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Estudo de professores impulsiona produção de mel no Estado do Piauí

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A ciência e os pequenos produtores devem estar cada vez mais próximos. Um exemplo disso é a Universidade Federal do Piauí (Ufpi), que possui professores em seus quatro campi atuando de forma muito ativa na apicultura. São quatro professores com doutorado na área e com uma vasta experiência em diferentes assuntos dentro da temática da apicultura, o que leva à otimização do manejo das colmeias.

Em Teresina, o Prof. Dr. Darcet Costa Souza atua há 30 anos coordenando o Setor de Apicultura do Departamento de Zootecnia e contribui na formação de diversos alunos e técnicos que hoje atuam na apicultura, inclusive na formação dos outros três professores da UFPI: Prof. Dr. Laurielson Alencar (Floriano), Prof. Dr. Sinevaldo Moura (Bom Jesus) e Profa. Dra. Juliana Bendini (Picos).

Ciência impulsiona cadeia e apicultura no Piauí. Crédito das fotos: divulgação

Dessa maneira, os quatro professores contribuem na formação de alunos de cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação, além de desenvolverem pesquisas importantes para o desenvolvimento da apicultura e projetos de extensão que promovem, por meio de capacitações e demais ações, o contato direto com os produtores e produtoras do nosso Estado. “Além disso, existem ainda professores que embora não atuem diretamente na apicultura, contribuem muito, de forma indireta e por vezes direta, para o desenvolvimento da apicultura”, explica a professora Juliana Bendini, que atua na considerada capital do mel.

Como, por exemplo, a professora Dra. Maria Carolina de Abreu que é botânica também no campus de Picos, mas atua realizando levantamentos de plantas com potencial apícola. “Esse estudo é de grande importância para que possamos orientar os apicultores a reflorestar suas matas com essas espécies e assim incrementarem seu pasto apícola. Entre tantos outros professores e professoras da nossa Universidade que colaboram sobremaneira para o sucesso da atividade”, avalia Juliana.

Profa. Dra. Juliana Bendini coleta plantas e botões florais.

Além de atuarem no ensino, na pesquisa e na extensão, os professores da UFPI ocupam posições estratégicas para a tomada de decisões no âmbito institucional no que se refere à apicultura. “Os professores Darcet Costa Souza e Laurielson Chaves tem assento na Câmara Setorial de Apicultura do Estado. Já o Prof Sinevaldo faz parte de comissões nacionais para a elaboração de legislações voltadas para a qualidade do mel. E, eu, Juliana, componho a comissão científica da Rota do Mel do Semiárido Piauiense, parte do Programa do Ministério do Desenvolvimento Regional”, ressalta.

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Otimizando a produção durante os meses de seca

Com as pesquisas desenvolvidas pelos professores é possível encontrar soluções para problemas enfrentados na produção. “Nossas pesquisas são muitas vezes realizadas para responderem aos questionamentos e problemas dos próprios apicultores e apicultoras. Por exemplo, uma das linhas de pesquisa que todos nós temos trabalhado diz respeito às estratégias de manejo para a manutenção dos enxames durante o período seco. Manter esses enxames é um grande desafio e um grande gargalo para o desenvolvimento da apicultura já que os apicultores do semiárido, principal região produtora, perdem parte de seus enxames devido às altas temperaturas, falta de chuva e escassez de plantas em florescimento. Assim, as pesquisas podem auxiliar bastante a superar esse período. Podemos citar o exemplo da pesquisa realizada pela Profa Juliana Bendini e sua aluna Catiana Melquíades sobre o efeito da oferta interna de água nas colmeias”, aponta.

Cientistas desenvolvem pesquisas em laboratório.

A recomendação trouxe benefícios. “As autoras observaram que oferecer água dentro das colmeias ajuda a manter as abelhas durante esse período e alguns apicultores que testaram essa proposta estão tendo ótimos resultados. No entanto, são inúmeras as pesquisas que têm impacto direto na cadeia produtiva e elas são realizadas pelos professores dos 4 campi da UFPI”, acrescenta Juliana.

 Capacitação através de projetos de extensão 

As capacitações ocorrem por meio dos projetos de extensão dos professores. “No entanto, não podemos esquecer que existem os órgãos de extensão rural, como o Senar, a Emater e o Sebrae que são responsáveis por essas ações. A UFPI atua muitas vezes em parceria com esses órgãos. Além disso, podemos destacar a atuação do Prof. Laurielson Alencar que atualmente é vice diretor do Colégio Técnico de Floriano e membro da Comissão técnico científica da Confederação Brasileira de Apicultura na área de educação, onde atua como coordenador Geral da Rede e-Tec Brasil/UFPI. O Prof. Laurielson concentra seus esforços na profissionalização dos estudantes e no aprimoramento técnico dos apicultores, tendo sido responsável junto com os demais professores dos demais campi da UFPI pela formação da primeira turma do Brasil de técnicos em apicultura”, revela a professora da Ufpi de Picos.

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Abelhas.O Sistema de Grãos de Pólen do Piauí foi criado pelo Prof. Me. Francisco das Chagas Imperes Filho e seus alunos Thales Bezerra e Beatriz Maia da Silva do Curso de Sistemas de Informação da UFPI, campus de Picos em parceria com a Profa. Juliana Bendini.

Já há alguns anos a professora Juliana tem se dedicado, com seus alunos e com a colaboração da Profa. Maria Carolina de Abreu para a realização de levantamentos de plantas apícolas da região semiárida do Piauí. “Na ocasião, a equipe coleta os grãos de pólen dessas plantas e confeccionam lâminas desses grãos. Cada lâmina microscópica leva o nome da espécie botânica utilizada pelas abelhas. É importante explicar que o grão de pólen corresponde à impressão digital da planta, ou seja, cada planta tem seu grão de pólen. Como as abelhas ao produzirem o mel deixam cair os grãos de pólen no produto, é possível através da análise microscópica dos grãos presentes no mel inferir quanto à sua origem botânica. E assim, é possível realizar estudos sobre os méis de diferentes plantas, como por exemplo o mel de Aroeira, planta nativa da Caatinga, que foi estudado pela engenheira agrônoma Núbia Dannila de Oliveira, ex aluna da Profa Juliana”, relata.

Com isso, é possível valorizar o mel do Piauí e garantir aos importadores a garantia de procedência do produto. “Dessa maneira, o SISPOL reúne todas essas informações sobre as plantas e seus grãos de pólen em um site de acesso gratuito e fácil para estudantes, pesquisadores e pessoas do setor apícola interessadas na origem do mel produzido no Estado. Até o momento são 40 espécies de plantas e de seus grãos de pólen fotografados e descritos, o que ajuda sobremaneira na identificação da origem do mel”, esclarece a professora.

Abelhas precisam de proteção

Considerando que aproximadamente 90% das plantas com flores são polinizadas por animais, e entre esses animais, as abelhas são os principais agentes polinizadores, é indispensável protegê-las. “No entanto, as abelhas estão sofrendo os impactos do crescente avanço do agronegócio, especialmente da cultura da soja. Assim, o uso de agrotóxicos tem causado a morte massal de abelhas por todo o país e no Piauí já houveram alguns relatos. Assim, os professores da Universidade Federal do Piauí têm direcionado suas ações para a conservação das abelhas, realizando pesquisas sobre as abelhas nativas e projetos de extensão”, aponta Bendini.

Produção.

Nesse sentido, a Profa. Juliana em Picos coordena os projetos “Meliponário didático” e “Arraial das abelhas solitárias” estabelecidos no Espaço de Convivência com o Ambiente Semiárido (e-Casa), que tem como objetivo sensibilizar estudantes da rede de ensino básico da região de Picos quanto à importância das abelhas.

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“O referido espaço já recebeu aproximadamente 600 visitantes e as ações de educação ambiental geram também trabalhos de pesquisa que são apresentados em congressos regionais, nacionais e internacionais. O Prof. Darcet em Teresina coordena o projeto de extensão “SOS abelhas sem ferrão” e realizou com seus alunos o levantamento dos criadores de abelhas nativas (meliponicultores) da capital. Já Laurielson coordena um projeto de remoção de enxames de abelhas africanizadas de forma segura na cidade de Floriano.  O Prof Sinevaldo tem estudado as árvores que as abelhas nativas costumam fazer seus ninhos visando a preservação dessas espécies”, finaliza.

Fonte: Fonte: Blog do Lucrécio | Meio Norte

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