GERAL
“A dor de hoje é a mesma de quando ele tirou ela de mim”, relata mãe de vítima de feminicídio
Denise Laiane Lustosa tinha 16 anos quando foi assassinada pelo ex-marido em uma parada de ônibus, no Parque Piauí, em 2010. Ele não aceitava a separação e agredia a adolescente fisicamente e verbalmente.
Sete anos depois, em menos de cinco meses, dois casos semelhantes aconteceram na Capital, o da estudante Iarla Barbosa, assassinada pelo namorado, que era tenente do Exército e, mais recentemente, o da estudante Camilla Abreu, morta pelo companheiro, que é capitão da PM. Isso sem contar com as dezenas de outros casos parecidos que acontecem anualmente em todo o mundo e ainda são silenciados.
O que eles têm em comum? O feminicídio, que a cada duas horas mata uma mulher no Brasil. São vidas interrompidas, que deixam a saudade e a indignação no coração dos que ficam. Mães e pais sendo obrigados a viver com a ausência de filhas, cujas vidas foram tiradas por homens.
Foto: Moura Alves/ODIA
A mãe da adolescente Denise Laiane, Meireluce Lustosa, conta como foi continuar a vida sem a filha, sabendo que o autor do crime, atualmente preso, pode sair a qualquer momento. As lágrimas, derramadas durante todo o relato, são apenas uma das consequências que assombram a mãe desde o dia 22 de julho de 2010, quando sua filha foi assassinada.
Hoje, ela está desempregada, vive com o companheiro e cuida dos dois netos, filhos de Denise. Por conta da tragédia, desenvolveu depressão, está vivendo à base de medicamentos, não consegue dormir direito e está acima do peso. “Eu resolvi tirar as coisas da Denise do baú essa semana, antes de saber que essa moça, a Camilla, morreu pelo mesmo crime, desrespeito do homem contra a mulher, feminicídio. Está com mais de sete anos que guardo tudo. Todo ano, no aniversário, eu tiro, lavo, perfumo e guardo de novo. Até as calcinhas dela eu tenho. A dor de hoje é a mesma de quando ele tirou ela de mim. Era uma menina nova, tanta coisa para conhecer”, relata a mãe emocionada.
Na época da tragédia, o filho mais novo de Denise, João Vitor, tinha três meses e a mais velha, Evelin Kelly, um ano. A avó tem cuidado deles desde então e relata que o pequeno não lembra muito da mãe, mas a menina sente muita falta. “Uma vez, o avô deles veio deixar dinheiro e ela não quis receber, disse ‘eu não quero dinheiro, quero é minha mãe’, e é muito triste a gente ouvir isso e não poder fazer nada, porque a Denise não volta. O assassino vai sair da prisão, vai voltar pra sociedade, mas ela não”, conta.
Fonte: O Dia
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