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Como é a vida de quem tem diabetes e precisa “implorar” por medicamento no Piauí

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Desespero. Esse é o adjetivo citado para descrever a sensação pela qual pacientes, que sofrem de diabetes tipo um, passam diariamente no Piauí. Sem as doses de insulina, que neste caso da doença devem ser tomadas diariamente, três ou quatro vezes ao dia, os portadores podem desenvolver cegueira, AVCs, infartos, amputações de membros. Em casos mais graves, a ausência da medicação pode levá-los à morte. Segundo dados levantados pela Associação do Diabético (Adipi), são pelo menos 200 mil pessoas portadoras da doença no estado.

Esse grupo conseguiu, através da Lei Estadual nº 6.623 em 2014, que o Governo garantisse o tratamento adequado para a doença. Porém, essa realidade está longe acontecer como ficou registrada em papel. A Farmácia do Povo, em Teresina, está há mais de trinta dias sem doses da “insulina Lantus“, é o que denuncia o diabético, Artur Vasconcelos, em uma postagem que fez nas redes sociais na última quinta-feira (21/11).

Paciente afirma que Farmácia do Povo está há 30 dias sem insulina (Foto: Reprodução)

“Sem a insulina, o portador desta condição simplesmente pode entrar em cetoacidose diabética e morrer. Diante desta omissão, a médio e longo prazo, a grande maioria vai certamente desenvolver as temidas complicações que debilitam, matam e oneram ainda mais os cofres públicos […] Ontem, por exemplo, muitas pessoas acordaram na esperança de receber suas insulinas e não receberam. Este foi mais um prazo fictício que mobilizou a Adip e milhares de pessoas”, escreveu o jovem.

OitoMeia conversou com a fundadora da Adip, Jeane Melo, que confirmou as afirmações à reportagem: durante um mês inteiro, os diabétides do estado estiveram sem devida medicação fornecida pelo Governo. Em nota, a Sesapi respondeu à reportagem, que já está em posse de novas doses, e que irá começar a distribuição para pacientes agendados para o mês de novembro justamente neste sábado (23/11).

“PROBLEMAS BUROCRÁTICOS”

“Já tivemos vários problemas com falta de medicamento esse ano. Eles adquiriram a medicação, mas sabemos que não irá durar um mês”, reclama Jeane Melo. Ela é fundadora da Adip e também, mãe de um adolescente de 14 anos portador da diabetes. Para ela, o maior problema está na inconstância com a qual as doses são distribuídas aos portadores da doença. Segundo Jeane, a Sesapi alega ter problemas burocráticos, com licitações e fornecedores, por exemplo, e os pacientes nunca sabem se poderão contar com o medicamento ou não.

A presidente da associação explicou que a Farmácia do Povo tem medicamentos suficientes para atender a população diabética do Piauí até janeiro. Os conflitos com os fornecedores e licitações não permitiram a compra da medicação. Então, as doses, supostamente, foram conseguidas por meio de empréstimos com estados vizinhos. Após esse período o grupo ainda está sem respostas se passarão uma nova temporada apenas a sonhar com as canetas de insulina.

“Esse desespero acontece, inicialmente, por ter medo de não ter dinheiro par comprar a dose de insulina. Mas também é desespero de você depender de um sistema que não atende suas necessidades. Ele se coloca como parceiro, mas essa gestão não trabalha com organização, não prioriza a saúde de cada um”, conta Jeane ao justificar o sentimento que tem em ralação a falta nas doses de insulina. 

A ainda através de nota, a Sesapi garantiu que o estoque de insulinas é suficiente para os próximos meses e que a entrega continua regularmente a partir da segunda-feira (25/11).

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INCERTEZA

“As complicações para quem convive com a diabetes são trágicas e drásticas”, narrou a portadora, Antônia Norma. Portadores da doença crônicas, a maior parte dos diabéticos não sabe como ela se desenvolverá no corpo de cada um. O mau controle da diabetes pode levar à insuficiência renal e necessidade de diálise e transplante de rins, ou à retinopatia diabética, que pode levar a um comprometimento da visão e cegueira. Além delas, há o risco de neuropatia periférica, que é uma complicação associada a dores e dormência em membros inferiores.

“Já passei por todas as fases da doença, e já tive consequências, que podem se agravar nesse momento devido a falta das insulinas, porque tomo dois tipos. Eu preciso delas para viver. As consequências são trágicas e drásticas na minha vida. Estamos fazendo um apelo ao poder pública, porque queremos um posicionamento sobre o que está acontecendo”, relata. 

Além da incerteza sobre o próprio estado de saúde, os pacientes também relatam sofrer com a falta de respostas da Sesapi sobre a disponibilidade de doses de insulina.

“O que tem que acontecer para que alguém faça alguma coisa? Eu ligo todos os dias para a Farmácia e ninguém me dá nenhuma posição. Já estamos há mais de 32 dias sem insulina, comprando sem poder, mas somos obrigadas a comprar”, diz Regina Telma, mãe de um criança diabética. 

Sem conseguir insulina por meio dos hospitais públicos, muitos diabéticos tem optado por comprar insulina por um menor preço – com uma qualidade menor também. Em uma rápida busca na internet, o preço pode variar de R$ 27 à R$ 60. Segundo o site Nexo Jornal, o gasto anual com a doença chega próximo aos R$ 100 bilhões.

Fonte: Oito Meia

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