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PIB potencial do Brasil diminui e analistas pedem mais reformas

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Com a baixa taxa de investimentos da economia brasileira e a falta de reformas estruturais nos últimos anos, economistas apontam que o PIB potencial do País caiu e estaria por volta de 2%. Para que o Brasil voltasse a crescer a taxas mais robustas, esperadas para uma economia emergente, é preciso aumentar a aplicação de recursos em projetos de infraestrutura, simplificar a tributação e reduzir a burocracia, entre tantas outras reformas.
Margarida Gutierrez, professora do Coppead, da UFRJ, aponta que desde 2011 o Brasil entrou em um período de crescimento sistematicamente baixo, associado principalmente à chamada nova matriz econômica promovida pela presidente Dilma Rousseff. “A falta de confiança adiou investimentos, o programa de concessões não deslanchou, temos problemas gravíssimos de infraestrutura, inflação alta e déficit público nas alturas”, afirma.
Para Caio Megale, economista do Itaú Unibanco, desde o milagre econômico da década 1970 o Brasil passa por crises fiscais sucessivas, que tenderiam a ser cíclicas, de curto prazo, mas no caso brasileiro se mostram bastante persistentes. O segundo problema crônico é o baixo nível de investimento, que mesmo nos melhores momentos nunca ficou acima de 20% do PIB de maneira sustentável. Isso, por sua vez, é reflexo da poupança doméstica bastante limitada e a estagnação da produtividade da mão de obra nas últimas décadas.
Ele lembra que, nos últimos 40 anos, o crescimento médio do Brasil foi de praticamente 2%, com exceção da pequena janela entre 2004 e 2010, quando essa taxa subiu para 4,5%. “Foi uma combinação peculiar de fatores, os astros se alinharam para que pudéssemos crescer a essa taxa”, comenta, citando o boom das commodities e a forte expansão da China.
O economista-chefe da Modal Asset Management, Alexandre Ázara, lembra que nos últimos anos os malabarismos fiscais, a leniência com a inflação elevada e as intervenções em determinados setores desincentivaram os investimentos. Atualmente, ele vê uma situação que parece paradoxal, com medidas que tenderiam a ter efeitos contracionistas, mas que, na verdade, podem ajudar o governo a reconquistar credibilidade e, posteriormente, elevar os investimentos privados.
Álvaro Marangoni, sócio da Quadrante Investimentos, também diz que a melhora do superávit primário e um combate mais árduo à inflação podem ser os primeiros sinais para um cenário melhor. “Estamos no caminho certo, mas ainda é muito cedo. Temos a equipe e o plano para melhorar as credenciais perante os investidores, o próximo passo é execução”, afirma.
Para crescer acima da média mundial, o Brasil precisaria elevar seu PIB potencial, ou seja, o ritmo no qual é possível crescer sem gerar um repique na inflação e outros desequilíbrios. Bruno César Araújo, pesquisador do Ipea, afirma que esse é um número difícil de calcular, mas mostra bem o quanto um país “mereceria crescer” com as condições que tem. Ele lembra que, após a estabilização macroeconômica e a abertura comercial dos anos 1990, não houve uma segunda onda de reformas para melhorar o PIB potencial. “O Brasil não cresce e não é produtivo, mas tem umas séries de direitos sociais que vão ficar cada vez mais difíceis de manter”, comenta.
Araújo diz que não tem visto neste início do segundo mandato de Dilma propostas concretas de reformas estruturais. “Precisamos de um pacote de bondades para compensar as maldades anunciadas”, afirma, referindo-se às medidas de aumentos de impostos, cortes de gastos e reformulação de benefícios sociais. Ele diz que é preciso melhorar o ambiente de negócios, reduzir a burocracia, promover uma simplificação tributária, estabilizar regras de competição e combater cartéis em alguns setores.
Na avaliação de Margarida, da UFRJ, vai levar no mínimo dois ou três anos para consertar o que foi desarrumado. Ela afirma que primeiro é preciso diminuir o déficit público, ao mesmo tempo em que se promove uma dura política monetária, fatores que tiram renda real das famílias. “Este ano vamos ter uma queda no PIB, mas é ‘improjetável’, especialmente se houver racionamento de energia e água, e ainda mais com o escândalo na Petrobras.” (AE)

Fonte: Diário do povo do Piaui

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