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Isolado para evitar Covid-19, professor transplantado dá aulas de judô pela internet

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Quem vê o professor Fabieldo Torres, 39 anos, vestido de quimono se exercitando por mais de meia hora, ao vivo, em transmissão feita pela internet, talvez não saiba que a imagem do homem saudável é de alguém que faz parte do grupo de risco para o novo coronavírus. 

Em 6 de março de 2019, o judoca foi submetido a um transplante de coração. Um ano depois de ganhar uma nova vida, ele agora se isola para preservá-la.

Por conta da sua imunidade, Fabieldo Torres tem vivido preso em casa, nos últimos dias. A Covid-19, que pode ter sintomas apenas de uma gripe para muitos, seria fatal para ele, que foi vice-campeão brasileiro de judô em 2008.

Fotos: Fernando Alves/CBJ

– Eu estou tão isolado que praticamente eu não saio do meu quarto. Tem uma padaria na esquina da minha casa e eu não vou. Quem vai é a minha esposa. E quando é a Sheylla, é álcool em gel, lava as mãos, é o maior cuidado para me proteger, porque sabe que um vírus desse em mim, eu não vou sobreviver. 

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Fabieldo Torres tem uma rotina normal – vê filmes, joga video game… Mas toma uma série de medidas preventivas desde o transplante, como uso de máscaras e evitar aglomerações.

Nesta semana, o professor teria de ir a Fortaleza para fazer uma biópsia cardíaca, necessária para saber se há rejeição do novo órgão. No entanto, o exame foi cancelado – mais um motivo para redobrar a precaução.

Mas o professor tem se preocupado também com seus alunos. Para garantir que todos possam ter não só uma atividade física, mas também ocupem a mente não fiquem ansiosos dentro de casa, Fabieldo Torres resolveu manter suas aulas. Três vezes por semana (segundas, quartas e sextas), às 19h, ele inicia uma transmissão ao vivo pelo Instagram – o perfil é @fabieldo. A aula dura de 30 a 40 minutos e simula movimentos do judô.

– Eu fiquei muito preocupado porque eu tenho alunos que sofrem de ansiedade. Às vezes o professor é psicólogo também. E eu vejo que é um problemão: como é que esse cara vai ficar em casa? Às, 19h, eu faço a “live”, que é uma forma de tentar diminuir a ansiedade deles, já que as pessoas vão ficar dentro de casa, tem que ficar. 

Nas aulas, Fabieldo demonstra estar muito bem fisicamente e recebe elogios dos alunos e colegas, que o parabenizam pela iniciativa.

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O judoca encerra a aula com um momento de meditação e relata sua história com o transplante para encorajar quem também está impossibilitado de sair de casa. Sua quarentena por conta do transplante foi de quatro meses, saindo apenas de casa para o hospital – sempre usando máscaras e evitando aglomerações. Está claro que ele tem experiência de sobra para o momento atual.

– Nessa quartentena aqui eu já sou craque! É aquele negócio, a gente ter aquela disciplina mesmo. Se eu saio de casa, eu vou ter horário para chegar no trabalho, para acordar, para me alimentar… E a gente tem que transferir o máximo possível para essa rotina que estamos passando agora. Se você pensar que tem que passar a manhã dormindo, você vai estar mal fisicamente, vai ficar doente, vai dormir mal durante a noite.

E para quem ainda não entendeu a importância do isolamento social para preservar as vidas de quem integra grupo de risco, como idosos e diabéticos, Fabieldo Torres deixa sua mensagem.

– As pessoas estão mais próximas agora, e isso é importante. É um momento difícil, acho que todo mundo tem de estar junto e não sair de casa. Sou uma pessoa esperançosa. Eu passei por uma situação difícil e acredito que a gente vai sair dessa. Como eu me conscientizei de que estava com um problema, tive que ir atrás de uma solução (transplante). E a solução nossa, da sociedade, primeiramente é ficar em casa. Ter a noção, a consciência de que é algo sério. E se cada um fizer sua parte, a gente pode sair de tudo isso menos arranhados. Vamos passar por um momento difícil, mas a gente pode diminuir essa dor. 

Fonte: Cidade Verde

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