso do empresário Marcos de Sales, do Parque Piauí, há informação de que pelo menos 20 pessoas já foram conduzidas até a Central de Flagrantes. Todos, vale ressaltar, assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foram liberadas em seguida. Uma dessas pessoas que teve o estabelecimento fechado e foi necessário assinar um TCO foi o ex-superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Piauí (SDE-PI), Landerson Carvalho. Os guardas da PMT receberam uma denúncia no último dia 15 de abril e ao averiguar seu estabelecimento, encontraram o escritório de contabilidade dele funcionando normalmente. Landerson foi autuado, obrigado a assinar um TCO e encerrar as atividades do estabelecimentos.

“Eu não fui encaminhado para a Central de Flagrantes, mas assinei um TCO. A Guarda Municipal chegou ao meu escritório, que estava obedecendo as regras dos órgãos de saúde, e já foram dizendo que eu estava errado e que eu teria que ir para a Central de Flagrantes. Eu disse que não sou nenhum bandido para ser levado à delegacia. Foram pelo menos seis carros de polícia na porta do meu escritório e só saíram do escritório ao meio dia”, disse, afirmando ter ficado decepcionado com a abordagem: “Eu e outros amigos já distribuímos mais de mil máscaras, aventais impermeáveis, centenas de cestas básicas e e 35 mil litros de álcool em gel. Mas a retribuição que a gente recebe é essa: polícia na porta. Não estava errado, pois escritório de contabilidade também é serviço essencial, já que precisamos fazer a contabilidade das empresas que funcionam”, alegou Landerson.

É PRECISO REFORÇAR A CAMPANHA DO “FIQUE EM CASA”

De acordo com o secretário Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), Samuel Silveira, as desobediências têm ocorrido mesmo com todo o rigor e determinações de isolamento social adotadas durante a pandemia. Ele pede que a campanha do “Fique em casa” seja reforçada para garantir que o vírus não se espalhe. Além disso, garante que a Guarda Municipal, juntamente com a Polícia Militar e a Polícia Civil, vão seguir ao lado da fiscalização para evitar o não cumprimento do decreto.

“A gente tem reforçado em todas as abordagens a necessidade do cidadão de ficar em casa. Não esperamos chegar a uma medida drástica, como essa de fechamento permanente dos estabelecimentos, mas pedimos a colaboração das pessoas para que assim a gente consiga evitar a propagação do vírus em nossa cidade”, informou Samuel Silveira.

Fonte: Oito Meia